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MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – JANEIRO/2022
Sumário
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de janeiro de 2022, quando comparado ao do mês de dezembro de 2021, aponta a intensificação da seca no estado do Mato Grosso do Sul e em todos os estados da Região Sul.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 994 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de janeiro. Os estados da Região Sul foram os que tiveram os maiores números de municípios com 40% ou mais de áreas agroprodutivas afetadas. Neste mês, Rio Grande do Sul e Paraná continuaram como os estados que tiveram mais municípios com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se as usinas hidrelétricas (UHE) Itaipu, Segredo, Barra Grande e Passo Real com vazões abaixo da média histórica: 72%, 38%, 32% e 16%, respectivamente. Na Região Centro-Oeste, a vazão natural da UHE Serra da Mesa foi 98% acima da média, e o nível de armazenamento do reservatório foi de 46% no final de janeiro. Na Região Sudeste, devido aos eventos de chuvas intensas que aconteceram no sul do estado da Bahia e norte de Minas Gerais, a UHE Furnas registrou no mês de janeiro vazão 24% acima da média histórica do mês, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 56% do volume útil. Ainda no Sudeste do país, a vazão natural da UHE Três Marias foi 178% acima da média histórica, e o reservatório finalizou janeiro com 88% do volume útil. Adicionalmente, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 83% da média, e o armazenamento finalizou com 34% do volume útil, situação pior que no mesmo período pré-crise (52,3% no final de janeiro de 2013).
O atual episódio de La Niña atingiu seu pico durante janeiro. Atualmente os indicadores oceânicos e atmosféricos mostram uma La Niña madura e plenamente estabelecida. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar até o fim do verão do Hemisfério Sul, se estendendo ainda pelo outono, embora enfraquecido. A La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. Dado o quadro da seca no sul do país e a permanência da La Niña pelos próximos meses é adequado manter um estado de atenção. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas a partir das condições em janeiro/2022) concordam em prever, durante FMA/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão sazonal do modelo do Centro Europeu (ECMWF), emitida também a partir das condições de janeiro/2022, é consistente ao indicar também um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. A fase chuvosa da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) se encontra sobre o Oceano Índico com média intensidade. As previsões indicam uma migração da OMJ para o Pacífico Oeste no decorrer desta e da próxima semana. Normalmente, quando isto acontece, diminuem as chances para chuva nas Regiões Sudeste e sul da Região Nordeste.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: JANEIRO/2022
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de janeiro de 2022 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
Saiba mais sobre o IIS
O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: janeiro em relação a dezembro
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de janeiro e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (
Vegetation Condition Index
) e o TCI (
Temperature Condition Index
). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Janeiro/2022
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para as bacias afluentes aos reservatórios das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste) e Três Marias (Sudeste) apresenta uma situação de normalidade à seca fraca (figura abaixo). Para as bacias da UHE Furnas e para o Sistema Cantareira (Sudeste), o IIS-6 indica seca variando de uma condição de normalidade à seca moderada. Para a bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 indica uma situação pior na condição de seca em relação ao mês anterior, predominando condições de seca fraca à extrema. Para as sub-bacias das UHEs localizadas na bacia do rio Paraná, Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara, o IIS-6 apresenta uma condição de seca variando da condição de normalidade à seca extrema. Nas bacias localizadas na Região Sul do país, incluindo as UHEs Segredo, Barra Grande e Passo Real, pode ser observada seca severa à extrema, indicando uma situação pior na condição de seca em relação ao mês anterior.
Em janeiro de 2022, a vazão afluente no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, foi 83% da média histórica do mês e os reservatórios fecharam o mês com 34% do volume útil (faixa de operação “Alerta”), representando um aumento de aproximadamente 9% em relação ao final do mês anterior. Para o reservatório da UHE Três Marias, a vazão natural ficou 178% acima da média histórica do mês e o reservatório operou, em 31 de janeiro de 2022, com 88% de seu volume útil (faixa de operação “Normal”), apresentando um aumento de 35% em relação ao final do mês anterior. A vazão natural do reservatório da UHE Furnas ficou 24% acima da média do mês, e o armazenamento no reservatório, em 31 de janeiro, foi 56% do volume útil, representando um aumento de 27% em relação ao final do mês anterior. No reservatório da UHE Serra da Mesa a vazão natural representou 198% da média do mês de janeiro. O reservatório operou com 46% de seu volume útil, representando um aumento de 14% em relação ao mês anterior .
Para a Região Sul do país, na bacia hidrográfica da UHE Itaipu, localizada no Rio Paraná - Santa Catarina, uma das maiores hidrelétricas do mundo, a vazão foi 72% da média histórica para o mês de janeiro. Na bacia de drenagem da UHE Segredo (Gov. Ney Aminthas de Barros Braga), localizada no Rio Iguaçu, a vazão representou 38% da média do mês, e o nível de armazenamento no reservatório atingiu 56%, o que representa um aumento de 24% em relação ao mês anterior. Na bacia afluente à UHE Barra Grande (no rio Uruguai, entre os estados de RS e SC) a vazão representou 32% da média. O nível de armazenamento do reservatório atingiu 32% no final de janeiro, representando um decréscimo de 12% em relação ao valor no final de dezembro. Para a bacia de drenagem da UHE Passo Real, localizada no Rio Jacuí - Rio Grande do Sul, a vazão afluente registrada foi 16% da média, e o armazenamento no reservatório finalizou o mês com 36% do seu volume útil, representando uma diminuição de 7% em relação ao nível do mês anterior .
E. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
Muito provavelmente o atual episódio de La Niña atingiu seu pico durante janeiro. Atualmente, os indicadores oceânicos e atmosféricos mostram uma La Niña madura e plenamente estabelecida. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar até o fim do verão do Hemisfério Sul, se estendendo ainda pelo outono, embora enfraquecido. A La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. Dado o quadro da seca no sul do país e a permanência da La Niña pelos próximos meses é adequado manter um estado de atenção.
As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas a partir das condições em janeiro/2022) concordam em prever, durante FMA/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão sazonal do modelo do Centro Europeu (ECMWF), emitida também a partir das condições de janeiro/2022, é consistente ao indicar também um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. A fase chuvosa da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) se encontra sobre o Oceano Índico com média intensidade. As previsões indicam uma migração da OMJ para o Pacífico Oeste no decorrer desta e da próxima semana. Normalmente, quando isto acontece, diminuem as chances para chuva nas Regiões Sudeste e sul da Região Nordeste. As previsões subsazonais de chuva consultadas (3 a - 4 a semana: fim de fevereiro e começo de março) mostram quadros discordantes, indicando um elevado grau de incerteza.
REGISTRO DE IMPACTOS
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REGISTRO DE IMPACTOS DE SECAS
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Para mais informações fale conosco: secas@cemaden.gov.br