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MONITORAMENTO DE SECAS E IMPACTOS NO BRASIL – ABRIL/2022
Sumário
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de abril aponta a permanência de seca fraca em todos os estados da região Centro-Oeste, Sudeste e Norte, além da Bahia. Os cenários de IIS para o mês de junho (com chuvas 30% abaixo ou 30% acima da média) apresentam condições de seca fraca em grande parte do país, com condição de seca modera principalmente na região central de MG.
De acordo com a avaliação dos impactos da seca em áreas de atividades agrícolas e/ou pastagens (agroprodutivas), 1.660 municípios apresentaram pelo menos 40% de suas áreas de uso impactadas no mês de abril. Os estados de Minas Gerais e Goiás foram os que tiveram os maiores números de municípios com 40% ou mais de áreas agroprodutivas afetadas. Minas Gerais o estado que teve mais municípios com impacto da seca superior a 80% da área agroprodutiva (82).
Com relação aos impactos da seca nos recursos hídricos, na Região Sul destaca-se a usina hidrelétrica (UHE) Itaipu, que vem registrando, consecutivamente, vazões inferiores à média histórica desde dezembro de 2018. No mês de abril de 2022, a vazão média em Itaipu foi equivalente a 70% da média histórica. Na Região Centro-Oeste, a vazão natural na UHE Serra da Mesa foi 65% da média, e o nível de armazenamento do reservatório, no final de abril, atingiu 65%. Na Região Sudeste, a UHE Furnas registrou, no mês de abril, vazão equivalente a 75% da média histórica do mês, e o armazenamento no reservatório encerrou o mês com 85% do volume útil. Na UHE Três Marias, também na região Sudeste, foi registrado vazão natural de 86% da média histórica do mês, e o reservatório finalizou o mês de abril com 90% do volume útil. Ainda no Sudeste do país, no Sistema Cantareira, principal sistema hídrico de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo, a vazão afluente foi 53% da média, e o armazenamento finalizou com 44% do volume útil (faixa de operação “Atenção”), situação pior que no mesmo período pré-crise (52,3% no final de janeiro de 2013).
Os indicadores oceânicos e atmosféricos avaliados durante o mês de abril mostram que o atual episódio de La Nina ainda está em curso. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar ainda durante o inverno do Hemisfério Sul, embora enfraquecido. É importante recordar que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas atualizadas a partir das condições em abril/2022) concordam em prever, durante MJJ/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão MJJ/2022 do modelo do Centro Europeu (ECMWF), também aponta para um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul, embora com menor intensidade. As previsões subsazonais de chuva consultadas (3 a - 4 a semana: final de maio até início de junho) mostram uma pequena chance para chuva acima da média nos estados da Região Nordeste.
A. ÍNDICE INTEGRADO DE SECA (IIS) PARA O BRASIL: ABRIL/2022
Índice Integrado de Seca (IIS) referente ao mês de abril de 2022 nas escalas: 3 meses (IIS-3, esquerda) e 6 meses (IIS-6, direita).
Saiba mais sobre o IIS
O Índice Integrado de Seca (IIS) consiste na combinação do Índice de Precipitação Padronizada (SPI), a Água Disponível no Solo (ADS) juntamente com o Índice de Suprimento de Água para a Vegetação (VSWI) ou com o Índice de Saúde da Vegetação (VHI), ambos estimados por sensoriamento remoto. O SPI é um índice amplamente utilizado para detectar a seca meteorológica em diversas escalas e pode ser interpretado como o número de desvios padrões nos quais a observação se afasta da média climatológica. O índice negativo representa condições de déficit hídrico, nas quais a precipitação é inferior à média climatológica. O índice positivo representa condições de excesso hídrico, que indicam precipitação superior à média histórica.
Para integrar o IIS, o SPI é calculado a partir de dados observacionais de precipitação disponíveis no CEMADEN, no Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e Centros Estaduais de Meteorologia. O SPI é calculado com base na formulação proposta por Mckee et al. (1993) e considerando as escalas de 3, 6 e 12 meses, obtendo como produto final SPI na resolução espacial de 5km. O IIS possui as seguintes classes: condição normal (6), seca fraca (5), seca moderada (4), seca severa (3), seca extrema (2) e seca excepcional (1).
B. VARIAÇÃO MENSAL DO IIS: abril em relação a março.
C. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: VEGETAÇÃO E AGRICULTURA
Mapa de Índice da Saúde da Vegetação (VHI) para o Brasil referente ao mês de abril e gráfico das áreas impactadas pela seca por região (áreas com VHI < 30)
Saiba mais sobre o Índice de Saúde da Vegetação (VHI)
O Índice de Saúde da Vegetação (VHI) da NOAA/NESDIS é calculado a partir de dados do Índice de Vegetação da Diferença Normalizada (NDVI, sigla em inglês) e temperatura de brilho, devidamente calibrados e filtrados, resultando da composição de dois subíndices, o VCI (
Vegetation Condition Index
) e o TCI (
Temperature Condition Index
). O NDVI e a temperatura de brilho apresentam dois sinais ambientais distintos, o de resposta lenta do estado da vegetação (clima, solo, tipo de vegetação) e o de resposta mais rápida relacionado com a alteração das condições atmosféricas (precipitação, temperatura, vento, umidade). Este índice permite identificar o início/fim, área afetada, intensidade e duração da seca e sua relação com os eventuais impactos.
Estimativa das Áreas Agroprodutivas Afetadas por Município: Abril/2022
D. MONITORAMENTO DOS IMPACTOS DA SECA: RECURSOS HÍDRICOS
O IIS-6 para as bacias afluentes aos reservatórios das UHEs Serra da Mesa (Centro-Oeste) e Três Marias (Sudeste) apresenta uma situação de seca variando de fraca a moderada, enquanto Furnas (Sudeste) de fraca a severa (Figura 5). Para o Sistema Cantareira (Sudeste), o IIS-6 indica condições de seca moderada. Na bacia do rio Paraná, afluente à UHE Itaipu, o IIS-6 aponta para seca variando de fraca a severa. Ressalta-se melhores condições do IIS-6 na porção norte da bacia do Rio Paraná, quando comparada ao sul. Para as sub-bacias das UHEs localizadas na bacia do rio Paraná, como, Emborcação, Itumbiara, Marimbondo, Jurumirim, Nova Ponte e Capivara, o IIS-6 apresenta uma condição de seca variando entre fraca a severa. Nas bacias localizadas na Região Sul do país, incluindo as UHEs Segredo, Barra Grande e Passo Real, pode ser observada uma condição variando de seca fraca a moderada, indicando uma situação idêntica em relação ao mês anterior.
Na Região Sudeste, o SSFI-12 indica que o Sistema Cantareira se encontra em condição de seca hidrológica extrema (SSFI-12 = -2.0), mesma situação quando comparada ao mês anterior. As bacias das UHEs Serra da Mesa e Três Marias apresentam condição normal, e a UHE Furnas em condição de seca hidrológica fraca (SSFI-12 = -0.8), no mês de abril. Ressalta-se que as bacias hidrográficas afluentes a estas UHEs vêm enfrentando condições críticas, em termos de disponibilidade hídrica, desde 2014, ano em que ocorreu a grande seca na Região Sudeste do Brasil, como se observa na Figura 6. No entanto, os eventos de chuvas extremas que ocorreram no Sul da Bahia e norte de Minas Gerais, durante estação chuvosa 2021/2022, contribuíram na melhoria das condições destas três bacias.
Na bacia do rio Paraná, as UHEs Capivara e Jurumirim apresentam condição de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 ≤ -2.0) para o mês de abril, situação similar ao mês de março. As bacias afluentes às UHEs Nova Ponte, Itumbiara e Marimbondo apresentam condição de seca hidrológica variando de fraca a severa (SSFI-12 = -0.8, -0,9 e -1.5, respectivamente). Ainda no mês de abril, destaque para a bacia afluente à UHE Emborcação que passou para uma condição de seca hidrológica normal (SSFI-12 = -0.2).
Na Região Sul, em abril, as bacias hidrográficas afluentes às UHEs Passo Real, Barra Grande e Segredo apresentaram condição de seca hidrológica severa (SSFI-12 = -1.4, -1.5, -1.5, respectivamente). Especial atenção para a UHE Itaipu que se encontra em condições de seca hidrológica excepcional (SSFI-12 = -2.6) pelo 17º mês consecutivo, e vem enfrentando condições de seca hidrológica desde dezembro de 2018.
E. PREVISÃO SAZONAL E SUB-SAZONAL PARA O BRASIL
Os indicadores oceânicos e atmosféricos avaliados durante o mês de abril mostram que o atual episódio de La Nina ainda está em curso. A previsão por consenso entre o Climate Prediction Center e o International Research Institute indica que este episódio deva perdurar ainda durante o inverno do Hemisfério Sul, embora enfraquecido. É importante recordar que a La Niña atua no sentido de aumentar a chance para déficit de chuva na Região Sul e no Brasil-Central. As previsões sazonais multi-modelo de chuva do International Research Institute e do CPTEC/INMET/FUNCEME (ambas atualizadas a partir das condições em abril/2022) concordam em prever, durante MJJ/2022, condições desfavoráveis para chuva nos estados da Região Sul. A previsão MJJ/2022 do modelo do Centro Europeu (ECMWF), também aponta para um cenário mais provável para chuvas abaixo da média na Região Sul, embora com menor intensidade. As previsões subsazonais de chuva consultadas (3 a - 4 a semana: final de maio até início de junho) mostram uma pequena chance para chuva acima da média nos estados da Região Nordeste.
REGISTRO DE IMPACTOS
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REGISTRO DE IMPACTOS DE SECAS
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