Notícias
MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – DEZEMBRO/2020
SUMÁRIO (clique aqui)
Em relação ao mês de novembro, o Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de dezembro, aponta uma discreta desintensificação da seca principalmente nas regiões Centro-Oeste e Sul do país. No entanto, municípios localizados no norte do Mato Grosso do Sul e oeste de Goias são aqueles de maior atenção, uma vez que ainda permanecem com condições de seca severa e estrema. Além disso, em comparação com o mês de novembro, observou-se também a intensificação da seca em parte da região Nordeste, norte de Minas Gerais e no Espirito Santo.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 358 municípios da Região Nordeste apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de dezembro, sendo a maior parte destes localizados nos estados do Piauí, Bahia e Maranhão. Na Região Norte, 105 municípios apresentaram mais do que 40% de suas áreas de uso impactadas, a maior parte destes localizados nos estados do Pará, Tocantins, Rondônia e Acre. Nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul estes números foram de 358, 625 e 729 municípios, respectivamente.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destacam-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, com vazão afluente de 76% da média histórica, bem como a UHE de Barra Grande, com vazão afluente de 57% do esperado no mês. A UHE de Segredo, ainda no Sul, que no mês de novembro registrou um valor de vazão inferior ao mínimo absoluto para este mês, apresentou uma melhora significativa no mês de dezembro, cerca de 13% superior à média histórica. Na Região Centro-Oeste, as vazões afluentes ao UHE de Serra da Mesa foram 39% da média histórica e o nível de armazenamento atingiu 21% no final de dezembro. Na Região Sudeste, destaque para a UHE de Furnas, que apesar de apresentar significativa elevação das vazões afluentes em relação ao mês passado, cerca 94% do esperado, o armazenamento ainda se mantêm baixo, aproximadamente 17% do volume útil. No Sistema Cantareira, principal sistema hídrico da região metropolitana de São Paulo, a vazão afluente ficou próximo da média histórica do mês de dezembro (103%), e armazenamento em torno de 36% do volume útil, situação pior quando comparado ao mesmo período do ano de 2019 (40%). Ainda no Sudeste do país, o reservatório da UHE de Três Marias também apresenta volume inferior a 50%, com vazão afluente média de 57% da média histórica para o mês de dezembro.
A condição atual no Oceano Pacífico segue refletindo um cenário de La Niña, que deve permanecer durante o trimestre janeiro-fevereiro-março de 2021. É importante lembrar que a La Niña atua no sentido de favorecer déficit de chuva na Região Sul e no sul do Brasil-Central, incluindo a porção sudoeste de SP. As previsões sazonais multimodelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas produzidas em dezembro/2020) concordam em prever condições desfavoráveis para chuva nestas regiões (principalmente Mato Grosso do Sul, oeste de São Paulo e Paraná), durante janeiro-fevereiro de 2021 (JFM/2021). As previsões subsazonais (3 e 4 semanas) indicam a possibilidade para um cenário desfavorável para a precipitação nas regiões Centro-Oeste e Sudeste durante o final de janeiro e início de fevereiro de 2021.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: DEZEMBRO/2020
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de dezembro de 2020 nas escalas: a) 3 meses (IIS-3, esquerda) e b) 6 meses (IIS-6, direita).
Saiba mais sobre o Índice Integrado de Seca (IIS)
B. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de dezembro e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
C. MONITORAMENTO DA UMIDADE DO SOLO
Perdas na produtividade agrícola podem ocorrer devido a períodos prolongados de seca e valores baixos de água disponível no solo, especificamente valores abaixo de 40%. O mapa mostra classes de seca baseadas na fração de água no solo em relação à média histórica. Os dados são derivados do satélite Grace (NASA), que estima a quantidade de água em uma camada de 1 m de solo a partir de perturbações na gravidade causadas pela presença da umidade. Esse produto tem resolução espacial de aproximadamente 50 km, gerados 4 vezes por mês. Os resultados mostrados aqui representam a média dos resultados divulgados para Dezembro.
As classes de seca baseadas na umidade do solo para o mês de dezembro de 2020 são mostradas abaixo. Os estados mais afetados com seca excepcional são Mato Grosso, Goiás, Tocantins e São Paulo. Adicionalmente, partes de Sergipe e Rio Grande do Sul também apresentaram baixos níveis de água no solo e seca excepcional.
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO NORDESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Dezembro/2020
Avaliação do IIS para o mês de dezembro em comparação com o mês de novembro:
- Seca Fraca: Aumento de 270 para 681 municípios.
- Seca Moderada: Aumento de 52 para 145 municípios.
- Seca Severa: Aumento de 1 para 7 municípios.
- Seca Extrema: 0 município.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Dezembro/2020
E. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO NORTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Dezembro/2020
Avaliação do IIS para o mês de dezembro em comparação com o mês de novembro:
- Seca Fraca: Aumento de 96 para 126 municípios.
- Seca Moderada: Aumento de 70 para 71 municípios.
- Seca Severa: Mantem-se 46 município.
- Seca Extrema: 1 município.
- Seca Excepcional: 0 município.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Dezembro/2020
F. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO CENTRO-OESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Dezembro/2020
Avaliação do IIS para o mês de dezembro em comparação com o mês de novembro:
- Seca Fraca: Aumento de 126 para 1 30 municípios.
- Seca Moderada: Aumento de 135 para 209 municípios.
- Seca Severa: Redução de 139 para 111 municípios.
- Seca Extrema: Redução de 16 para 8 municípios.
- Seca Excepcional: 0 municípios.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Dezembro/2020
G. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO SUDESTE
Índice Integrado de Seca (IIS): Dezembro/2020
Avaliação do IIS para o mês de dezembro em comparação com o mês de novembro:
- Seca Fraca: Aumento de 346 para 744 municípios.
- Seca Moderada: Aumento de 262 para 605 municípios.
- Seca Severa: Redução de 354 para 178 municípios.
- Seca Extrema: Redução de 311 para 25 municípios.
- Seca Excepcional: 0 municípios.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Dezembro/2020
H. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA NA REGIÃO SUL
Índice Integrado de Seca (IIS): Dezembro/2020
Avaliação do IIS para o mês de dezembro em comparação com o mês de novembro:
- Seca Fraca: Aumento de 157 para 377 municípios.
- Seca Moderada: Aumento de 153 para 487 municípios.
- Seca Severa: Redução de 232 para 215 município.
- Seca Extrema: Redução de 519 para 54 municípios.
- Seca Excepcional: 0 municípios.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Dezembro/2020
I. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 (Figura 1b) para as áreas das bacias afluentes aos reservatórios das UHE de Serra da Mesa (Centro-Oeste), Três Marias, Furnas e para o Sistema Cantareira (Sudeste) e para as bacias no Sul do país (incluindo as UHE de Segredo, Barra Grande, Passo Real e Itaipu), observa-se uma situação de seca variando entre normal a extrema nas bacias localizadas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste. Na região Sul, nota-se condições de normalidade a moderada em grande parte das bacias de drenagem dos reservatórios das UHEs Segredo, Barra Grande e Passo Real. Na bacia de drenagem da UHE Itaipu observa-se condição de seca normal a fraca em relação ao IIS na maior parte, com regiões de seca moderada a severa, na porção sul da bacia.
Em dezembro de 2020, a vazão afluente no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico que abastece a Região Metropolitana de São Paulo, foi 3% acima da média histórica do mês e os reservatórios operaram, no dia 31 de dezembro, com 36% do volume útil, representando um aumento de aproximadamente 4% em relação ao mês de novembro.
Para o reservatório da UHE Três Marias, a vazão natural, em dezembro de 2020, representou 57% da média histórica do mês e o reservatório operou, em 31 de dezembro de 2020, com 48% de seu volume útil armazenado, apresentando uma queda de 8% em relação ao mês passado. Com relação ao reservatório da UHE Serra da Mesa, a vazão natural representou 39% da média histórica do mês. O reservatório operou, no dia 31 de dezembro, com 21% de seu volume útil, apresentando uma ligeira queda (3%) com relação ao mês passado. A vazão natural da UHE Furnas representou 94% da média histórica do mês de dezembro, e o armazenamento no reservatório atingiu 17% do volume útil.
Para a Região Sul do país, na bacia hidrográfica da UHE Itaipu, localizada no Rio Paraná – Santa Catarina, uma das maiores hidrelétricas do mundo, a vazão afluente foi 76% da média histórica para o mês de dezembro, representando uma queda em relação ao mês anterior. As defluências das barragens a montante da UHE Segredo (Gov. Ney Aminthas de Barros Braga), localizadas no Rio Iguaçu, ocorridas durante o mês de dezembro de 2020, contribuíram para o aumento das vazões afluentes ao reservatório. A vazão afluente, neste reservatório, em dezembro foi aproximadamente 13% superior à média histórica do mês, representando uma significativa melhoria em relação ao mês de novembro, cuja média (23%) foi inferior ao valor mínimo absoluto para este mês (43%). O aumento na vazão média da bacia contribuiu para a elevação do nível de armazenamento no reservatório, de 6% em 30 de novembro para 31% no final de dezembro. Na bacia afluente à UHE Barra Grande (no rio Uruguai, entre os estados de RS e SC) a vazão representou 57% em dezembro, representando um aumento significativo com relação ao mês anterior (16%), e o nível de armazenamento do reservatório registrou 22% do volume útil no final do mês, representando uma elevação, em relação ao valor no final de novembro (7%). Para a bacia de drenagem da UHE Passo Real, localizada no Rio Jacuí – Rio Grande do Sul, a vazão afluente representou 34% da média histórica em dezembro, e o armazenamento no reservatório foi 36% do seu volume útil, uma queda de 10% com relação ao mês de novembro.
J. RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR
O mapa de risco de seca para a agricultura familiar é elaborado mensalmente a partir das variáveis físicas de ameaça de seca, tais como o déficit de precipitação, umidade do solo e índice de vigor vegetativo, combinadas com informações sobre as vulnerabilidade e capacidades locais da agricultura familiar. O mapa o risco é elaborado com foco na agricultura não irrigada, e considerando neste primeiro momento, o cultivo de feijão de acordo com o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB. O Boletim do Risco de Seca na Agricultura Familiar aponta o risco mensal durante o ciclo do feijão, considerando os municípios que estão no seu primeiro mês de plantio, no período crítico (segundo mês) e os que finalizaram a safra (terceiro mês). Na edição do mês de dezembro o destaque da avaliação do risco é para o plantio iniciado em setembro que finalizou em Dezembro com 13 municípios com risco alto e 36 com risco moderado.
Para mais detalhes, consulte o relatório na íntegra: http://www.cemaden.gov.br/ risco-de-seca-na-agricultura-familiar-janeiro2021
H. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
O mapa de risco de seca para a agricultura familiar é elaborado mensalmente a partir das variáveis físicas de ameaça de seca, tais como o déficit de precipitação, umidade do solo e índice de vigor vegetativo, combinadas com informações sobre as vulnerabilidade e capacidades locais da agricultura familiar. O mapa o risco é elaborado com foco na agricultura não irrigada, e considerando neste primeiro momento, o cultivo de feijão de acordo com o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB. O Boletim do Risco de Seca na Agricultura Familiar aponta o risco mensal durante o ciclo do feijão, considerando os municípios que estão no seu primeiro mês de plantio, no período crítico (segundo mês) e os que finalizaram a safra (terceiro mês). Na edição do mês de dezembro o destaque da avaliação do risco é para o plantio iniciado em setembro, finalizado no mês de dezembro contabilizando 13 municípios com risco alto e 36 com risco moderado.
Para mais detalhes, consulte o relatório na íntegra: http://www.cemaden.gov.br/ risco-de-seca-na-agricultura-familiar-janeiro2021