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MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – FEVEREIRO/2022
Sumário
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de fevereiro, quando comparado ao do mês de janeiro, aponta permanência de seca moderada a extrema em Mato Grosso do Sul e Região Sul, além de seca fraca no Mato Grosso, São Paulo, Goiás, Minas Gerais e vários estados do Nordeste. Os cenários de IIS para o mês de março (com chuvas 30% abaixo ou 30% acima da média) apresentam condições de seca fraca em grande parte do país, com condição de seca modera à extrema, principalmente nos estados do Mato Grosso do Sul e Região Sul do país.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 1.865 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de fevereiro. Os estados da Região Sul foram os que tiveram os maiores números de municípios com 40% ou mais de áreas agroprodutivas afetadas. Em fevereiro, pelo terceiro mês consecutivo, Rio Grande do Sul e Paraná foram os estados que tiveram mais municípios com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se as usinas hidrelétricas (UHE) Itaipu, Segredo, Barra Grande e Passo Real com vazões abaixo da média histórica: 84%, 39%, 15% e 21%, respectivamente. Na Região Centro-Oeste, a vazão natural da UHE Serra da Mesa foi 45% acima da média, e o nível de armazenamento do reservatório atingiu 56% no final de fevereiro. Na Região Sudeste, devido aos eventos de chuvas intensas que aconteceram no sul do estado da Bahia e norte de Minas Gerais, a UHE Furnas registrou no mês de janeiro vazão 42% acima da média histórica do mês, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 78% do volume útil. Ainda no Sudeste do país, a vazão natural da UHE Três Marias foi 109% acima da média histórica, e o reservatório finalizou fevereiro com 92% do volume útil. Adicionalmente, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 100% da média, e o armazenamento finalizou com 43% do volume útil (faixa de operação “Atenção”), situação pior que no mesmo período pré-crise (52,3% no final de janeiro de 2013).
O atual episódio de La Niña ainda está em atividade. Recentemente os ventos aliseos se fortaleceram dando uma sobrevida ao atual episódio. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar até o outono do Hemisfério Sul, embora enfraquecido. A La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. Dado o quadro da seca no sul do país (Figuras 1, 2 e 4) e a permanência da La Niña pelos próximos meses é adequado manter um estado de atenção. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas a partir das condições em fevereiro/2022) concordam em prever, durante MAM/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão sazonal do modelo do Centro Europeu (ECMWF), emitida também a partir das condições de fevereiro/2022, é consistente ao indicar também um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. A fase chuvosa da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) se encontra sobre o Oceano Índico com média intensidade. As previsões indicam uma migração da OMJ para o Pacífico Oeste no decorrer desta e da próxima semana. Normalmente, quando isto acontece, diminuem as chances para chuva nas Regiões Sudeste e sul da Região Nordeste. As previsões subsazonais de chuva consultadas (3a - 4a semana: início até meados de abril) mostram também um quadro de chuva abaixo da média para a Região Sul.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: FEVEREIRO/2022
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de janeiro de 2022 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
Saiba mais sobre o IIS
O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: fevereiro em relação a janeiro
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de fevereiro e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (
Vegetation Condition Index
) e o TCI (
Temperature Condition Index
). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Fevereiro/2022
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para as bacias afluentes aos reservatórios das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste) e Três Marias (Sudeste) apresenta uma situação de normalidade à seca fraca (Figura 5). Para as bacias da UHE Furnas e para o Sistema Cantareira (Sudeste), o IIS-6 indica condições de seca variando de seca normal à moderada. Na bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 indica condições de seca fraca à extrema. Ressalta-se melhores condições do IIS-6 na porção norte da bacia do Rio Paraná, quando comparada ao sul. Para as sub-bacias das UHEs localizadas na bacia do rio Paraná, Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara, o IIS-6 apresenta uma condição de seca variando da condição de normalidade à seca severa. Nas bacias localizadas na Região Sul do país, incluindo as UHEs Segredo, Barra Grande e Passo Real, pode ser observada seca fraca à extrema, indicando uma situação melhor na condição de seca em relação ao mês anterior.
Na Região Sudeste, o SSFI-12 indica que o Sistema Cantareira se encontra em condição de seca hidrológica extrema (SSFI-12 = -2.0). As bacias das UHEs Serra da Mesa e Três Marias apresentam condição de normal, e a UHE Furnas em condição de seca hidrológica moderada (SSFI-12 = -0.85) no mês de fevereiro. Ressalta-se que as bacias hidrográficas afluentes a estas UHE vêm enfrentando condições críticas, em termos de disponibilidade hídrica, desde 2014, ano em que ocorreu a grande seca na Região Sudeste do Brasil, como se observa na Figura 6. No entanto, os eventos de chuvas extremas que ocorreram no Sul da Bahia e norte de Minas Gerais contribuíram na melhoria das condições destas três bacias.
Na bacia do rio Paraná, as UHEs Capivara e Jurumirim apresentam condição de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 ≤ -2.0) para o mês de fevereiro. As bacias afluentes às UHEs Itumbiara, Nova Ponte e Marimbondo apresentam condição de seca hidrológica variando de moderada à extrema (SSFI-12 = -0.9, -1.2 e -1.7, respectivamente). Ainda no mês de fevereiro, a bacia afluente à UHE Emborcação apresentou condição de seca hidrológica fraca (SSFI-12 = -0.6).
Na Região Sul, em fevereiro, as bacias hidrográficas afluentes às UHEs Segredo e Barra Grande apresentaram condição de seca hidrológica extrema (SSFI-12 = -1.8), enquanto na bacia afluente à UHE Passo Real foi registrada severa (SSFI-12 = -1.6). Especial atenção para a UHE Itaipu que se encontra em condições de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 = -2.6) pelo 15º mês consecutivo, e vem enfrentando condições de seca hidrológica desde janeiro de 2019.
E. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
Muito provavelmente o atual episódio de La Niña atingiu seu pico durante janeiro. Atualmente, os indicadores oceânicos e atmosféricos mostram uma La Niña madura e plenamente estabelecida. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar até o fim do verão do Hemisfério Sul, se estendendo ainda pelo outono, embora enfraquecido. A La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. Dado o quadro da seca no sul do país e a permanência da La Niña pelos próximos meses é adequado manter um estado de atenção.
As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas a partir das condições em janeiro/2022) concordam em prever, durante FMA/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão sazonal do modelo do Centro Europeu (ECMWF), emitida também a partir das condições de janeiro/2022, é consistente ao indicar também um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. A fase chuvosa da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) se encontra sobre o Oceano Índico com média intensidade. As previsões indicam uma migração da OMJ para o Pacífico Oeste no decorrer desta e da próxima semana. Normalmente, quando isto acontece, diminuem as chances para chuva nas Regiões Sudeste e sul da Região Nordeste. As previsões subsazonais de chuva consultadas (3a - 4a semana: fim de fevereiro e começo de março) mostram quadros discordantes, indicando um elevado grau de incerteza.
REGISTRO DE IMPACTOS
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REGISTRO DE IMPACTOS DE SECAS
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