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MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – AGOSTO/2022
Sumário
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de agosto indica a permanência de seca moderada a severa em todos os estados da região Norte, Centro-Oeste, Sudeste, e estado da Bahia. Seca extrema foi observada no norte do Rio de Janeiro e sul do Espírito Santo e Bahia.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 835 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de agosto. O Acre foi o estado mais afetado, 100% dos municípios foram impactados pela seca, sendo que 19 deles com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva.
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos para o mês de agosto de 2022 , na Região Sul destaca-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, que vem registrando, consecutivamente, vazões inferiores à média histórica desde dezembro de 2018. A vazão média em Itaipu, em agosto, foi equivalente a 76% da média histórica, valor ligeiramente superior ao registrado no mês anterior. No Sudeste do país destaca-se o Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, onde foi registrada vazão afluente de apenas 53% da média histórica do mês, enquanto o armazenamento nos reservatórios encerrou o mês com 33% do volume útil (faixa de operação “Alerta”), o que representa uma redução de 3% em relação ao mês anterior, e situação pior que no mesmo período pré-crise (47,8%, no final de agosto de 2013). Ainda na Região Sudeste, a UHE Furnas registrou, no mês de agosto, vazão equivalente a 71% da média do mês, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 66% do volume útil. Na UHE Três Marias, também na região Sudeste, foi registrado vazão cerca de 1% acima da média histórica, e o reservatório finalizou o mês de agosto com 71% do volume útil. Na Região Centro-Oeste, a vazão na UHE Serra da Mesa foi 74% da média, e o nível de armazenamento do reservatório, no final de agosto, atingiu 62% da capacidade total. As bacias hidrográficas das UHEs Itaipu, Segredo e Barra Grande, no mês de agosto, apresentaram aumento na vazão em relação ao mês anterior, atingindo valores de 76%, 147%, e 97% em relação à média histórica. Em Segredo e Barra Grande também foi registado um aumento no armazenamento dos reservatórios, finalizando o mês com 64% e 91% da capacidade total, respectivamente.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: AGOSTO/2022
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de agosto de 2022 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
Saiba mais sobre o IIS
O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: agosto em relação a julho.
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de agosto e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30).
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (
Vegetation Condition Index
) e o TCI (
Temperature Condition Index
). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Agosto/2022
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 ( Figura 5 ) para as bacias afluentes aos reservatórios das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste) bem como Furnas e Três Marias (Sudeste) apresenta uma situação de seca hidrológica variando de moderada à extrema. Na bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 aponta para uma condição variando de normal à seca extrema. Observa-se uma condição mais crítica, em relação ao IIS-6, na região de cabeceira da bacia do rio Paraná. Para as sub-bacias das UHEs localizadas na bacia do rio Paraná, como, Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara, o IIS-6 apresenta condição variando entre uma condição normal (em parte da sub-bacia de Capivara) à seca extrema (na porção sul da sub-bacia de Nova Ponte). Nas bacias localizadas na Região Sul do país, incluindo as UHEs Segredo, Barra Grande e Passo Real, pode ser observada uma condição variando de normal à fraca. Destaque para a UHE Passo Real, cuja área da bacia está classifica inteiramente numa condição normal, situação similar ao mês anterior.
Na Região Sudeste, o SSFI-12 indica que o Sistema Cantareira se encontra em condição de seca hidrológica extrema (SSFI-12 = -1.7), mesma situação quando comparada ao mês anterior, julho de 2022. Ainda em agosto, as bacias das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste) e Três Marias (Sudeste) apresentam condição normal ( SSFI-12 = 0.4 e 1.0, respectivamente ) , e a UHE Furnas (Sudeste) em condição de seca hidrológica fraca (SSFI-12 = -0.6). Ressalta-se que as bacias hidrográficas afluentes a estas UHEs vêm enfrentando condições críticas, em termos de disponibilidade hídrica, desde 2014, ano em que ocorreu a grande seca na Região Sudeste do Brasil, como se observa na Figura 6 . No entanto, os eventos de chuvas extremas que ocorreram no Sul da Bahia e norte de Minas Gerais, durante estação chuvosa 2021/2022, contribuíram na melhoria das condições destas três bacias.
Na bacia do rio Paraná, a UHE Jurumirim encontra-se numa condição de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 ≤ -2.0), situação similar ao mês anterior. As bacias afluentes às UHEs Marimbondo e Capivara apresentam condição de seca hidrológica variando de moderada à extrema (SSFI-12 = -1.2 e -1.9, respectivamente) enquanto Itumbiara uma condição de seca fraca (SSFI-12 = -0.7). Ainda no mês de agosto, destaque para a bacia afluente à UHE Emborcação em uma condição de seca hidrológica normal (SSFI-12 = 0.0) desde abril de 2022. Uma condição normal também foi registrada na UHE Nova Ponte (SSFI-12 = -0.4), o que representa uma situação melhor quando comparada ao mês anterior (seca fraca).
Na Região Sul, em agosto, a bacia hidrográfica afluente a UHE Segredo apresentou condição de seca hidrológica fraca (SSFI-12 = -0.5), situação similar comparada ao mês anterior. Destaque para as UHEs Passo Real e Barra Grande que, atualmente, encontram-se numa condição considerada normal em relação a seca hidrológica, de acordo com SSFI-6 (1.2) e SSFI-12 (0.5), respectivamente. Especial atenção para a UHE Itaipu que se encontra em condições de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 = -2.1) pelo 21º mês consecutivo, e vem enfrentando condições de seca hidrológica desde dezembro de 2018.
REGISTRO DE IMPACTOS
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REGISTRO DE IMPACTOS DE SECAS
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Para mais informações fale conosco: secas@cemaden.gov.br