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Situação Atual e Projeção Hidrológica para o Sistema Cantareira 05/01/2024 Ano 9 Nº 88
Esta edição do boletim traz um resumo da situação referente ao mês de dezembro de 2023, e projeções hidrológicas de janeiro a março de 2024. O armazenamento dos reservatórios do Sistema Cantareira, no final de dezembro, foi de 72% do volume útil total. Esse valor representa uma redução de 2% em relação ao final do mês anterior, e uma situação melhor quando comparado ao mesmo período do ano de 2022 (42%). Com a situação atual de armazenamento, os reservatórios do Sistema Cantareira encontram-se na faixa de operação “Normal” (armazenamento entre 60% e 100%)[1], cuja máxima vazão de extração para o atendimento da demanda hídrica da região metropolitana de São Paulo é 33 m³/s. Em dezembro de 2023, a média de extração para o abastecimento da região metropolitana de São Paulo foi, de aproximadamente, 28 m³/s. Ressalta-se que, com o atual nível de armazenamento superior a 60%, a contribuição proveniente do reservatório da Usina Hidrelétrica (UHE) Jaguari, na bacia do rio Paraíba do Sul, para o reservatório do rio Atibainha, integrante do Sistema Cantareira permanece suspensa, de acordo a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017.
A precipitação e a vazão registradas no Sistema Cantareira, no mês de dezembro, foram equivalentes a 37% e 55% da média histórica do mês, respectivamente. Atualmente, o Sistema Cantareira encontra-se classificado em condição de normalidade em relação a seca hidrológica, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) em ambas as escalas temporais, de 6 e 12 meses. Condição essa similar à registrada no mês anterior.
Com relação às projeções hidrológicas a partir do modelo PDM/CEMADEN (Probability-Distributed Model/CEMADEN) (Tabela 01), as simulações indicam que, no cenário hipotético de precipitação na média histórica, a vazão afluente média aos reservatórios do sistema Cantareira, entre os meses de janeiro a março de 2024, seria de 56 m³/s, o que representa 89% da média histórica para este período. Ainda, considerando o cenário de precipitações na média histórica, o modelo hidrológico projeta que o armazenamento no sistema, no final de março de 2024, estará na faixa de operação “Normal”, com 88% do seu volume útil, condição ligeiramente superior ao mesmo período de 2022 (82%).
Ressalta-se que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.
Situação atual do Sistema Cantareira
A precipitação acumulada durante os meses chuvosos de 2023, de outubro a dezembro, baseado nas redes pluviométricas que cobrem as sub-bacias de captação do Sistema Cantareira (Figura 1), incluindo 26 pluviômetros do CEMADEN e 7 pluviômetros do DAEE/ SAISP[2] foi 540 mm (5532 mm). Esse valor corresponde a 12% (15%2) acima da média histórica deste período (480 mm), e 48% (50%2) da média histórica para a estação seca, compreendida entre os meses de outubro a março (1115 mm).
No mês de dezembro de 2023, a precipitação acumulada foi de 78 mm (752 mm), equivalente a um valor de, aproximadamente, 37% (36%2) da média histórica para este mês (208 mm). O Sistema Cantareira encontra-se classificado em condição de normalidade em relação a seca hidrológica, de acordo com o Índice Padronizado Bivariado Precipitação-Vazão (TSI) para as escalas temporais de 6 e 12 meses (TSI-6 = -0,32; TSI-12 = -0,07) (Figura 2a e 2b). Ainda de acordo com o TSI, a atual condição no Sistema Cantareira representa uma estabilidade em relação ao mês anterior. Ressalta-se que, apesar da condição atual de normalidade que se repete desde março de 2023, o Sistema Cantareira enfrentou condições de seca hidrológica crítica, variando de fraca a excepcional, desde o início de 2012 (à exceção dos meses entre maio e 2016 e maio de 2017).
No mês chuvoso correspondente a dezembro de 2023, a média de vazão afluente registrada foi, de aproximadamente, 26 m3/s, o que representa, cerca de 55% da média mensal histórica (46 m3/s).
A média de vazão afluente aos reservatórios do Sistema Cantareira (Sistema Equivalente + Paiva Castro), nos meses chuvosos de 2023, entre outubro e dezembro de 2023, de acordo com dados da SABESP[2] e da ANA[3] foi, de aproximadamente, 38 m3/s. Esse valor corresponde a, aproximadamente, 8% acima da média histórica deste período (35 m3/s) e 77% da média histórica para a estação chuvosa (49 m3/s). Para o mesmo período, a extração total média dos reservatórios foi 33 m³/s, enquanto a média de extração de água do Sistema Cantareira para o elevatório Santa Inês (Qesi), que abastece a região metropolitana de São Paulo, foi 27 m³/s.
Adicionalmente, em dezembro de 2023, Qesi foi de, aproximadamente, 28 m3/s, e a vazão de jusante (Qjus), que contribui com as bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (Região do PCJ), foi de 6 m³/s. Juntas, estas duas vazões representam a extração total do sistema Cantareira, que foi de, aproximadamente, 34 m³/s. Neste mês, o aporte proveniente da interligação com o Sistema Paraíba do Sul para o reservatório Atibainha, manteve-se desativado, uma vez que, o armazenamento foi superior a 60% da capacidade total (em acordo com a Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017). Ressalta-se que, a interligação foi suspensa em 27 de dezembro de 2022, quando o volume registrado nos reservatórios do Sistema Cantareira era de 39% da capacidade total.
O Sistema operou no dia 31 de dezembro de 2023 com, aproximadamente, 72% do volume útil total (982 hm3), na faixa de operação “Normal” (nível de armazenamento entre 60% e 100%), de acordo com o estabelecido pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017. O volume atual no Sistema Cantareira caracteriza uma redução de 2% em relação ao final do mês anterior e uma situação melhor que no mesmo período do ano de 2022 (42%, na faixa de operação “Atenção”). Adicionalmente, representa uma condição significativamente melhor ao apresentado no período pré-crise, em dezembro de 2013 (27%, na faixa de operação “Restrição”), como pode ser observado na ( Figura 3 ).
[1] DAEE / SAISP: Departamento de Águas e Energia do Estado de São Paulo / Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo.
[2] SABESP: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo/Situação dos Mananciais.
[3] ANA: Agência Nacional de Águas.
Previsão de chuva
A região da bacia de captação do Sistema Cantareira se encontra no auge do período chuvoso. Em termos gerais, a estação chuvosa da Região Sudeste não é influenciada, pelo menos de forma clara, pelo fenômeno do “El Niño”, atualmente em curso; e que ainda deve permanecer durante os próximos meses. Em particular, para os próximos 10 dias (Figura 4) as previsões baseadas no modelo GENS/NOAA (50x50 km) apontam ocorrência de precipitações na bacia, fundamentalmente em forma de pancadas, com volumes totais que estarão, provavelmente, próximas aos valores médios da época. A tendência para a segunda semana (Figura 5), igualmente indica precipitações principalmente em forma de pancadas e com volumes totais próximos à média histórica.Projeções de vazão afluente para os próximos meses
A Figura 6 apresenta as médias mensais de vazão afluente observada e, na sequência, projeções de vazão usando a média dos membros de previsão (03 a 12 de janeiro de 2024) e, a partir do dia 13 de janeiro foram considerados cinco cenários hipotéticos de precipitação: média histórica (1981-2022), 25% acima da média, 25% e 50% abaixo da média histórica e cenário crítico (janeiro a março de 2014).
As simulações indicam que, no cenário de chuva na média histórica, a vazão afluente média de janeiro a março de 2024 seria em torno de 56 m³/s, o que representa 89% da média histórica para este período (63 m3/s). Adicionalmente, para os cenários de precipitações 25% e 50% abaixo da média histórica, as simulações projetam vazões da ordem de 38 m3/s (60%) e 23 m3/s (37%), respectivamente. Além disso, no cenário de precipitação crítico, ocorrido 2014 (56% da média histórica), o modelo hidrológico aponta vazão média de 29 m3/s, correspondente a 46% da média do período. Por outro lado, em um cenário de chuvas mais otimista, 25% acima da média histórica, o modelo indica vazão média de 75 m3/s, equivalente a 18% acima da média histórica deste período. Um resumo de tais valores também podem ser visualizado na Tabela 1.
Projeções de volume armazenado para os próximos meses
A Figura 7 apresenta as projeções da evolução do volume útil armazenado nos reservatórios do Sistema Cantareira utilizando: (i) previsão e projeções de vazão afluente; (ii) vazão de extração para a estação elevatória Santa Inês (Q esi) de acordo com as regras condicionais estabelecidas pela Resolução conjunta ANA/DAEE Nº 925/2017 (foram aplicados valores médios entre as faixas); (iii) aporte médio de 5,13 m3/s proveniente da interligação entre o Sistema Paraíba do Sul e o reservatório Atibainha, apenas para volume armazenado inferior a 60% da capacidade total e; (iv) vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí) de 7,0 m³/s e 3,2 m³/s para estação seca e chuvosa, respectivamente, valores médios referentes ao período de 2022/2023.
Considerando um cenário hipotético de precipitação na média histórica, por exemplo, as projeções indicam que, os reservatórios do Sistema Cantareira estariam no final da estação chuvosa de 2024, na faixa de operação “Normal” (armazenamento entre 60% e 100%), com 88% do seu volume útil (Tabela 01). Nos cenários de precipitação 25% e 50% abaixo da média, os reservatórios ainda na faixa de operação “Normal” chegariam, ao final de março de 2024, com 73% e 62% do volume útil, respectivamente. Adicionalmente, para o cenário de precipitação crítico, igual ao ocorrido em 2014, o volume projetado pelo modelo hidrológico, no final de março de 2024, é de 66%. Para um cenário de precipitações mais otimista, igual a 25% acima da média, as projeções mostram que o volume armazenado poderá atingir 100% da capacidade total do sistema.
Ressalta-se que esses cenários podem ser modificados de acordo com mudanças na vazão de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul, bem como as extrações do Sistema a serem praticadas pelo operador, nos próximos meses.