Notícias
RiSAF - RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR AGO./24
RiSAF - Risco da Seca na Agricultura Familia
SEVERIDADE DA SECA PARA AGRICULTURA
De acordo com o calendário de plantio da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) para as culturas de feijão e milho, seis estados encontram-se com calendário de plantio vigente (Figura 1).
As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente um impacto na produção, por outro lado, secas nas categorias moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto, dependendo do período que ocorre o déficit hídrico. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.
Assim, referente ao mês de agosto, a região Sudeste apresentou 50 municípios com condição severa e 471 municípios com condição de seca moderada, todos no estado de Minas Gerais. Ressalta-se que o estado é o único com calendário vigente para plantio de feijão e/ou milho no mês de agosto.
Na região Centro-Oeste, para o mês de agosto, apenas o estado do Mato Grosso do Sul estava com calendário de plantio vigente. Dessa forma, 8 municípios apresentaram condição de seca severa e 17 municípios apresentaram condição de seca moderada.
Na região Norte, por sua vez, 4 municípios com condição de seca extrema, todos eles distribuídos no estado do Amazonas, o único com calendário de plantio vigente para o mês. Outros 30 municípios com condição de seca severa e 17 municípios com condição seca moderada no Amazonas.
A região Nordeste, para o mês de agosto, não possui calendário de plantio vigente segundo a CONAB.
Por fim, em relação à região Sul, para o mês de agosto, 2 municípios apresentaram condição de seca severa no estado do Paraná. Além disso, outros 123 municípios apresentaram condição de seca moderada,sendo 120 deles no estado do Paraná.
O monitoramento da severidade da seca no contexto da agricultura familiar é realizado por meio do Índice Integrado de Seca (IIS), tal índice combina informações sobre o déficit de precipitação na escala de um mês (SPI1), umidade do solo (anomalia da umidade do solo considerando um metro de profundidade) e o índice de saúde da vegetação (VHI), que combina dados de temperatura e condição do vigor vegetativo. A partir do IIS é possível inferir áreas com maior potencial de impactos em razão da seca. As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente um impacto na produção, por outro lado, secas nas categorias moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto, dependendo do período do deficit hídrico. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.
RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR
O risco de seca na agricultura familiar é avaliado considerando o cultivo de feijão e/ou milho não irrigados. O risco considera a exposição ao déficit hídrico associada às vulnerabilidades e capacidades adaptativas de cada município em relação ao sistema de agricultura familiar. Além disso, é utilizado o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB*.
As Figuras 2, 3 e 4 mostram, respectivamente, o risco de seca para o plantio realizado nos meses de agosto/24, julho/24 e junho/24. Para o plantio realizado no mês de agosto (Figura 2), 9 municípios apresentaram risco muito alto, todos na região Norte. Outros 69 municípios apresentaram risco alto em relação à seca, 33 na região Norte, 35 na região Sudeste e 1 na região Centro-Oeste. Outros 148 municípios apresentaram risco moderado, sendo 111 deles na região Sudeste e 17 na região Norte.
Considerando o plantio em julho (Figura 3), 8 municípios apresentaram risco muito alto, todos na região Norte. Outros 111 municípios apresentaram risco alto em relação à seca, distribuídos entre as regiões Norte (65), Nordeste (23), Centro-Oeste (18) e Sudeste (5). Além disso, outros 411 municípios apresentaram risco moderado, distribuídos nas regiões Sudeste (201), Centro-Oeste (104), Norte (63) e Nordeste (43).
Para os municípios que iniciaram o plantio no mês de junho (Figura 4), e, portanto, encerraram o seu ciclo no mês de agosto. Ao todo, 16 municípios apresentaram risco muito alto em relação à seca, 9 na região Norte, 5 na região Sudeste e 2 na região Nordeste. Outros 393 municípios apresentaram risco alto em relação à seca, distribuídos nas as regiões Sudeste (126), Norte (106), Nordeste (116) e Centro-Oeste (45). Outros 840 municípios apresentaram risco moderado, sendo 412 na região Sudeste, 220 na região Centro-Oeste, 141 na região Norte e 67 na região Nordeste.
IMPACTO DA SECA NA AGRICULTURA
O impacto da seca na agricultura considera o boletim da CONAB e traz os destaques para o plantio de grãos no geral, possibilitando a comparação de estimativa de safra inicial e do mês corrente, panorama geral e as principais comodities.
Na primeira estimativa de outubro de 2023 para a safra de grãos 2023/24 previa-se uma produção total de 317,5 milhões de toneladas. A décima segunda estimativa da safra divulgada em setembro de 2024 indica o volume de produção de 298,41 milhões de toneladas, comparativamente à primeira estimativa, observa-se uma redução de 6% ou aproximadamente 18 milhões de toneladas.
A Tabela 1 indica os estados, as culturas de milho e feijão impactadas e a variação da produção estadual divulgada em setembro de 2024 comparado com a primeira estimativa (outubro 2023). Além da seca, outros fatores como a diminuição ou o aumento da área semeada, migração para culturas mais rentáveis e a infestação de pragas podem influenciar na variação na produção.
A seguir são apresentados os principais destaques em relação à produção agrícola nos estados com registro de impacto:
Alagoas: o cultivo está concentrado nas regiões do Agreste e do Sertão do estado. A cultura feijão-caupi (terceira safra) no Sertão alagoano, em grande parte, foi prejudicada devido à ausência de chuva durante o enchimento de grãos da lavoura em agosto.
Bahia: a colheita do feijão-caupi (segunda safra) foi concluída. A restrição nas chuvas teve um impacto negativo nos resultados dessa safra em comparação com a anterior.
Minas Gerais: a colheita do feijão-cores (segunda safra) foi finalizada em julho. As condições climáticas mais secas nesta temporada comprometeram o desenvolvimento das lavouras e aumentaram a incidência de pragas e doenças.
Paraná: o clima seco e quente no norte do estado, combinado com a baixa disponibilidade de água, tem afetado negativamente o potencial produtivo do feijão-cores (terceira safra). A colheita do milho (segunda safra) está quase completa, com apenas algumas áreas restantes. Durante o ciclo dessa cultura, vários municípios no extremo-oeste, noroeste e norte do estado enfrentaram déficits hídricos, e a combinação com altas temperaturas causou perdas significativas na produtividade das lavouras.
Rondônia: com a conclusão da colheita do feijão-cores (segunda safra), ficou evidente a severa escassez de chuvas, que impactou significativamente as lavouras nas fases decisivas de formação e maturação dos grãos.
São Paulo: a colheita do feijão-cores (segunda safra) foi concluída no estado, e as perdas foram acentuadas pelo estresse hídrico, com chuvas insuficientes e baixos níveis de umidade no solo, comprometendo a disponibilidade de água para as plantas. A colheita do milho (segunda safra) também chegou ao fim, sendo que a cultura foi severamente prejudicada pela falta de chuvas e pelas altas temperaturas, resultando em danos consideráveis ao seu desenvolvimento.
DOWNLOAD DO BOLETIM (CLIQUE AQUI)
DOWNLOAD DOS DADOS (CLIQUE AQUI)
REGISTRO DE IMPACTOS : Gostaria de contribuir registrando ocorrência de eventos de secas no seu município? Sua informação é bem-vinda, mesmo ocorrências de pequenos impactos são de extrema importância. Você pode enviar suas informações pelo link: REGISTRO DE IMPACTOS DE SECAS .
Para mais informações fale conosco: secas@cemaden.gov.br
Como citar:
CEMADEN - CENTRO NACIONAL DEMONITORAMENTO E ALERTAS DE DESASTRES NATURAIS. RiSAF - Risco da Seca na Agricultura Familiar, SP, v.4, n. 47, Agosto 2024. ISSN: 2965-2014