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MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – DEZEMBRO/2022
Sumário
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de dezembro indica a permanência de condição de seca moderada a severa principalmente no Acre, norte do Mato Grosso, Rondônia, sul de Goiás e na porção norte de São Paulo. Condição de seca extrema foi observada em municípios localizados no Rio Grande do Sul. De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 537 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de dezembro. Destaque para o estado do Rio Grande do Sul que teve 152 municípios com área agroprodutiva impactada pela seca acima de 80%.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, referente ao mês de dezembro de 2022, destaca-se, na região Sudeste do país, o Sistema Cantareira, em uma condição de seca hidrológica Moderada (de acordo com o SSFI), onde foi registrada vazão afluente de 108% da média histórica do mês, enquanto o armazenamento nos reservatórios encerrou o mês com 43% do volume útil (faixa de operação “Atenção”). Ainda na região Sudeste, a usina hidrelétrica (UHE) Furnas que se encontra numa seca hidrológica Fraca, registrou vazão equivalente a 108% da média do mês, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 66% do volume útil (faixa de operação “Normal”). Na UHE Três Marias, também na região Sudeste, que apresenta uma condição Normal em relação à seca hidrológica, foi registrado vazão cerca de 107% da média histórica, e o reservatório finalizou o mês com 63% do volume útil (faixa de operação “Normal”). Na Região Centro-Oeste, a vazão na UHE Serra da Mesa, também classificada numa condição de seca hidrológica Normal, foi 151% da média, e o nível de armazenamento do reservatório, no final de dezembro, atingiu 60% da capacidade total (faixa de operação “Normal”). Ressalta-se que em todas essas áreas, devido as precipitações abundantes no mês de dezembro, foi registrada uma elevação tanto na vazão afluente quanto no volume armazenado nos reservatórios, comparativamente ao mês anterior. Na região Sul do país, destaca-se a UHE Itaipu, numa condição de seca hidrológica Extrema. Em dezembro, a vazão média em Itaipu foi equivalente a 78% da média histórica. Ainda no Sul, na UHE Passo Real, que atualmente também apresenta condição de seca hidrológica Extrema, foi registrada, em dezembro, vazão média inferior ao mínimo absoluto mensal (16%), e o armazenamento no reservatório finalizou o mês com 58% da capacidade total. Nas UHEs Segredo e Barra Grande que apresentam uma condição de Normalidade em relação a seca hidrológica, as vazões se mantiveram acima e em torno da média histórica (142% e 102%, respectivamente), e o volume armazenado finalizou o mês com cerca de 85% e 80% da capacidade total, respectivamente.
A La Niña ainda se encontra em atividade, mas enfraquecendo do ponto de vista do aquecimento das Temperaturas da Superfície do Mar. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que durante o trimestre JFM/2023 deva ocorrer a transição para um estado neutro (sem La Nina, nem El Nino). As previsões sazonais multi-modelo de chuva do CPTEC/INMET/FUNCEME e do International Research Institute (IRI-EUA) (ambas iniciando das condições observadas em dezembro/2022) concordam em prever, durante JFM/2023, condições normais no centro-sul do Brasil. Isto é, chuvas dentro dos patamares esperados para o período (JFM/2023). No setor norte a previsão é de chuva acima da média. A previsão do modelo do Centro Europeu (ECMWF), iniciada em dezembro/2022, concorda com este cenário. As previsões subsazonais (3 a - 4 a semana: final de janeiro a início de fevereiro) indicam chuva abaixo da média em uma região que abrange o nordeste do estado de São Paulo, o sul de Minas Gerais e os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: DEZEMBRO/2022
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de DEZEMBRO de 2022 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita). O IIS-3 é indicado para avaliação dos impactos da seca na agricultura, especialmente para culturas de ciclo curto (até 90 dias). O IIS-6, por sua vez, representa as condições de seca considerando os últimos 6 meses, portanto, indica a condição de déficit hídrico de médio prazo.
Saiba mais sobre o IIS
O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI). O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar diferentes tipologias de seca considerando diversas escalas de tempo e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica. O
SPI é calculado a partir de dados de precipitação provenientes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993), considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses.
O índice VHI (
NOAA/NESDIS) é um índice de condição da vegetação, calculado a partir de dados de NDVI e temperatura de brilho.
O VHI é disponibilizado em uma escala de valores de 0 a 100, em que valores abaixo de 40 indicam condição de estresse vegetativo. A ADS é um
produto do satélite GRACE e descreve a Água Disponível no Solo (ADS) em várias profundidades.
O IIS é calculado como uma média dos índices SPI3, AUS e VHI igualmente classificados por categorias de seca. Na composição final do IIS, o SPI3 representa a seca já estabelecida, a AUS indica a seca já afetando a água no solo e possível impacto na vegetação e o VHI indica as áreas onde a seca já está impactando a vegetação.
O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de DEZEMBRO e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30).
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (
Vegetation Condition Index
) e o TCI (
Temperature Condition Index
). O VHI permite identificar o início/fim da condição de estresse vegetativo, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: DEZEMBRO/2022
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
De acordo com o IIS-6 (Figura abaixo), as bacias afluentes aos reservatórios das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste), Três Marias e Furnas (ambas no Sudeste) apresentaram, em dezembro de 2022 , uma condição variando de normal a seca moderada. Ainda no Sudeste, o Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, de acordo com o IIS-6, encontra-se classificado numa condição variando de normal a seca fraca. Em todas essas bacias foi registrado uma melhoria em relação à seca, comparativamente ao mês anterior.
Na bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 aponta uma condição variando de normal à seca extrema, assim como no mês anterior. Ressalta-se que, a porção ao sul da bacia do rio Paraná se encontra numa condição melhor comparativamente às regiões de cabeceira, ao norte. Nas sub-bacias das UHEs localizadas na bacia do rio Paraná, como, Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara, o IIS-6 também indica condição variando entre normal e seca severa.
Nas bacias localizadas mais ao Sul do país, incluindo as UHEs Segredo e Barra Grande, pode ser observada uma condição variando de normal a moderada. Ressalta-se que na UHE Barra Grande foi observado uma intensificação da seca no mês de dezembro, ao passo que em Segredo uma condição similar ao mês anterior. Já em Passo Real, também no Sul, observa-se uma condição de seca severa, situação pior comparativamente ao mês anterior .
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REGISTRO DE IMPACTOS
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Para mais informações fale conosco: secas@cemaden.gov.br