Notícias
RiSAF - RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR OUT./23
RiSAF- Risco da Seca na Agricultura Familiar.
SEVERIDADE DA SECA PARA AGRICULTURA
De acordo com o calendário de plantio da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) para as culturas de feijão e milho, seis estados encontram-se com calendário de plantio vigente, conforme destacado na tabela abaixo (Figura 1).
As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente um impacto na produção, por outro lado, secas nas categorias moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto, dependendo do período que ocorre o déficit hídrico. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.
Assim, referente ao mês de outubro, a região Sudeste apresentou 15 municípios com condição de seca moderada, todos no estado de Minas Gerais.
Na região Centro-Oeste, o estado do Mato Grosso apresentou 3 municípios com condição de seca severa. Outros 83 municípios apresentaram condição de seca moderada no mês de outubro, 68 no Mato Grosso, 13 no Goiás e 2 no Mato Grosso do Sul.
Na região Norte, por sua vez, 22 municípios apresentaram condição de seca extrema, 16 no estado de Roraima e 6 no estado do Acre. Os estados de Rondônia (24 municípios), Amazonas (11 municípios), Acre (9 municípios) e Pará (2 municípios) tiveram 46 municípios com condição de severa. Outros 129 municípios apresentaram condição de seca moderada, distribuídos nos estados do Acre (7), Amazonas (32), Pará (35), Rondônia (12), Roraima (6) e Tocantins (37).
A região Nordeste, a Bahia é o único estado com calendário de plantio vigente para outubro. O estado teve 3 municípios com condição de seca extrema, 50 municípios com condição de seca severa e 164 municípios com condição de seca moderada.
Por fim, em relação a região Sul, para o mês de outubro, apresentou apenas alguns municípios com condição de seca fraca.
O monitoramento da severidade da seca no contexto da agricultura familiar é realizado por meio do Índice Integrado de Seca (IIS), tal índice combina informações sobre o déficit de precipitação na escala de um mês (SPI1), umidade do solo (anomalia da umidade do solo considerando um metro de profundidade) e o índice de saúde da vegetação (VHI), que combina dados de temperatura e condição do vigor vegetativo. A partir do IIS é possível inferir áreas com maior potencial de impactos em razão da seca. As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente um impacto na produção, por outro lado, secas nas categorias moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto, dependendo do período do deficit hídrico. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.
RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR
O risco de seca na agricultura familiar é avaliado considerando o cultivo de feijão e/ou milho não irrigados. O risco considera a exposição ao déficit hídrico associada às vulnerabilidades e capacidades adaptativas de cada município em relação ao sistema de agricultura familiar. Além disso, é utilizado o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB*.
As Figuras 2, 3 e 4 mostram, respectivamente, o risco de seca para o plantio realizado nos meses de outubro/23, setembro/23 e agosto/23. Destaca-se que em outubro inicia o calendário agrícola 2023/2024. Para o plantio realizado no mês de outubro (Figura 2), 25 municípios apresentaram risco em relação a seca muito alto, 7 na região Nordeste e 8 na região Norte. As regiões Nordeste, Norte, Sudeste e Centro-Oeste apresentaram respectivamente 103, 76, 10 e 6 municípios com risco à seca alto para o plantio em outubro. Por fim, outros 295 municípios apresentaram risco moderado, sendo 114 deles na região Nordeste.
Considerando o plantio em setembro (Figura 3), o estado do Amazonas, único da região Norte com calendário de plantio para esse mês apresentou 1 município com risco muito alto, 26 municípios com risco alto e 18 municípios com risco moderado. A região Sudeste teve 10 municípios com risco alto e 1 moderado, ambos em Minas Gerais.
Para os municípios que iniciaram o plantio no mês de agosto (Figura 4), e, portanto, encerraram o seu ciclo no mês de outubro, 38 municípios apresentaram risco alto, sendo eles divididos nas regiões Norte (30) e Sudeste (8). Além disso, outros 19 municípios apresentaram risco moderado, sendo 18 na região Norte e 1 na região Sudeste.
O risco de seca na agricultura familiar é avaliado considerando o cultivo de feijão e/ou milho não irrigados. O risco considera a exposição ao déficit hídrico associada às vulnerabilidades e capacidades adaptativas de cada município em relação ao sistema de agricultura familiar. Além disso, é utilizado o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB*.
IMPACTO DA SECA NA AGRICULTURA
O impacto da seca na agricultura considera o boletim da CONAB e traz os destaques para o plantio de grãos no geral, possibilitando a comparação de estimativa de safra inicial e do mês corrente, panorama geral e as principais comodities.
Na primeira estimativa de outubro de 2023 para a safra de grãos 2023/24 previa-se uma produção total de 317,5 milhões de toneladas. A estimativa da safra divulgada em novembro de 2023 indica a produção de 316,7 milhões de toneladas, comparativamente à primeira estimativa, observa-se diminuição de 0,2%.
A Tabela 1 indica os estados, as culturas impactadas e a variação da produção estadual estimada em novembro de 2023 comparado com a primeira estimativa (outubro 2023). Além da seca, outros fatores como a diminuição ou o aumento da área semeada, migração para culturas mais rentáveis e a infestação de pragas podem influenciar na variação na produção.
A seguir são apresentados os principais destaques em relação à produção agrícola nos estados com registro de impacto:
Amazonas: a semeadura do arroz não começou devido à seca severa que afeta o estado. A quantidade mínima de chuva ainda não foi suficiente para proporcionar a umidade necessária ao solo, o que está impedindo o plantio.
Bahia: Feijão as operações de semeadura ainda não haviam iniciado até o final de outubro. A escassez de chuvas nas principais regiões produtoras foi um dos fatores complicadores para essa implantação das lavouras, que deve ocorrer a partir de novembro. Feijão-caupi a escassez de chuvas nas principais regiões produtoras durante boa parte do último mês foi um dos fatores que inviabilizou a iniciação do plantio, algo que deve ocorrer a partir de novembro. Milho, estimativa da redução da área devido ao risco climático e à expectativa de chuvas abaixo da média, além da baixa lucratividade auferida na safra passada. O plantio da lavoura de sequeiro não foi iniciado, aguardando-se o início das chuvas.
Bahia: até o final de outubro, as operações de semeadura de feijão não haviam começado devido à escassez de chuvas nas principais regiões produtoras. No caso do feijão-caupi, a falta de chuvas nas principais regiões produtoras durante boa parte do último mês inviabilizou o início do plantio, que agora deve ocorrer a partir de novembro. Quanto ao milho, a estimativa é de redução da área devido ao risco climático, expectativa de chuvas abaixo da média e baixa lucratividade na safra passada. O plantio da lavoura de sequeiro ainda aguarda o início das chuvas para iniciar.
Mato Grosso: devido à maior sensibilidade do milho à escassez de água em comparação com a soja, muitos produtores estão esperando a normalização das chuvas para começar a semeadura do milho.
Pará: o plantio de milho ainda não começou no estado devido à instabilidade das janelas de chuva no sudeste.
Rondônia: a intensa seca nas áreas produtoras de arroz no estado resulta em altas temperaturas e falta de água. Embora as chuvas tenham começado, os volumes são baixos. O plantio das lavouras teve início, mas a irregularidade das precipitações pode exigir replantio para assegurar o desenvolvimento da cultura.
ATENÇÃO: Na primeira semana do mês de setembro, uma chuva intensa afetou grande parte da regiao central do Rio Grande do Sul, em especial a regiao do Vale do Taquari, causando fatalidades, número elevado de desabrigados e também impactando a agricultura familiar. Contudo, é relevante destacar que, até o momento presente, o RiSAF ainda nao inclui os indicadores de extremos chuvosos, por essa razão, a região sul está classificada como de baixa severidade e risco em relação à agricultura familiar, mesmo diante desses eventos climáticos excepcionais.
DOWNLOAD DOS DADOS (CLIQUE AQUI)
REGISTRO DE IMPACTOS : Gostaria de contribuir registrando ocorrência de eventos de secas no seu município? Sua informação é bem-vinda, mesmo ocorrências de pequenos impactos são de extrema importância. Você pode enviar suas informações pelo link: REGISTRO DE IMPACTOS DE SECAS .
Para mais informações fale conosco: secas@cemaden.gov.br
Como citar:
CEMADEN - CENTRO NACIONAL DEMONITORAMENTO E ALERTAS DE DESASTRES NATURAIS. RiSAF - Risco da Seca na Agricultura Familiar, SP, v.3, n. 37, Outubro 2023. ISSN: 2965-2014