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Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 06/02/2025 Ano 11 Nº 101
Esta edição do boletim traz um resumo da situação referente ao mês de janeiro de 2025, e projeções hidrológicas de fevereiro a setembro de 2025. Ao final de janeiro, os reservatórios do Sistema Cantareira estavam com 52% de seu volume útil, um aumento de 2% em comparação ao mês anterior. No entanto, esse valor é inferior ao registrado no mesmo período de 2024, quando o armazenamento era de 73%. Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira encontram-se na faixa de operação “Atenção” (armazenamento entre 40% e 60%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 31 m³/s. Em janeiro de 2025, a média de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo foi, de aproximadamente, 30 m³/s. Ainda em janeiro, a contribuição do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Jaguari, localizado na bacia do rio Paraíba do Sul, para o reservatório do rio Atibainha, que faz parte do Sistema Cantareira, foi de cerca de 7,3 m³/s. É importante destacar que essa contribuição, proveniente da interligação entre os sistemas, ficou desativada por um longo período e voltou a operar em maio de 2024, conforme a Resolução Conjunta ANA 1.931/17.
A precipitação e a vazão registradas no Sistema Cantareira, no mês de janeiro foram equivalentes a 77% e 50% da média histórica do mês, respectivamente. Atualmente, o Sistema Cantareira encontra-se classificado em seca hidrológica variando entre intensidade moderada e severa, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) nas escalas temporais de 6 e 12 meses, respectivamente. Em comparação com o mês anterior, a situação de seca hidrológica no Sistema Cantareira se intensificou, especialmente na escala temporal de 12 meses. Embora na escala de 6 meses a condição de seca tenha permanecido na mesma faixa de classificação do mês anterior, o valor numérico do TSI tornou-se mais negativo.
Com relação às projeções hidrológicas a partir do modelo PDM/CEMADEN (Probability-Distributed Model/CEMADEN) (Tabela 01), as simulações indicam que, no cenário hipotético de precipitação na média histórica, a vazão afluente média aos reservatórios do sistema Cantareira, nos dois últimos meses da temporada chuvosa de 2025 oscilará em torno de 58 m³/s, o que corresponde a 95% da média histórica deste período. Ainda, considerando o cenário de precipitações na média histórica, o modelo hidrológico projeta um armazenamento no sistema, no final de março, de 67%, na faixa de operação “Normal”. Para um horizonte de tempo maior, entre abril e setembro de 2025, o modelo indica vazão média de 29 m³/s, correspondente a 100% da média histórica, e armazenamento no final de setembro de 2025, de 57%, na faixa de operação “Atenção”.
Ressalta-se que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.

- Tabela 01. Projeções de vazões médias entre o período de fevereiro a setembro de 2025 e volume armazenado no final de março e setembro de 2025, considerando cinco cenários de precipitação: 50% e 25% abaixo da média histórica, na média histórica e 25% acima da média histórica e cenário crítico. As faixas de operação do reservatório estão de acordo com a resolução conjunta da ANA/DAEE Nº 925/2017. Nessas simulações, foi considerado o aporte de 5,13 m3/s proveniente da interligação do Sistema Paraíba do Sul para Sistema Cantareira, de acordo com a Resolução conjunta ANA 1.931/17.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante os meses chuvosos de outubro de 2024 a janeiro de 2025, baseado nas redes pluviométricas que cobrem as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (Figura 1), incluindo 26 pluviômetros do CEMADEN e 7 pluviômetros do DAEE/ SAISP[2], foi 782 mm (8052 mm). Esse valor corresponde a 5% (8%2) acima da média histórica deste período (747 mm), e 70% (72%2) da média histórica para a estação chuvosa, compreendida entre os meses de outubro a março (1119 mm). No mês de janeiro de 2025, quarto mês chuvoso desta temporada, a precipitação acumulada foi 202 mm (2282 mm), equivalente a um valor de, aproximadamente, 77% (87%2) da média histórica para este mês (263 mm).

- Figura 1: Mapa de localização das sub-bacias de captação do Sistema Cantareira incluindo Jaguari-Jacareí, Cachoeira, Atibainha, Paiva Castro (contornos em preto), juntamente com a localização dos pluviômetros operantes nesta região, sendo 21 do CEMADEN (pontos verdes) e 7 do DAEE/ SAISP (pontos magentas).
O Sistema Cantareira encontra-se classificado em condição de seca hidrológica variando entre moderada e severa, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) para as escalas temporais de 6 e 12 meses, respectivamente (TSI-6 = -1,03 e TSI-12 = -1,31) (Figura 2a e 2b). Ainda segundo o TSI, em comparação com o mês anterior, a situação de seca hidrológica no Sistema Cantareira se intensificou, especialmente na escala temporal de 12 meses. Embora na escala de 6 meses a condição de seca tenha permanecido na mesma faixa de classificação do mês anterior, o valor numérico do TSI tornou-se mais negativo. Destaca-se que, embora a bacia tenha apresentado condições de normalidade em alguns períodos desde a crise hídrica de 2014, como entre maio de 2016 e maio de 2017 e entre março de 2023 e fevereiro de 2024, o Sistema Cantareira enfrentou, nos demais períodos após 2014, uma condição de seca, com intensidade variando de fraca a excepcional.

- Figura 2. Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) para o Sistema Cantareira, nas escalas temporais de 6 (a) e 12 (b) meses, entre janeiro de 1981 a janeiro de 2025. A linha vermelha pontilhada indica o limiar entre uma condição de seca hidrológica fraca e moderada à excepcional.
A média de vazão afluente aos reservatórios do Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro), entre os meses chuvosos de outubro de 2024 a janeiro de 2025, de acordo com dados da SABESP[3] e da ANA[4] foi, de aproximadamente, 29 m3/s. Esse valor corresponde a 67% da média histórica deste período (43 m3/s), e 59% da média histórica para a estação chuvosa, compreendida entre os meses de outubro a março (49 m3/s). Para o mesmo período, a extração total média dos reservatórios foi 35 m³/s, enquanto a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 29 m³/s.
No mês de janeiro, a vazão média afluente registrada foi, de aproximadamente, 33 m3/s, o que representa, cerca de 50% da média mensal histórica (66 m3/s). Adicionalmente, em janeiro de 2025, Qesi foi de, aproximadamente, 30 m3/s, e a vazão de jusante (Qjus), que contribui com as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Região do PCJ), foi de, aproximadamente, 2 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi de, aproximadamente, 32 m³/s. Esse valor representa, comparativamente ao mês anterior, uma redução equivalente a, aproximadamente, 1 m3/s. Ainda em janeiro, o aporte médio da interligação alcançou 7,3 m³/s. É importante ressaltar que a operação da interligação, suspensa desde 27 de dezembro de 2022, quando os reservatórios do Sistema Cantareira estavam com apenas 39% de sua capacidade total, foi retomada em 17 de maio de 2024, mantendo uma média mensal de 7,5 m³/s até novembro de 2024, de acordo com o Ofício OA 008/2024.

- Figura 3. Evolução diária do nível de armazenamento (%) do Sistema Cantareira entre o período de março de 2014 a janeiro de 2025. Área em azul corresponde ao volume útil do reservatório (982 hm³), em marrom claro à primeira cota do volume morto (182,5 hm³) e em marrom escuro à segunda cota do volume morto (105 hm³). Fonte dos dados: SABESP.
[2] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
[3] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[4] ANA: Agência Nacional de Águas.
Previsão de chuva
A região da bacia de captação do Sistema Cantareira se encontra em pleno período chuvoso, caracterizado por precipitações relativamente frequentes e abundantes. Especificamente para os próximos 10 dias (Figura 4), as previsões do modelo GEFS/NOAA (50x50 km) indicam condições de chuva, predominantemente em forma de pancadas, com maior probabilidade de ocorrência durante a tarde e noite. Os acumulados totais previstos estarão, muito provavelmente, próximos ou abaixo dos valores médios para o período. Para a segunda semana (Figura 5), são esperadas precipitações com volumes totais inferiores à média histórica para esta época do ano.

- Figura 4. Previsão de precipitação acumulada em milímetros (mm) nos próximos 3 (esquerda) e 10 (direita) dias para a bacia de captação do Sistema Cantareira, segundo a previsão do modelo numérico GENS/NOAA. A área da bacia de captação do Sistema Cantareira é indicada no centro da figura com linha preta espessa.

- Figura 5. Previsão de precipitação em milímetros (mm) acumulados (esquerda) e sua respectiva anomalia em relação aos valores climatológicos (direita) para a segunda semana de acordo com o modelo numérico GENS/NOAA.
Projeções de vazão afluente para os próximos meses
A Figura 6 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (04 a 13 de fevereiro de 2025) e, a partir do dia 14 de fevereiro foram considerados cinco cenários hipotéticos de precipitação: média histórica (1981-2024), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (meses chuvosos: fevereiro a março de 2017; e meses secos: abril a setembro de 2024).
As simulações indicam que, no cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente média, correspondente aos últimos dois meses chuvosos de 2025 será em torno de 58 m³/s, o que representa 95% da média histórica para este período. Adicionalmente, para os cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações projetam vazões da ordem de 45 m3/s (73%) e 34 m3/s (55%), respectivamente. Além disso, no cenário de precipitação crítica, ocorrido em 2017 (54% da média histórica), o modelo hidrológico aponta vazão média em torno de 40 m3/s, correspondente a 65% da média do período. Por outro lado, em um cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, o modelo indica vazão média de 71 m3/s, equivalente a 16% acima da média histórica deste período. Destaca-se que, exceto no cenário de precipitações 25% acima da média histórica, o modelo hidrológico projeta vazões inferiores à média histórica para o período.
Considerando um horizonte de tempo maior, entre os meses secos de abril a setembro de 2025, de acordo com as projeções, para o cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente ficará em torno de 29 m³/s, equivalente a 100% média histórica para este período. Nos cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações apontam vazões da ordem de 19 m³/s (65%) e 11 m³/s (40%) da média, respectivamente. Em um cenário de chuvas 25% acima da média histórica, o modelo projeta uma vazão média vazão média de 39 m³/s, caracterizando um valor de 35% acima da média histórica deste período. Um resumo de tais valores também podem ser visualizado na Tabela 1.

- Figura 6. Histórico (linhas contínuas) e simulação de vazão média mensal (em m³/s) afluente ao Sistema Cantareira (linhas tracejadas) considerando a previsão e cinco cenários de precipitação: 50% (verde) e 25% abaixo da média histórica (azul claro); na média histórica (cinza) e 25% acima da média histórica (azul escuro) e cenário crítico (laranja). As linhas espessas representam as vazões médias mensais observadas, de acordo com a SABESP: média histórica (preto); mínimos mensais (marrom); série de outubro de 2023 a setembro de 2024 (magenta); e série de outubro de 2024 a janeiro de 2025 (roxo).
Projeções de volume armazenado para os próximos meses
A Figura 7 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: (i) previsão e projeções de vazão afluente; (ii) vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017 (foram aplicados valores médios entre as faixas); (iii) aporte médio de 5,13 m3/s proveniente da interligação entre o Sistema Paraíba do Sul e o reservatório Atibainha durante os meses de fevereiro a setembro de 2025, conforme a Resolução Conjunta ANA 1.931/17 e; (iv) vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) de 4,9 m³/s e 9,4 m³/s para estação chuvosa e seca, respectivamente, valores médios referentes ao período de 2023/2024.
Considerando um cenário hipotético de precipitação na média histórica, por exemplo, as projeções indicam que, os reservatórios estariam no final da temporada chuvosa de 2024/2025 (março de 2025) na faixa de operação “Normal” (armazenamento entre 60% e 100%), com 67% do seu volume útil” (Tabela 01). Por outro lado, nos cenários de precipitação 25% e 50% abaixo da média, os reservatórios continuariam, no final de março, na faixa de operação “Atenção”, com 60% e 55% do volume útil, respectivamente. Adicionalmente, para o cenário de precipitação crítica, igual ao ocorrido em 2017, o volume projetado pelo modelo hidrológico no final de março é de 58% da capacidade total do sistema, também na faixa de operação “Atenção”. Por fim, no cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, o modelo indica que os reservatórios estariam no final de março de 2025 na faixa de operação “Normal”, alcançando um valor de 73% da capacidade total.
Considerando um horizonte de tempo maior, para o cenário hipotético de precipitação na média histórica, as projeções indicam que, os reservatórios estariam no final do horizonte de projeções (30 de setembro de 2025), na faixa de operação “Atenção”, com 57% do seu volume útil. Nos cenários de precipitação 25% e 50% abaixo da média, os reservatórios estariam, no entanto, ao final de setembro, nas faixas de operação “Alerta” e “Restrição”, com 38% e 25% do volume útil, respectivamente. Adicionalmente, para o cenário de precipitação crítica, igual ao ocorrido em 2024 (35% da média histórica), o volume projetado pelo modelo hidrológico no final de setembro é de 36% da capacidade total do Sistema, também na faixa de operação “Alerta”. Em um cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, o modelo indica que os reservatórios estariam até o final do horizonte de projeções na faixa de operação “Normal”, alcançando um valor de 79% da capacidade total, em 30 de setembro.
Salienta-se que, para o cenário de precipitação igual a média histórica, entre abril e setembro de 2025, o volume armazenado no Sistema Cantareira, no final do horizonte de projeção (setembro), estaria na mesma faixa de operação que à atual, porém em um patamar superior comparativamente ao registado no mesmo período de 2024 (51%, faixa de operação “Atenção”).
É importante destacar que, esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.

- Figura 7. Projeções de armazenamento do Sistema Cantareira (linhas tracejadas) para cinco cenários de precipitação: 50% (verde) e 25% (azul claro) abaixo da média histórica, na média histórica (cinza) e 25% acima da média histórica (azul escuro) e cenário crítico (laranja). Nessas simulações foi considerada uma vazão média de aporte da interligação com a bacia do rio Paraíba do Sul de 5,13 m³/s, entre fevereiro e setembro de 2025, de acordo a Resolução conjunta ANA 1.931/17. A linha magenta mostra a evolução do armazenamento observado do Sistema Cantareira de outubro de 2023 a setembro de 2024 e a linha roxa no período outubro de 2024 a janeiro de 2025. As faixas coloridas referem-se às faixas de operação do reservatório de acordo com a resolução conjunta da ANA/DAEE Nº 925/2017.