Dúvidas Frequentes
1 - O que é um repositório de rejeitos radioativos?
Alguns materiais usados no processo de geração de energia nuclear ou em atividades radioativas da medicina ou indústria acabam sendo contaminados, precisando ser descartados acondicionados de forma especial para evitar a contaminação do ambiente ou de pessoas. Como estes materiais podem permanecer radioativos por longos períodos de tempo, há necessidade de serem acondicionados em depósitos especialmente construídos para este fim, chamados de repositórios.
2 - O que é o projeto CENTENA?
O Centro Tecnológico Nuclear e Ambiental (CENTENA) é o repositório nacional de rejeitos radioativos de baixo e médio níveis de radiação. O projeto prevê a construção de um depósito capaz de armazenar definitivamente e com segurança os rejeitos radioativos dessas categorias produzidos no Brasil. Além de centralizar o armazenamento desse material radioativo, o CENTENA vai contar também com edificações de apoio operacional e instalações para pesquisa e desenvolvimento tecnológico, bem como para divulgação de atividades do setor nuclear e treinamentos.
3- Por que o Brasil vai construir um depósito definitivo de rejeitos?
Os 50 anos de uso da tecnologia nuclear no Brasil já acumulam uma quantidade de rejeitos de baixo e médio nível de atividade suficientes para justificar a construção de um repositório definitivo para estes materiais. A existência de um repositório capaz de armazenar com segurança um grande volume de rejeitos dessa natureza é uma condição exigida no processo de licenciamento ambiental da usina nuclear de Angra 3. É também um requisito para a implementação do Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), um reator nuclear para pesquisa e produção de radioisótopos.
4 - Que tipo de material será armazenado no repositório?
Serão armazenados rejeitos de baixo e médio nível de atividade. Estes são materiais contaminados durante a operação das usinas nucleares, como roupas e instrumentos usados durante operações cotidianas. Também são considerados rejeitos dessa categoria fontes usadas na medicina e indústria com uma meia-vida radiativa limitada a 30 anos. O armazenamento seguro desses rejeitos é feito em todo o mundo com repositórios construídos próximos à superfície, onde as peças são mantidas imobilizadas, monitoradas e contidas com barreiras de engenharia que assegurem seu isolamento por um longo período. Em outra categoria estão os rejeitos de alto nível de atividade. Estes são aqueles gerados durante a fissão do urânio dentro dos reatores de usinas nucleares. Devido ao intenso contato com o combustível nuclear, são materiais que permanecem radioativos por um longo período. Seu armazenamento demanda a construção de repositórios a grande profundidade - cerca de 500 metros abaixo da superfície - em terrenos geologicamente selecionados para serem isolados definitivamente do meio ambiente.
5 - Por quanto tempo esses materiais permanecem emitindo radiação?
São considerados rejeitos de baixo e médio níveis de radiação materiais com uma meia-vida radiativa limitada a 30 anos.
6 - Qual o custo da construção dessa estrutura?
O custo estimado de construção das instalações do repositório é de cerca de R$ 130 milhões.
7 - Onde será instalado o repositório?
A escolha do local para construção do repositório é resultado de um criterioso processo de seleção realizado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) ao longo dos últimos anos. Nele, são levadas em consideração a distância a partir das instalações dos principais geradores de rejeitos radioativos do país, bem como a distância de grandes centros urbanos. Além disso, a análise de critérios geológicos e meteorológicos garante a estabilidade e segurança das instalações.
8 - Será uma instalação segura?
Sim. A construção de um repositório é pautada, primordialmente, pela segurança. A construção do repositório definitivo foi planejada a partir de experiências internacionais de sucesso, tendo como base a tecnologia francesa. Seu projeto preliminar contou com a participação da Andra, a agência francesa responsável por coordenar o armazenamento dos dejetos radioativos daquele país, que é referência internacional na gestão de material radioativo. Dessa forma, a construção das instalações não traz riscos para a população local ou para o meio ambiente.
9 - Quem fará a gestão dessa instalação?
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) será a responsável pela gestão do repositório. O controle das instalações será realizado através do Programa de Monitoração Ambiental (PMA) da CNEN. Este é um programa contínuo feito a partir da monitoração radiológica e pelas análises de amostras de água, solo, vegetação e sedimentos, coletados na área dos depósitos.
10 - Como o Brasil armazena hoje os rejeitos de baixa e média atividade radioativa?
Atualmente os rejeitos de baixo e médio nível de atividade são guardados nos chamados depósitos iniciais, localizados nas próprias unidades onde são gerados, ou transferidos para depósitos intermediários, sob guarda da CNEN.
11 - Por que os rejeitos não podem permanecer onde estão no momento?
O armazenamento desses rejeitos em um único depósito definitivo vai facilitará a gestão e controle desse material, dando mais confiabilidade e suporte à expansão do setor nuclear no país. Também vai gerar economia de custos tanto para a CNEN quanto para os demais atores que produzem rejeitos radioativos.
12 - O Brasil já possui outro repositório dessa natureza?
Sim. Para abrigar definitivamente os rejeitos gerados no acidente com o Césio-137 em Goiânia, em 1987, foi construído o repositório de Abadia de Goiás. Hoje a instalação faz parte do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), localizado dentro do Parque Estadual Telma Ortegal.
13 - Como é feito o controle e a vigilância do depósito de Abadia de Goiás?
Em Abadia de Goiás, a vigilância do repositório é garantida pelo batalhão de Polícia Ambiental da Polícia Militar de Goiás, que possui instalações na região. O controle do repositório é de responsabilidade da CNEN.
14 - Há diferença entre o repositório de rejeitos de Abadia de Goiás e o que está sendo projetado?
Sim. Embora ambas as estruturas sejam projetadas como repositórios para materiais de baixo e médio níveis de atividade, há diferenças devido ao tipo de material a ser armazenado. O repositório de Abadia de Goiás armazena apenas Césio-137. Já o novo repositório está sendo projetado para guardar com segurança também outros elementos gerados nas operações das usinas nucleares no Brasil e em atividades da área de medicina e da indústria.
15 - Como é feita a comunicação e interação com a sociedade dentro de um processo de construção de repositório de rejeitos?
A comunidade participa do processo de licenciamento para a construção do repositório através das audiências públicas convocadas pelos órgãos licenciadores.