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MONITORAMENTO DE SECAS
MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – JANEIRO/2023
Sumário
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de janeiro indica a permanência de condição de seca moderada a severa principalmente no Acre, norte do Mato Grosso, sul do Amazonas e do Pará, oeste de Tocantins e em Rondônia. A situação de seca permanece mais crítica no Rio Grande do Sul, onde 4 municípios apresentaram condição de seca excepcional (Itacurubi, Manoel Viana, Nova Esperança do Sul e Unistalda), e, outros 111 municípios condição de seca extrema.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 684 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de dezembro. Destaque para o estado do Rio Grande do Sul que teve 445 municípios com área agroprodutiva impactada pela seca acima de 80%.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, referente ao mês de janeiro de 2023 , destaca-se, na região Sudeste do país, o Sistema Cantareira, em uma condição de seca hidrológica moderada (de acordo com o SSFI), onde foi registrada vazão afluente de 89% da média histórica do mês, enquanto o armazenamento nos reservatórios encerrou o mês com 52% do volume útil (faixa de operação “Atenção”). Ainda na região Sudeste, a usina hidrelétrica (UHE) Furnas que se encontra numa condição de normalidade, em relação a seca hidrológica, registrou vazão equivalente a 178% da média do mês, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 94% do volume útil (faixa de operação “Normal”). Na UHE Três Marias, também na região Sudeste, que atualmente também apresenta uma condição de normalidade, foi registrado vazão de 164% da média histórica, e o reservatório finalizou o mês com 83% do volume útil (faixa de operação “Normal”). Na Região Centro-Oeste, a vazão na UHE Serra da Mesa, classificada numa condição normal em relação a seca hidrológica, foi 117% da média histórica, e o nível de armazenamento do reservatório, no final de janeiro, atingiu 68% da capacidade total (faixa de operação “Normal”). Ressalta-se que em todas essas áreas, devido às precipitações abundantes no mês de janeiro, foi registrada uma elevação no volume armazenado nos reservatórios, comparativamente ao mês anterior. Na região Sul do país, destaca-se a UHE Itaipu, numa condição de seca hidrológica severa. Em janeiro, a vazão média em Itaipu sofreu uma elevação significativa, com valor equivalente a 104% da média histórica. Ainda no Sul, na UHE Passo Real, que atualmente apresenta condição de seca hidrológica excepcional, foi registrada, em janeiro, vazão média inferior ao mínimo absoluto mensal (13%), e o armazenamento no reservatório finalizou o mês com 52% da capacidade total. Nas UHEs Segredo e Barra Grande que apresentam uma condição de normalidade em relação a seca hidrológica, as vazões se mantiveram acima e abaixo da média histórica (104% e 65%, respectivamente), e o volume armazenado finalizou o mês com cerca de 93% e 95% da capacidade total, respectivamente.
A La Niña segue o seu curso de enfraquecimento, de forma mais evidente no oceano (i.e., aquecimento das Temperaturas da Superfície do Mar) que na atmosfera. Desta forma, o aviso de um estado de La Niña segue em vigência. É importante lembrar que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance de déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central e de fato, o Rio Grande do Sul vem sofrendo com as secas extremas e até excepcionais. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que durante o trimestre FMA/2023 deva ocorrer a transição para um estado neutro. É importante recordar que existe uma maior incerteza nas previsões sobre a evolução do fenômeno ENOS nesta época do ano (verão/primavera austral). As previsões multi-modelo de chuva do International Research Institute (IRI-EUA) e da Organização Meteorológica Mundial (WMO/ONU) indicam maiores chances para chuvas abaixo da média nos estados da Região Sul e Sudeste durante o período FMA/2023. As previsões subsazonais consultadas (IRI, CFS-NOAA e ECMWF) indicam majoritariamente, para o final de fevereiro e início de março (3a - 4a semana, a partir de agora), maiores chances para chuva abaixo da média no extremo sul do Rio Grande do Sul.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: JANEIRO/2023
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de JANEIRO de 2023 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita). O IIS-3 é indicado para avaliação dos impactos da seca na agricultura, especialmente para culturas de ciclo curto (até 90 dias). O IIS-6, por sua vez, representa as condições de seca considerando os últimos 6 meses, portanto, indica a condição de déficit hídrico de médio prazo.
Saiba mais sobre o IIS
O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI). O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar diferentes tipologias de seca considerando diversas escalas de tempo e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica. O
SPI é calculado a partir de dados de precipitação provenientes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993), considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses.
O índice VHI (
NOAA/NESDIS) é um índice de condição da vegetação, calculado a partir de dados de NDVI e temperatura de brilho.
O VHI é disponibilizado em uma escala de valores de 0 a 100, em que valores abaixo de 40 indicam condição de estresse vegetativo. A ADS é um
produto do satélite GRACE e descreve a Água Disponível no Solo (ADS) em várias profundidades.
O IIS é calculado como uma média dos índices SPI3, AUS e VHI igualmente classificados por categorias de seca. Na composição final do IIS, o SPI3 representa a seca já estabelecida, a AUS indica a seca já afetando a água no solo e possível impacto na vegetação e o VHI indica as áreas onde a seca já está impactando a vegetação.
O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de JANEIRO/2023 e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30).
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (
Vegetation Condition Index
) e o TCI (
Temperature Condition Index
). O VHI permite identificar o início/fim da condição de estresse vegetativo, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: JANEIRO/2023
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
De acordo com o IIS-6 (Figura Abaixo), as bacias afluentes aos reservatórios das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste), Três Marias e Furnas (ambas no Sudeste) apresentaram, em janeiro de 2023 , uma condição variando de normal a seca fraca. Ressalta-se que a condição atual de tais bacias é melhor comparada ao mês anterior, principalmente na região sudeste. Ainda no Sudeste, o Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, de acordo com o IIS-6, encontra-se classificado numa condição de seca fraca (à exceção do extremo nordeste da região, que apresenta normalidade), condição semelhante à do mês anterior.
Na bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 aponta uma condição variando de normal à seca moderada (exceto em uma área pontual no noroeste da região), situação melhor em relação ao mês anterior. Ressalta-se que, a porção ao sul da bacia do rio Paraná se encontra numa condição melhor comparativamente às regiões de cabeceira, ao norte. Nas sub-bacias das UHEs localizadas na bacia do rio Paraná, como, Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara, o IIS-6 indica condição variando entre normal e seca moderada. Também configurando assim, uma situação melhor que no mês anterior.
Nas bacias localizadas mais ao Sul do país, incluindo as UHEs Segredo e Barra Grande, pode ser observada uma condição variando de normal a seca moderada, semelhante ao mês anterior. Já em Passo Real, também no Sul, foi registrada uma intensificação da seca, atualmente essa área encontra-se classificada numa condição de seca variando de severa à extrema.
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