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MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – JULHO/2022
Sumário
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de julho indica a permanência de seca fraca a severa em todos os estados da região Norte, Centro-Oeste, Sudeste, e estado da Bahia. Seca extrema foi observada no norte do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo e Bahia.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 667 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de julho. Os estados de Minas Gerais e Goiás foram os que tiveram os maiores números de municípios com 40% ou mais de áreas agroprodutivas afetadas. Piauí foi o estado que teve mais municípios com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva (42).
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destaca-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, que vem registrando, consecutivamente, vazões inferiores à média histórica desde dezembro de 2018. No mês de julho de 2022, a vazão média em Itaipu foi equivalente a 58% da média histórica, valor próximo ao mínimo absoluto mensal. Na Região Centro-Oeste, a vazão na UHE Serra da Mesa foi 82% da média, e o nível de armazenamento do reservatório, no final de julho, atingiu 64% da capacidade total. Na Região Sudeste, a UHE Furnas registrou, no mês de julho, vazão equivalente a 65% da média histórica do mês, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 73% do volume útil. Na UHE Três Marias, também na região Sudeste, foi registrado vazão cerca de 5% acima da média histórica, e o reservatório finalizou o mês de julho com 76% do volume útil. Ainda no Sudeste do país, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 43% da média, e o armazenamento nos reservatórios encerrou o mês com 36% do volume útil (faixa de operação “Alerta”), situação pior que no mesmo período pré-crise (53%, no final de julho de 2013).
Os indicadores oceânicos e atmosféricos avaliados durante o mês de julho mostram que o atual episódio de La Nina ainda está em curso e teve uma ligeira intensificação nas últimas semanas. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar até o início do verão no Hemisfério Sul (SON/2022), com chances acima de 70% (mais do que o dobro da chance climatológica). É importante recordar que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas atualizadas a partir das condições em julho/2022) concordam em prever, durante ASO/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão do modelo do Centro Europeu (ECMWF), iniciada em julho/2022, aponta seca nestas regiões também. As previsões subsazonais (3 a - 4 a semana: final de agosto até meados de setembro) indicam padrões de para chuva abaixo da média nos estados da Região Sul.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: JULHO/2022
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de julho de 2022 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
Saiba mais sobre o IIS
O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: julho em relação a junho.
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de julho e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30).
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (
Vegetation Condition Index
) e o TCI (
Temperature Condition Index
). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Julho/2022
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para as bacias afluentes aos reservatórios das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste) e Furnas (Sudeste) apresenta uma situação de seca hidrológica variando de moderada à extrema (Figura 5). Na UHE Três Marias e no Sistema Cantareira (Sudeste), o IIS-6 indica condições de seca variando entre moderada à severa. Na bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 aponta para uma condição variando de fraca à extrema. Para as sub-bacias das UHEs localizadas na bacia do rio Paraná, como, Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara, o IIS-6 apresenta condição variando entre uma condição normal (parte da sub-bacia de Capivara) à seca extrema (principalmente na bacia de Itumbiara). Nas bacias localizadas na Região Sul do país, incluindo as UHEs Segredo, Barra Grande e Passo Real, pode ser observada uma condição variando de normal à fraca. Destaque para a UHE Passo Real, cuja área da bacia está classifica inteiramente numa condição normal, indicando uma melhoria com relação ao mês anterior.
Na Região Sudeste, o SSFI-12 indica que o Sistema Cantareira se encontra em condição de seca hidrológica extrema (SSFI-12 = -1.8), mesma situação quando comparada ao mês anterior, junho de 2022. Ainda em julho, as bacias das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste) e Três Marias (Sudeste) apresentam condição normal ( SSFI-12 = 0.4 e 1.0, respectivamente ) , e a UHE Furnas (Sudeste) em condição de seca hidrológica fraca (SSFI-12 = -0.6). Ressalta-se que as bacias hidrográficas afluentes a estas UHEs vêm enfrentando condições críticas, em termos de disponibilidade hídrica, desde 2014, ano em que ocorreu a grande seca na Região Sudeste do Brasil, como se observa na Figura 6. No entanto, os eventos de chuvas extremas que ocorreram no Sul da Bahia e norte de Minas Gerais, durante estação chuvosa 2021/2022, contribuíram na melhoria das condições destas três bacias.
Na bacia do rio Paraná, a UHE Jurumirim encontra-se numa condição de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 ≤ -2.0), situação similar ao mês anterior. As bacias afluentes às UHEs Marimbondo e Capivara apresentam condição de seca hidrológica variando moderada à extrema (SSFI-12 = 1.3 e 2.0, respectivamente) enquanto Nova Ponte e Itumbiara uma condição variando de normal à seca fraca (SSFI-12 = 0.5 e 0.7, respectivamente). Ainda no mês de julho, destaque para a bacia afluente à UHE Emborcação em uma condição de seca hidrológica normal (SSFI-12 = -0.1), desde abril de 2022.
Na Região Sul, em julho, a bacia hidrográfica afluente a UHE Segredo apresentou condição de seca hidrológica fraca (SSFI-12 = -0.8), situação melhor comparada ao mês anterior (moderada). Destaque para as UHEs Passo Real e Barra Grande que, atualmente, encontram-se numa condição considerada normal em relação a seca hidrológica, de acordo com SSFI-6 (1.3) e SSFI-12 (0.3), respectivamente. Especial atenção para a UHE Itaipu que se encontra em condições de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 = -2.2) pelo 20º mês consecutivo, e vem enfrentando condições de seca hidrológica desde dezembro de 2018.
E. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
Os indicadores oceânicos e atmosféricos avaliados durante o mês de julho mostram que o atual episódio de La Nina ainda está em curso e teve uma ligeira intensificação nas últimas semanas. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar até o início do verão no Hemisfério Sul (SON/2022), com chances acima de 70% (mais do que o dobro da chance climatológica). É importante recordar que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas atualizadas a partir das condições em julho/2022) concordam em prever, durante ASO/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão do modelo do Centro Europeu (ECMWF), iniciada em julho/2022, aponta que seca nestas regiões também. As previsões subsazonais (3 a - 4 a semana: final de agosto até meados de setembro) indicam padrões de para chuva abaixo da média nos estados da Região Sul.
REGISTRO DE IMPACTOS
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