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RiSAF - RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR AGO./23
SEVERIDADE DA SECA PARA AGRICULTURA
De acordo com o calendário de plantio da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) para as culturas de feijão e milho, seis estados encontram-se com calendário de plantio vigente, conforme destacado na tabela abaixo (Figura 1).
As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente um impacto na produção, por outro lado, secas nas categorias moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto, dependendo do período que ocorre o déficit hídrico. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.
Figura 1 – Severidade da seca referente ao mês de agosto considerando apenas os estados com calendário vigente.
Assim, referente ao mês de agosto, na região Sudeste apenas o estado de Minas Gerais está com calendário vigente de plantio e o mesmo apresentou 3 municípios com condição de seca de seca moderada.
Na região Centro-Oeste, 3 municípios apresentaram condição de seca moderada, todos no único estado com calendário de plantio vigente, Mato Grosso do Sul.
Na região Norte, por sua vez, 2 municípios apresentaram condição severa de seca, no Amazonas. Outros 26 municípios apresentaram condição de seca moderada, todos no estado do Amazonas.
A região Sul apresentou 3 municípios no Rio Grande do Sul com condição moderada. Ressalta-se que toda a região encontra-se com calendário de plantio vigente para o mês de agosto.
Por fim, em relação a região Nordeste, para o mês de agosto, não possuí calendáro de feijão ou milho vigente.
O monitoramento da severidade da seca no contexto da agricultura familiar é realizado por meio do Índice Integrado de Seca (IIS), tal índice combina informações sobre o déficit de precipitação na escala de um mês (SPI1), umidade do solo (anomalia da umidade do solo considerando um metro de profundidade) e o índice de saúde da vegetação (VHI), que combina dados de temperatura e condição do vigor vegetativo. A partir do IIS é possível inferir áreas com maior potencial de impactos em razão da seca. As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente um impacto na produção, por outro lado, secas nas categorias moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto, dependendo do período do deficit hídrico. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.
RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR
O risco de seca na agricultura familiar é avaliado considerando o cultivo de feijão e/ou milho não irrigados. O risco considera a exposição ao déficit hídrico associada às vulnerabilidades e capacidades adaptativas de cada município em relação ao sistema de agricultura familiar. Além disso, é utilizado o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB*.
As Figuras 2, 3 e 4 mostram, respectivamente, o risco de seca para o plantio realizado nos meses de agosto/23, julho/23 e junho/23. Para o plantio realizado no mês de agosto (Figura 2), apenas à região Norte apresentou risco alto e Moderado, sendo todos eles no estado do Amazonas, respectivamente 12 e 9 municípios.
Considerando o plantio em julho (Figura 3), 23 municípios apresentaram risco alto, nas regiões Norte (18) e Nordeste (5). Outros 34 municípios apresentaram risco moderado, 18 na região Norte e 16 na região Nordeste.
Para os municípios que iniciaram o plantio no mês de junho (Figura 4), e, portanto, encerraram o seu ciclo no mês de agosto, 128 municípios apresentaram risco alto, sendo eles divididos nas regiões Sudeste (12), Nordeste (62) Norte (47) e Centro-Oeste (7). Por fim, outros 108 municípios apresentaram risco moderado, sendo 6 na região Sudeste, 46 na região Norte, 15 na região Centro-oeste e 41 na região Nordeste.
Figura 2 – Risco da Seca na Agricultura Familiar. Plantio: Ago/23.
Figura 3 – Risco da Seca na Agricultura Familiar. Plantio: Jul/23.
Figura 4 – Risco da Seca na Agricultura Familiar. Plantio: Jun/ 23.
O risco de seca na agricultura familiar é avaliado considerando o cultivo de feijão e/ou milho não irrigados. O risco considera a exposição ao déficit hídrico associada às vulnerabilidades e capacidades adaptativas de cada município em relação ao sistema de agricultura familiar. Além disso, é utilizado o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB*.
IMPACTO DA SECA NA AGRICULTURA
O impacto da seca na agricultura considera o boletim da CONAB e traz os destaques para o plantio de grãos no geral, possibilitando a comparação de estimativa de safra inicial e do mês corrente, panorama geral e as principais comodities.
Na primeira estimativa de outubro de 2022 para a safra de grãos 2022/23 previa-se uma produção total de 312,4 milhões de toneladas. A última estimativa da safra 2022/23 divulgada em setembro de 2023 indica a produção de 322,8 milhões de toneladas, comparativamente à primeira estimativa, observa-se aumento de 2,3%.
Apesar do aumento na produção, alguns estados relataram impactos devido ao déficit hídrico. A Tabela 1 indica os estados, as culturas impactadas e a variação da produção estadual estimada em setembro de 2023 comparado com a primeira estimativa (outubro 2022). Além da seca, outros fatores como a diminuição ou o aumento da área semeada, migração para culturas mais rentáveis e a infestação de pragas podem influenciar na variação na produção.
Tabela 1 - Culturas impactadas pela seca nos estados e variação total da produção estimada em setembro de 2023 comparado a primeira estimativa de outubro 2022. As culturas consideram a produção total (Fonte: CONAB).
A seguir são apresentados os principais destaques em relação à produção agrícola nos estados com registro de impacto:
Bahia: a escassez de água entre julho e agosto afetou negativamente o ciclo de crescimento das culturas, como o feijão-comum cores onde a falta de água na fase de floração resultou na diminuição do número e tamanho das vagens. A colheita do feijão-caupi já começou, mas a produtividade está abaixo do esperado devido à falta de água em momentos críticos do ciclo. As plantações de milho também foram afetadas, com espigas menores e menos grãos devido à escassez hídrica durante a fase de florescimento.
Distrito Federal: a colheita do milho atingiu 60% da área plantada. A escassez de água e o grave ataque da cigarrinha nas últimas semanas resultaram em uma diminuição adicional na estimativa de produtividade em comparação com a análise anterior.
Paraíba: as plantações de milho apresentam um estado que varia de regular a ruim devido à falta de água, e estão atualmente nas etapas finais de crescimento.
Rio Grande do Sul: o plantio escalonado de milho na região ao longo de seis meses não conseguiu compensar a grave redução de produtividade causada pela falta de chuvas regulares e pelo calor extremo devido ao fenômeno La Niña.
Sergipe: neste mês, houve uma mudança nas condições gerais das plantações de milho , que foram de ótimas para razoáveis. Atualmente, as restrições de água devido à diminuição das chuvas já estão afetando o crescimento das culturas.
Tocantins: após a conclusão da colheita do milho no estado, foi observada uma diminuição na produtividade média devido à escassez de água.
ATENÇÃO: Na primeira semana do mês de setembro, uma chuva intensa afetou grande parte da regiao central do Rio Grande do Sul, em especial a regiao do Vale do Taquari, causando fatalidades, número elevado de desabrigados e também impactando a agricultura familiar. Contudo, é relevante destacar que, até o momento presente, o RiSAF ainda nao inclui os indicadores de extremos chuvosos, por essa razão, a região sul está classificada como de baixa severidade e risco em relação à agricultura familiar, mesmo diante desses eventos climáticos excepcionais.
DOWNLOAD DOS DADOS (CLIQUE AQUI)
REGISTRO DE IMPACTOS : Gostaria de contribuir registrando ocorrência de eventos de secas no seu município? Sua informação é bem-vinda, mesmo ocorrências de pequenos impactos são de extrema importância. Você pode enviar suas informações pelo link: REGISTRO DE IMPACTOS DE SECAS .
Para mais informações fale conosco: secas@cemaden.gov.br
Como citar:
CEMADEN - CENTRO NACIONAL DEMONITORAMENTO E ALERTAS DE DESASTRES NATURAIS. RiSAF - Risco da Seca na Agricultura Familiar, SP, v.3, n. 35, Agosto 2023. ISSN: 2965-2014