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MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – SETEMBRO/2022
Sumário
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de setembro indica a permanência de condição de seca moderada a severa principalmente no Acre, Amazonas, Espírito Santo e em Minas Gerais. Entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais também foram observadas condições de seca extrema.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens ( agroprodutivas ), 1.073 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de agosto. O Acre foi o estado mais afetado, quase 100% dos municípios foram impactados pela seca, sendo que 17 deles com impacto da seca superior a 60% da área agroprodutiva. Outro destaque foi o estado do Piauí que apresentou 65 municípios c om impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos referente ao mês de setembro de 2022, destaca-se, na região Sul do país, a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu numa condição de seca hidrológica extrema (de acordo com SSFI), que vem registrando, consecutivamente, vazões inferiores à média histórica desde dezembro de 2018. Em setembro, a vazão média em Itaipu foi equivalente a 79% da média histórica, valor ligeiramente superior ao registrado no mês anterior. No Sudeste do país destaca-se o Sistema Cantareira uma condição de seca hidrológica Severa, onde foi registrada vazão afluente de 79% da média histórica do mês, enquanto o armazenamento nos reservatórios encerrou o mês com 32% do volume útil (faixa de operação “Alerta”), o que representa uma redução de 1% em relação ao mês anterior, e situação pior que no mesmo período pré-crise. Ainda na Região Sudeste, a UHE Furnas, que se encontra numa seca hidrológica Fraca, registrou vazão equivalente a 70% da média do mês, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 60% do volume útil (faixa de operação “Normal”). Na UHE Três Marias também na região Sudeste, que apresenta uma condição normal em relação a seca hidrológica, foi registrado vazão cerca de 82% da média histórica, e o reservatório finalizou o mês de setembro com 62% do volume útil (faixa de operação “Normal”). Na Região Centro-Oeste, a vazão na UHE Serra da Mesa, também classificada numa condição de seca hidrológica normal, foi 77% da média, e o nível de armazenamento do reservatório, no final de setembro, atingiu 58% da capacidade total (faixa de operação “Normal”). Ainda no Sul, na UHE Segredo que atualmente apresenta condição se seca hidrológica Normal foi registrada vazão superior à média histórica (145%) e volume útil de 100%. Em contrapartida, nas UHEs Barra Grande e Passo Real que também apresentam uma condição de normalidade em relação a seca hidrológica, foi observado uma queda tanto na vazão (29% e 48% da média histórica, respectivamente) bem como no volume armazenado nos reservatórios, finalizando o mês com 66% e 69% da capacidade total, respectivamente.
Os indicadores oceânicos e atmosféricos mostram um episódio de La Niña atuando. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar até o início de 2023, enfraquecendo paulatinamente até lá. É importante recordar que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas atualizadas a partir das condições em setembro/2022) concordam em prever, durante OND/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão do modelo do Centro Europeu (ECMWF), iniciada em outubro/2022, aponta que seca nestas regiões também, mais intensa para o Rio Grande do Sul. As previsões subsazonais 3 (3a - 4 a semana: final de outubro até início de novembro) indicam chuva abaixo da média nos estados da Região Sul.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: SETEMBRO/2022
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de setembro de 2022 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita). O IIS-3 é indicado para avaliação dos impactos da seca na agricultura, especialmente para culturas de ciclo curto (até 90 dias). O IIS-6, por sua vez, representa as condições de seca considerando os últimos 6 meses, portanto, indica a condição de déficit hídrico de médio prazo.
Saiba mais sobre o IIS
O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI). O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar diferentes tipologias de seca considerando diversas escalas de tempo e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica. O
SPI é calculado a partir de dados de precipitação provenientes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993), considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses.
O índice VHI (
NOAA/NESDIS) é um índice de condição da vegetação, calculado a partir de dados de NDVI e temperatura de brilho.
O VHI é disponibilizado em uma escala de valores de 0 a 100, em que valores abaixo de 40 indicam condição de estresse vegetativo. A ADS é um
produto do satélite GRACE e descreve a Água Disponível no Solo (ADS) em várias profundidades.
O IIS é calculado como uma média dos índices SPI3, AUS e VHI igualmente classificados por categorias de seca. Na composição final do IIS, o SPI3 representa a seca já estabelecida, a AUS indica a seca já afetando a água no solo e possível impacto na vegetação e o VHI indica as áreas onde a seca já está impactando a vegetação.
O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de setembro e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30).
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (
Vegetation Condition Index
) e o TCI (
Temperature Condition Index
). O VHI permite identificar o início/fim da condição de estresse vegetativo, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Agosto/2022
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 (Figura 5) para as bacias afluentes aos reservatórios das UHEs Serra da Mesa (CentroOeste) bem como Furnas e Três Marias (Sudeste) apresenta uma situação de seca variando de fraca a severa. Na bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 aponta para uma condição variando de normal à seca severa. Ressalta-se que, a porção ao sul da bacia do rio Paraná se encontra numa condição melhor que as regiões de cabeceira, ao norte. Para as sub-bacias das UHEs localizadas na bacia do rio Paraná, como, Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara, o IIS-6 também apresenta condição variando entre normal (em grande parte da sub-bacia de Capivara) e seca severa (na porção leste da sub-bacia de Nova Ponte). Nas bacias localizadas mais ao Sul do país, incluindo as UHEs Segredo, Barra Grande e Passo Real, pode ser observada uma condição variando de normal à fraca, condição similar ao mês anterior.
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REGISTRO DE IMPACTOS
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Para mais informações fale conosco: secas@cemaden.gov.br