Notícias
Boletim de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil – 08/04/2022 ANO 05 Nº 41
SUMÁRIO
A presente edição do Boletim Mensal de Impactos de Extremos de Origem Hidro-Geo-Climático em Atividades Estratégicas para o Brasil , elaborado pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), unidade de pesquisa do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), apresenta: (a) a avaliação das ocorrências e alertas para desastres naturais de origem hidro-geo-climático (inundações, enxurradas e movimento de massa) para o mês de março de 2022, e (b) o diagnóstico e cenários dos extremos pluviométricos (secas e inundações) e seus impactos em diferentes setores econômicos do Brasil para o trimestre de abril a junho de 2022 (AMJ).
No mês de março de 2022, foram enviados pela Sala de Situação do Cemaden 457 alertas, com 110 ocorrências registradas em municípios monitorados, sendo 66 de origem hidrológica e 44 de origem geológica.
Em grande parte da Região Norte e na porção norte das Regiões Centro-Oeste e Nordeste, e parte da Região Sul do Brasil, a maioria das estações hidrológicas disponíveis registraram níveis dos rios acima ou muito acima da média climatológica para o período. Nos Estados do Mato Grosso do Sul, Goiás, e na porção Oeste da Região Norte e dos Estados de Minas Gerais e São Paulo, várias estações apresentam níveis abaixo da média. A previsão sazonal para o trimestre AMJ indica tendência de vazões superiores à média nos rios localizados na Região Norte, no Estado Bahia e também no norte de Minas Gerais, vazões abaixo ou muito abaixo da média em grande parte da Região Centro-Oeste, na porção oeste das Regiões Nordeste e Sudeste, e vazões dentro da média nas demais áreas do Brasil.
O Índice Integrado de Seca (IIS) para o mês de março, quando comparado ao mês de fevereiro, aponta permanência de seca fraca em todos os estados das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, além do estado da Bahia. Em especial destaca-se a seca moderada a severa na região central de MG e DF. Os cenários de IIS para o mês de abril (com chuvas 30% abaixo ou 30% acima da média) apresentam condições de seca fraca em grande parte do país, com condição de seca modera à severa principalmente nos estados do Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Região Sul do país.
Os impactos da seca nos recursos hídricos mostram que no Sistema Cantareira (São Paulo) e nas Usinas Hidrelétricas (UHEs) Três Marias (rio São Francisco), Furnas (rio Grande) e Serra da Mesa (rio Tocantins), as vazões médias registradas foram, respectivamente, da ordem de 59%, 100%, 64% e 93% da média histórica. Adicionalmente, atingiram, no final de março de 2022, valores de volume armazenado de 45%, 94%, 81% e 62%, respectivamente. Considerando um cenário hipotético de chuvas na média histórica, a projeção de vazão afluente média de acordo com o modelo hidrológico, no trimestre AMJ, seria de 70%, 97%, 89% e 78% da média histórica, e armazenamento em torno de 35%, 89%, 84%, e 66%, respectivamente. As bacias hidrográficas das UHEs Itaipu, Segredo, Barra Grande e Passo Real, apresentaram no mês de março vazão de 68%, 102%, 121% e 60% em relação à média histórica, e armazenamento de 66%, 35% e 31%, respectivamente, para Segredo, Barra Grande e Passo Real. Destaque para UHE Itaipu que registrou redução da vazão em relação ao mês anterior, com valor próximo ao mínimo absoluto para o mês de março.
SÍNTESE DO ENVIO DE ALERTAS E REGISTRO DE OCORRÊNCIAS
No mês de março de 2022 foram enviados pela Sala de Situação do Cemaden um total de 457 alertas para municípios monitorados (Tabela 1), com destaque para a Região Sudeste (230 alertas, ou 50,3% do total)[1] . Em relação às ocorrências registradas para o período, estas também se concentraram na Região Sudeste, com 31 eventos de risco hidrológico, e 20 eventos de risco geológico.
Tabela 1 – Alertas enviados e ocorrências registradas nas diferentes regiões do Brasil no mês de março de 2022.
[1] Informações adicionais sobre o envio de alertas e o registro de ocorrências são apresentadas no Boletim Trimestral da Sala de Situação, disponível em https://www.gov.br/cemaden/pt-br .
RISCO HIDROLÓGICO: Situação atual e previsão
Figura 1 – Situação dos níveis dos rios no Brasil em 06 de abril de 2022 em relação a climatologia da estação hidrológica de medição.
A previsão sazonal para o trimestre AMJ do modelo Global Flood Awareness System (GloFAS), indica a permanência de probabilidade superior a 75% para ocorrência de vazões acima da média nos rios localizados na Região Norte do Brasil, parte do Nordeste, principalmente no Estado da Bahia. Na porção sul da Região Centro-Oeste e Oeste das Regiões Nordeste e Sudeste do Brasil, a previsão indica probabilidade acima de 75% para vazões abaixo da média climatológica para o período e vazões dentro da média climatológica nas demais áreas do país.
IMPACTOS DA SECA NA VEGETAÇÃO E NA AGRICULTURA
Índice Integrado de Seca (IIS): observado e cenários para o Brasil
O Índice Integrado de Seca para o mês de março (Figura 2a) indica a permanência da seca fraca nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, Sul, além do estado da Bahia. Condições de seca moderada a severa foram observadas na região central de MG, além de partes de GO e DF.
Os cenários de IIS para o mês de abril (Figuras 2b e 2c), considerando chuvas 30% abaixo e 30% acima da média, indicam a permanência de condições de seca fraca em grande parte do Brasil. Em ambos os cenários de chuva (30% abaixo e acima da média), é prevista a permanência de condições de seca moderada a severa na parte central de MG, GO e DF, além de parte do MS, PR e RS.
Figura 2 – Índice Integrado de Seca (IIS-6) para o Brasil, observado no mês de março (a) e projeções para o mês de abril de 2022, considerando um cenário de chuvas 30% abaixo (b) e 30% acima da climatologia (c).
A descrição da estimativa do IIS e a avaliação dos impactos de secas a nível nacional e também na agricultura familiar, referente ao mês de março, podem ser consultados, respectivamente: no Boletim de Monitoramento de Secas e Impactos no Brasil ( https://www.gov.br/cemaden/pt-br/assuntos/monitoramento/monitoramento-de-seca-para-o-brasil/monitoramento-de-secas-e-impactos-no-brasil-2013-fevereiro-2022 ) e Boletim de Monitoramento do Risco de Seca com foco na Agricultura Familiar ( https://www.gov.br/cemaden/pt-br/assuntos/monitoramento/seca-na-agricultura-familiar/risco-de-seca-na-agricultura-familiar-março-2022 ) .
IMPACTOS DA SECA NOS RECURSOS HÍDRICOS
Sistema Cantareira
O Sistema Cantareira – que abastece parte da região metropolitana de São Paulo – atingiu 45% de seu volume útil em 31 de março de 2022, na faixa de operação “Atenção” (armazenamento entre 40% a 60%). Esse valor representa um aumento de 2% em relação ao mês anterior, porém, uma situação pior quando comparado ao volume útil no mesmo período do ano de 2021 (53%). No mês de março de 2022, os valores de precipitação e de vazão registrados na bacia foram de 110 mm e 35 m 3 /s , o que representa, em termos percentuais, 63% e 59% da média histórica, respectivamente.
Figura 3 – Histórico e cenários (abril a junho de 2022) de armazenamento (%) no Sistema Cantareira. As faixas coloridas indicam os limites operacionais estabelecidos na Resolução conjunta ANA/DAEE N° 925.
Em um cenário hipotético de chuvas 25% abaixo, na média e, 25% acima da média histórica, conforme apresentado na Figura 3, o modelo hidrológico PDM/Cemaden projeta uma vazão afluente de 55%, 70% e 84% da média histórica para o trimestre AMJ. Ainda considerando este mesmo cenário de chuvas, o volume útil armazenado, no final de junho de 2022, poderia atingir 31%, 35% e 38%, respectivamente, passando da atual faixa de operação “Atenção” para a faixa de operação “Alerta” (armazenamento entre 30% a 40%).
É importante ressaltar que nessas simulações, foi desconsiderado o aporte de interligação com a bacia do Rio Paraíba do Sul (de acordo com a Resolução ANA Nº 1931), uma vez que, desde 09 de janeiro de 2022 segue desativada. Além disso, nestas simulações foi considerada uma vazão defluente (Q jusante) para as bacias do PCJ (rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí), igual a 8,7 m³/s e 8,0 m³/s para estação seca e chuvosa, respectivamente m³/s. Para maiores informações, consulte o Relatório da Situação atual e projeção hidrológica para o Sistema Cantareira – março de 2022 ( https://www.gov.br/mcti/pt-br/rede-mcti/cemaden/conteudo/monitoramento/monitoramento-hidrologico/relatorio-cantareira/situacao-atual-e-projecao-hidrologica-para-o-sistema-cantareira-08-04-2022-ano-8-no-67 ).
[2] O PDM/Cemaden é um modelo probabilístico baseado na umidade do solo e utiliza como entradas a precipitação e a evapotranspiração potencial para estimar a vazão.
Reservatório da UHE Três Marias, Bacia do Rio São Francisco
Na bacia afluente à Usina Hidrelétrica (UHE) Três Marias, localizada no alto São Francisco, no mês de março de 2022, choveu 26 mm, e a vazão foi de 1075 m³/s. Esses valores representam, em termos percentuais, 16% e 100% da média histórica do período, respectivamente. O armazenamento no reservatório atingiu, em 31 de março, 94% do volume útil, faixa de operação “Normal” (armazenamento entre 60% a 100%). Esse valor é 2% superior ao mês anterior e, adicionalmente representa uma situação melhor ao registrado no mesmo período de 2021 (72%).
Figura 4 – Histórico e projeções ( abril a junho de 2022 ) de vazão natural média mensal (m³/s) ao reservatório da UHE Três Marias.
De acordo com as projeções hidrológicas para o trimestre AMJ, apresentadas na Figura 5, para cenários hipotéticos de chuvas 25% abaixo, na média e 25% acima da média histórica, a vazão natural, nesta bacia, poderá atingir valores de 87%, 97% e 107% da média histórica, respectivamente. Ainda para esses mesmos cenários de precipitações, o modelo hidrológico indica que o reservatório estaria, no final do horizonte de projeções, com aproximadamente 87%, 89% e 91% do volume útil armazenado, respectivamente.
Com situação de armazenamento classificada como normal, o Boletim da Situação mensal para UHE Três Marias segue temporariamente suspensa – conforme nota técnica ( https://www.gov.br/cemaden/pt-br/assuntos/monitoramento/monitoramento-hidrologico/relatorio-tres-marias/situacao-atual-e-projecao-hidrologica-para-reservatorio-tres-marias-14-03-2022 ).
Reservatório da UHE Furnas, Bacia do Rio Grande
Na bacia afluente à Usina Hidrelétrica (UHE) Furnas, no Rio Grande, no mês de março de 2022, choveu um acumulado de 77 mm, e a vazão registrada foi de 834 m³/s, o que representa, respectivamente, 45% e 64% da média do mês. O armazenamento registrado no reservatório, em 31 de março, foi de 81% do volume útil, uma condição melhor se comparado ao mês anterior (78%), e significativamente melhor ao mesmo período do ano de 2021 (39%).
Figura 5 – Histórico e projeções ( abril a junho de 2022 ) de vazão natural média mensal (m³/s) ao reservatório da UHE Furnas.
De acordo com as projeções hidrológicas para o trimestre AMJ, apresentadas na Figura 5, para cenários hipotéticos de chuvas 25% abaixo, na média e 25% acima da média histórica, a vazão natural, nesta bacia, poderá atingir valores de 83%, 89% e 96% da média histórica, respectivamente. Ainda para esses mesmos cenários de precipitações, o modelo hidrológico indica que o reservatório estaria, no final do horizonte de projeções, com aproximadamente 82%, 84% e 86% do volume útil armazenado, respectivamente (faixa de operação “Normal”).
Reservatório da UHE Serra da Mesa, Bacia do Rio Tocantins
Na bacia afluente à Usina Hidrelétrica (UHE) Serra da Mesa, no alto do Rio Tocantins, em março de 2022, choveu 93 mm, e a vazão média natural registrada foi 1172 m³/s. Esses valores representam, em termos percentuais, cerca de 44% e 93% da média histórica do mês, respectivamente. O reservatório operou com 62% de armazenamento em 31 de março de 2022, o que representa um aumento de 6% em relação ao mês anterior e de 29% em relação ao mesmo período do ano de 2021.
Figura 6 – Histórico e projeções ( abril a junho de 2022 ) de vazão natural média mensal (m³/s) ao reservatório da UHE Serra da Mesa.
As projeções hidrológicas para o trimestre AMJ, apresentadas na Figura 6, considerando cenários hipotéticos de chuvas 25% abaixo, na média e 25% acima da média histórica, indicam vazões de 71%, 78% e 86% acima da média histórica para este período e armazenamento de 65%, 66% e 67% no final de junho de 2022, respectivamente.
Para maiores informações, consulte o Boletim da Situação atual e projeção hidrológica UHE Serra da Mesa – março de 2022 ( https://www.gov.br/mcti/pt-br/rede-mcti/cemaden/conteudo/monitoramento/monitoramento-hidrologico/relatorio-serra-da-mesa/situacao-atual-e-projecao-hidrologica-para-o-reservatorio-de-serra-da-mesa-bacia-do-rio-tocantins-12-04-2022-ano-3-no-23 ).
Região Sul do Brasil
O mês de março registrou o retorno das chuvas na região Sul do país, principalmente na segunda quinzena, com situações de volumes acima da média histórica. As UHE’s de Itaipu, Segredo, Barra Grande e Passo Real apresentaram vazões médias, de 11060 m³/s, 750 m³/s, 221 m³/s e 74 m³/s, o que representa valores percentuais da média histórica, 68%, 102%, 121% e 60%, respectivamente. Destaque para Itaipu que registrou redução da vazão em relação ao mês anterior, com valor próximo ao mínimo absoluto para este mês. No que concerne ao armazenamento, nos reservatórios de Segredo, Barra Grande e Passo Real foram registrados volumes de 66%, 35% e 31%, respectivamente. Esses valores representam, em termos percentuais, um aumento de 8% e de 16% relativo ao mês anterior, em Segredo e Barra Grande, respectivamente. Em Passo Real, o nível de armazenamento permaneceu constante quando comparado ao mês anterior.
IMPACTOS DOS EXTREMOS PLUVIOMÉTRICOS NA AGRICULTURA E HIDROLOGIA: MARÇO/2022
[3] A sigla MLT significa Média de Longo Termo ou, em outras palavras, média que representa a situação observada por longo período, geralmente igual ou maior que 30 anos.
IMPACTOS DOS EXTREMOS PLUVIOMÉTRICOS NA AGRICULTURA E HIDROLOGIA: POSSÍVEIS CENÁRIO
Diretor do Cemaden:
Osvaldo Luiz Leal de Moraes
Coordenador Responsável:
José A. Marengo
Revisor Científico desta Edição:
José A. Marengo
Colaboradores:
Adriana Cuartas, Ana Paula Cunha, Elisângela Broedel, Fabiani Bender, Fabiana Bartolemei, Larissa Silva, Lidiane Costa, Marcelo Seluchi, Marcelo Zeri, Márcio Moraes, Rafael Luiz, Vinicius Sperling
NOTAS
IMPORTANTES
:
1.
Os relatórios com informações mais detalhadas sobre a situação atual das principais reservas hídricas e condições de seca em todo o País, bem como as projeções hidrológicas e possíveis cenários de impactos da seca, encontram-se disponíveis e atualizados no Website do Cemaden (
hhttps://www.gov.br/cemaden/pt-br
).
2. As informações/produtos apresentados não podem ser usados para fins comerciais, copiados integral ou parcialmente para a reprodução em meios de divulgação, sem a expressa autorização do Cemaden/MCTI e dos demais órgãos com os quais o Cemaden mantém parcerias. Os usuários deverão sempre mencionar a fonte das informações/dados da instituição como sendo do Cemaden/MCTI. Ressaltamos que a geração e a divulgação das informações/produtos consideram critérios de qualidade e consistência dos dados.
3. Registramos, ainda, que os dados da rede de monitoramento de desastres naturais disponibilizados via Mapa Interativo no website do Cemaden não passaram por nenhum tratamento, portanto poderá haver inconsistências nesses dados.