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MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – MAIO/2022
Sumário
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de maio aponta a permanência de seca fraca em todos os estados da região Norte, Centro-Oeste, Sudeste, além da Bahia. Seca moderada a severa foi observada na região central do Brasil indo da parte central de MG, passando por DF, GO e MT. Os cenários de IIS para o mês de junho (com chuvas 30% abaixo ou 30% acima da média) apontam para a permanência de condições de seca fraca em grande parte do país, exceto no Sul e parte do Nordeste, com condição de seca moderada principalmente na região central de MG, GO e MT.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 1.419 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de maio. Os estados de Minas Gerais e São Paulo foram os que tiveram os maiores números de municípios com 40% ou mais de áreas agroprodutivas afetadas. Minas Gerais foi o estado que teve mais municípios com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva (30).
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destaca-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, que vem registrando, consecutivamente, vazões inferiores à média histórica desde dezembro de 2018. No mês de maio de 2022, a vazão média em Itaipu foi equivalente a 59% da média histórica. Na Região Centro-Oeste, a vazão natural na UHE Serra da Mesa foi 74% da média, e o nível de armazenamento do reservatório, no final de maio, atingiu 66%. Na Região Sudeste, a UHE Furnas registrou, no mês de maio, vazão equivalente a 66% da média histórica do mês, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 86% do volume útil. Na UHE Três Marias, também na região Sudeste, foi registrado vazão natural em torno da média histórica, e o reservatório finalizou o mês de maio com 84% do volume útil. Ainda no Sudeste do país, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 50% da média, e o armazenamento finalizou com 42% do volume útil (faixa de operação “Atenção”), situação pior que no mesmo período pré-crise (59,2% no final de maio de 2013).
Os indicadores oceânicos e atmosféricos avaliados durante o mês de maio mostram que o atual episódio de La Nina ainda está em fase final. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar até setembro de 2022, enfraquecendo paulatinamente. É importante recordar que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas atualizadas a partir das condições em maio/2022) concordam em prever, durante JAS/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão JAS/2022 do modelo do Centro Europeu (ECMWF), também aponta para um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. As previsões subsazonais de chuva consultadas (3a - 4a semana: início até meados de julho) indicam maiores chances para chuva abaixo da média nos estados da Região Sul.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: MAIO/2022
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de maio de 2022 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
Saiba mais sobre o IIS
O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: maio em relação a abril.
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de maio e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (
Vegetation Condition Index
) e o TCI (
Temperature Condition Index
). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Maio/2022
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para as bacias afluentes aos reservatórios das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste) e Furnas (Sudeste) apresenta uma situação de seca hidrológica variando de fraca a severa, enquanto Três Marias (Sudeste) variando entre uma condição normal e seca moderada (Figura 5). Para o Sistema Cantareira (Sudeste), o IIS-6 indica condições de seca entre moderada a severa. Na bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 aponta para uma condição variando de normal a seca severa. Para as sub-bacias das UHEs localizadas na bacia do rio Paraná, como, Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara, o IIS-6 apresenta condição variando entre normal a seca severa. Nas bacias localizadas na Região Sul do país, incluindo as UHEs Segredo, Barra Grande e Passo Real, pode ser observada uma condição variando de normal a fraca, indicando uma situação melhor em relação ao mês anterior (fraca a moderada). Destaque para a UHE Passo Real, cuja área total da bacia, se encontra em uma condição normal em relação a seca hidrológica, de acordo com o IIS-6.
Na Região Sudeste, o SSFI-12 indica que o Sistema Cantareira se encontra em condição de seca hidrológica extrema (SSFI-12 = -1.9), mesma situação quando comparada ao mês anterior. As bacias das UHEs Serra da Mesa e Três Marias apresentam condição normal, e a UHE Furnas em condição de seca hidrológica fraca (SSFI-12 = -0.7), no mês de maio. Ressalta-se que as bacias hidrográficas afluentes a estas UHEs vêm enfrentando condições críticas, em termos de disponibilidade hídrica, desde 2014, ano em que ocorreu a grande seca na Região Sudeste do Brasil, como se observa na Figura 6. No entanto, os eventos de chuvas extremas que ocorreram no Sul da Bahia e norte de Minas Gerais, durante estação chuvosa 2021/2022, contribuíram na melhoria das condições destas três bacias.
Na bacia do rio Paraná, as UHEs Capivara e Jurumirim apresentam condição de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 ≤ -2.0) para o mês de maio, situação similar ao mês de abril. As bacias afluentes às UHEs Nova Ponte, Itumbiara e Marimbondo apresentam condição de seca hidrológica variando de fraca a severa (SSFI-12 = -0.6, -0.8 e -1.4, respectivamente). Ainda no mês de maio, destaque para a bacia afluente à UHE Emborcação em uma condição de seca hidrológica normal (SSFI-12 = -0.1), desde abril de 2022.
Na Região Sul, em maio, as bacias hidrográficas afluentes às UHEs Barra Grande e Segredo apresentaram condição de seca hidrológica variando de fraca a moderada (SSFI-12 = -0.5, -1.2, respectivamente), situação melhor comparada ao mês anterior (severa). Destaque para UHE Passo Real que, atualmente, encontra-se numa condição considerada normal em relação a seca hidrológica, de acordo com SSFI-12. Especial atenção para a UHE Itaipu que se encontra em condições de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 = -2.5) pelo 18º mês consecutivo, e vem enfrentando condições de seca hidrológica desde dezembro de 2018.
E. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
Os indicadores oceânicos e atmosféricos avaliados durante o mês de maio mostram que o atual episódio de La Nina ainda está em curso. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar até setembro de 2022, enfraquecendo paulatinamente. É importante recordar que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas atualizadas a partir das condições em junho/2022) concordam em prever, durante JAS/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão JAS/2022 do modelo do Centro Europeu (ECMWF), também aponta para um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. As previsões subsazonais de chuva consultadas (3 a - 4 a semana: início até meados de julho) indicam maiores chances para chuva abaixo da média nos estados da Região Sul.
REGISTRO DE IMPACTOS
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REGISTRO DE IMPACTOS DE SECAS
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