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MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – MARÇO/2022
Sumário
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de março aponta a permanência de seca fraca em todos os estados da região Centro-Oeste, Sudeste e Sul, além da Bahia. Os cenários de IIS para o mês de abril (com chuvas 30% abaixo ou 30% acima da média) apresentam condições de seca fraca em grande parte do país, com condição de seca modera principalmente na região central de MG.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 1.222 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de março. Os estados de Minas Gerais e Paraná foram os que tiveram os maiores números de municípios com 40% ou mais de áreas agroprodutivas afetadas. Em março, pelo quarto mês consecutivo, o Paraná foi um dos estados que tiveram mais municípios com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se as usinas hidrelétricas (UHE) Itaipu e Passo Real com vazões abaixo da média histórica (68% e 60%, respectivamente). Na Região Centro-Oeste, a vazão natural da UHE Serra da Mesa foi 93% da média, e o nível de armazenamento do reservatório atingiu 62%, no final de março. Na Região Sudeste, a UHE Furnas registrou, no mês de março, vazão equivalente a 64% da média histórica do mês, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 81% do volume útil. Ainda no Sudeste do país, a UHE Três Marias registrou vazão natural em torno da média histórica, e o reservatório finalizou março com 94% do volume útil. Adicionalmente, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 59% da média, e o armazenamento finalizou com 45% do volume útil (faixa de operação “Atenção”), situação pior que no mesmo período pré-crise (52,3% no final de janeiro de 2013).
O atual episódio de La Nina ainda está em curso. A previsão do Climate Prediction Center e International Research Institute mostra que este episódio perdurará até julho, embora enfraquecido. É importante recordar que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas atualizadas a partir das condições em março/2022) concordam em prever, durante AMJ/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão AMJ/2022 do modelo do Centro Europeu (ECMWF), também aponta para um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. As previsões subsazonais de chuva consultadas (3 a - 4 a semana: final de abril até início de maio) mostram uma pequena chance para chuva acima da média na Região Sul.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: MARÇO/2022
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de março de 2022 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
Saiba mais sobre o IIS
O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: março em relação a fevereiro.
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de fevereiro e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (
Vegetation Condition Index
) e o TCI (
Temperature Condition Index
). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Março/2022
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para as bacias afluentes aos reservatórios das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste), Furnas (Sudeste) e Três Marias (Sudeste) apresenta uma situação de seca variando de fraca a moderada (Figura 5). Para o Sistema Cantareira (Sudeste), o IIS-6 indica condições de seca moderada. Na bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 aponta para seca variando de fraca a severa. Ressalta-se melhores condições do IIS-6 na porção norte da bacia do Rio Paraná, quando comparada ao sul. Para as sub-bacias das UHEs localizadas na bacia do rio Paraná, como, Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara, o IIS-6 apresenta uma condição de seca variando entre fraca a severa. Nas bacias localizadas na Região Sul do país, incluindo as UHEs Segredo, Barra Grande e Passo Real, pode ser observada uma situação variando de seca fraca a moderada, indicando uma situação melhor em relação ao mês anterior.
Na Região Sudeste, o SSFI-12 indica que o Sistema Cantareira se encontra em condição de seca hidrológica extrema (SSFI-12 = -2.0), mesma condição quando comparada ao mês anterior. As bacias das UHEs Serra da Mesa e Três Marias apresentam condição de normal, e a UHE Furnas em condição de seca hidrológica moderada (SSFI-12 = -0.9) no mês de março. Ressalta-se que as bacias hidrográficas afluentes a estas UHEs vêm enfrentando condições críticas, em termos de disponibilidade hídrica, desde 2014, ano em que ocorreu a grande seca na Região Sudeste do Brasil, como se observa na Figura 6. No entanto, os eventos de chuvas extremas que ocorreram no Sul da Bahia e norte de Minas Gerais contribuíram na melhoria das condições destas três bacias.
Na bacia do rio Paraná, as UHEs Capivara e Jurumirim apresentam condição de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 ≤ -2.0) para o mês de março. As bacias afluentes às UHEs Itumbiara, Nova Ponte e Marimbondo apresentam condição de seca hidrológica variando de moderada a extrema (SSFI-12 = -0.9, -1.0 e -1.7, respectivamente). Ainda no mês de março, a bacia afluente à UHE Emborcação apresentou condição de seca hidrológica fraca (SSFI-12 = -0.5).
Na Região Sul, em março, as bacias hidrográficas afluentes às UHEs Segredo, Barra Grande e Passo Real apresentaram condição de seca hidrológica extrema (SSFI-12 = -1.8, -1.7, -1.7, respectivamente). Especial atenção para a UHE Itaipu que se encontra em condições de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 = -2.7) pelo 16º mês consecutivo, e vem enfrentando condições de seca hidrológica desde janeiro de 2019.
E. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
Os indicadores oceânicos e atmosféricos avaliados durante o mês de março mostram que o atual episódio de La Nina ainda está em curso. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar até o outono, ou início do inverno do Hemisfério Sul, embora enfraquecido. É importante recordar que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas atualizadas a partir das condições em março/2022) concordam em prever, durante AMJ/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão AMJ/2022 do modelo do Centro Europeu (ECMWF), também aponta para um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul. A fase chuvosa da Oscilação de Madden-Julian (OMJ) se encontra sobre o Oceano Pacífico leste, com fraca intensidade. Não há indicações precisas de que sua atividade possa beneficiar as chuvas sobre o Brasil. As previsões subsazonais de chuva consultadas (3a - 4a semana: final de abril até início de maio) mostram uma pequena chance para chuva acima da média na Região Sul.
REGISTRO DE IMPACTOS
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REGISTRO DE IMPACTOS DE SECAS
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