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RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR: Outubro/2022. por
RiSAF - RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR OUT./22.
SEVERIDADE DA SECA PARA AGRICULTURA
De acordo com o calendário de plantio da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) para as culturas de feijão e milho, dezesete estados encontram-se com calendário de plantio vigente, conforme tabela abaixo (Figura 1).
Assim, referente ao mês de outubro, a região Norte apresentou severidade de seca fraca para amaior parte da região, com apenas alguns municípios com condição moderada. Na região Norte destaca-se o estado do Acre com mais de 50% dos seus municípios com severidade moderada. A Bahia, único estado com calendário vigente para feijão e/ou milho apresentou alguns municípios com severidade fraca. Para a região Centro-oeste, observou-se municípios com severidade de seca fraca a moderada, com destaque para o estado e Goiás com 133 municípios com condição de seca moderada.
Na região Sul, por sua vez, o destaque foi para o estado do Rio Grande do Sul com 65 municípios apresentando severidade da seca moderada. Por fim, para a região Sudeste apresentou severidade da seca entre fraca à moderada com alguns municípios indicando ainda severidade severa, no total foram 371 municípios com condição moderada de severidade da seca no mês de outubro.
Figura 1 – Severidade da seca referente ao mês de outubro considerando apenas os estados com calendário vigente.
O monitoramento da severidade da seca no contexto da agricultura familiar é realizado por meio do Índice Integrado de Seca (IIS), tal índice combina informações sobre: déficit de precipitação na escala de um mês, por meio do SPI1,; umidade do solo, pelo cálculo da anomalia da umidade do solo considerando um metro de profundidade; e o índice de saúde da vegetação (VHI), que combina dados de temperatura e condição do vigor vegetativo. A partir do IIS é possível inferir áreas com maior potencial de impactos em razão da seca.
As diferentes condições da severidade da seca podem indicar atenção nas diferentes etapas do ciclo das culturas. Seca fraca sinaliza uma atenção, mas não necessariamente impacta na produção, secas entre moderada a excepcional já podem sinalizar algum impacto. Se as condições de seca moderada a excepcional ocorrerem no início do plantio, pode indicar o atraso no calendário de plantio; e caso ocorra no meio do ciclo, pode indicar a quebra de safra.
RISCO DE SECA NA AGRICULTURA FAMILIAR
A Figura 2 mostra o risco de seca considerando o plantio realizado no mês de outubro/22. Ao todo, dentre os estados com calendário agrícola vigente, 26 municípios apresentaram risco alto, sendo 17 deles inseridos na região Sudeste, 5 na região Norte (Tocantins) e 4 na região Centro-Oeste. Outros 597 municípios apresentaram risco moderado, sendo 35 na Bahia e os demais distribuídos nas regiões Sudeste (312), Centro-Oeste (120), Norte (78) e Sul (52).
Figura 2 – Risco da Seca na Agricultura Familiar. Plantio: Out/22.
O risco de seca na agricultura familiar é avaliado considerando o cultivo de feijão e/ou milho não irrigados. O risco considera a exposição ao déficit hídrico associada às vulnerabilidades e capacidades adaptativas de cada município em relação ao sistema de agricultura familiar. Além disso, é utilizado o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB*.
IMPACTO DA SECA NA AGRICULTURA
A primeira estimativa de outubro para a safra de grãos 2022/23 indica o volume de produção de 312,4 milhões de toneladas. Na segunda estimativa de novembro, houve aumento de 0,2% no volume da produção quando comparado a primeira estimativa, ou seja, o volume de produção em outubro alcançou 313 milhões de toneladas.
Apesar do aumento no volume de produção, oito estados relataram impactos devido ao déficit hídrico. A Tabela 1 indica os estados, as culturas impactadas e a variação da produção estadual estimada em outubro comparado com a primeira estimativa. Além da seca, outros fatores como a diminuição ou o aumento da área semeada, migração para culturas mais rentáveis e a infestação de pragas podem influenciar na variação na produção.
Tabela 1 – ulturas impactadas pela seca nos estados e variação total da produção estimada em novembro comparado a primeira estimativa de outubro. As culturas consideram a produção total (Fonte: CONAB).
A seguir são apresentados os principais destaques em relação à produção agrícola em alguns estados:
Amazonas: a soja nas principais regiões produtoras, calha do rio Madeira e Purus, tiveram o plantio retardado por conta do atraso no regime de chuvas. No município de Humaitá, foi relatada a necessidade do replantio de 250 hectares devido à falta de chuvas.
Bahia: o cultivo de sorgo no centro-norte e centro-sul baiano da primeira safra ainda não foi iniciado, pois as chuvas esperadas para meados de outubro não foram suficientes. As áreas com o cultivo de mamona vêm passando por intenso estresse hídrico, já ocorrendo a senescência das folhas.
Goiás: o cultivo de feijão-comum cores (primeira safra) em alguns locais com lavouras já semeadas encontra-se em cenário de restrição hídrica moderada e temperatura elevada. O milho (primeira safra) teve o processo de semeadura suspenso nas regiões leste, sul e sudeste do estado devido à estiagem. Estima-se que 40% da área esperada de cultivo esteja em emergência. Já no caso da soja , o ritmo do plantio iniciado em setembro foi suspenso ou sofreu redução na maioria das áreas.
Minas Gerais: algumas lavouras de sequeiro de milho (primeira safra) semeadas no início do período chuvoso sofrem com a interrupção das chuvas. Em relação à soja, algumas lavouras se encontram com restrição hídrica aguardando melhora nas condições de umidade do solo.
Mato Grosso: na cultura de soja foi necessário replantios pontuais e a suspensão da semeadura em alguns lugares, isso se deu motivado pela ausência de chuvas nas regiões leste e oeste do estado.
Piauí: o milho (primeira safra) cultivado pela agricultura familiar apresentou baixa produtividade, por serem cultivadas em áreas que normalmente apresentam restrição hídrica.
Rio Grande do Sul: na região de Campanha, composto por 14 municípios, foi utilizada a técnica de banho nas lavouras de cultivo do arroz para driblar os efeitos da seca.
Tocantins: no momento, o plantio do arroz em algumas áreas se encontra em ritmo lento e/ ou suspenso devido aos baixos volumes de chuva. Houve retorno da chuva no dia 20, porém, algumas áreas pontuais continuam com estiagem.
O risco de seca na agricultura familiar é avaliado considerando o cultivo de feijão e/ou milho não irrigados. O risco considera a exposição ao déficit hídrico associada às vulnerabilidades e capacidades adaptativas de cada município em relação ao sistema de agricultura familiar. Além disso, é utilizado o calendário agrícola disponibilizado pela CONAB*.
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