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CNEN: Tecnologia nuclear no combate à pandemia
Quem passa em frente a sede da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) ou de suas unidades percebe claramente que o movimento de pessoas está menor, que o trânsito habitual de servidores e colaboradores diminuiu. Certamente, a instituição está com uma rotina afetada pelo distanciamento social adotado como estratégia de combate à pandemia da COVID-19. No entanto, um planejamento detalhado e a dedicação de seus colaboradores possibilitaram à CNEN manter a qualidade de suas funções essenciais e ainda desenvolver ações que contribuem diretamente para o combate à pandemia.
A CNEN e suas unidades têm boa parte da força de trabalho exercendo funções remotamente. Manteve em atividade presencial quem realmente foi necessário. O trabalho, tanto de quem está em casa como de quem vai para seus postos, é acompanhado e coordenado de forma a suprir as necessidades e percalços que o período de distanciamento social tem gerado em toda a sociedade.
Periodicamente, reuniões online são realizadas entre dirigentes de unidades, diretores e presidente da instituição. Da mesma forma, recursos de comunicação à distância seguem sendo usados largamente por equipes e lideranças de diferentes setores da CNEN. O Gabinete de Crise analisa a situação da instituição e busca caminhos que possibilitem os melhores resultados dentro da situação atual. Neste contexto, a CNEN não deixou de exercer suas funções essenciais e ainda pode aplicar seu conhecimento e estrutura no combate à pandemia.
Desta forma, técnicas nucleares estão sendo usadas em medidas que visam conter a propagação do coronavírus. No dia 13 de abril, moradores da comunidade de Paraisópolis, em São Paulo (SP), levaram 1.500 máscaras para serem esterilizadas com radiação gama no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), unidade da CNEN na capital paulista. Semanalmente, novos lotes de máscaras serão irradiados, somando um total esperado de 50 mil unidades.
A radiação gama também está sendo usada no combate à pandemia pelo Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), unidade da CNEN em Belo Horizonte (MG). O Laboratório de Irradiação Gama (LIG) do CDTN está esterilizando kits de teste do coronavírus em cooperação a projeto que envolve o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Hospital Eduardo de Menezes e a empresa Símile Medicina Diagnóstica.
Em atividades de pesquisa relacionadas à COVID-19, o CDTN integrou sua Unidade de Radiobiologia aos trabalhos da Rede Virus, criada em fevereiro pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) para unir esforços dos pesquisadores no combate ao coronavírus e controle da pandemia. No dia 13 de abril, o ministro da pasta, Marcos Pontes, visitou a Unidade e pode conhecer melhor seu potencial de contribuição nesta linha de pesquisa.
No Rio de Janeiro, outra unidade da CNEN, o Instituto de Engenharia Nuclear (IEN), também investe em pesquisa para combater a COVID-19. Em parceria com a Escola Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo (EPM/UNIFESP), o IEN estuda o uso da nanotecnologia de forma a desenvolver a produção de nanofármacos, que são medicamentos em escala nanométrica, com propriedades físicas, químicas e biológicas especiais. A perspectiva é de desenvolver medicamentos que combatam a doença com mais eficácia e menos efeitos colaterais.
Outras unidades da Diretoria de Pesquisa e Desenvolvimento (DPD) da CNEN, como Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), Centro Regional de Ciências Nucleares do Nordeste (CRCN-NE) e Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO) também possuem ações locais de apoio ao combate à pandemia.
Com iniciativas como estas, a CNEN aplica seus conhecimentos específicos de forma a juntar-se aos esforços de toda a sociedade brasileira no combate à COVID-19. Ao mesmo tempo, a CNEN não deixa de observar com rigor o exercício de suas funções essenciais. A Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear (DRS) segue realizando, através de processos eletrônicos, o licenciamento e controle das unidades que utilizam técnicas nucleares. Em unidades de maior porte, como as usinas nucleares Angra 1 e Angra 2 (Angra dos Reis-RJ), a Fábrica de Combustível Nuclear (Resende-RJ) e a atividade de mineração de Urânio (Caetité-BA), as unidades da CNEN e os inspetores residentes específicos destas atividades seguem atuando. Caso ocorram emergências radiológicas, equipes de especialistas de todas as diretorias e unidades da CNEN encontram-se em prontidão para os atendimentos necessários em qualquer parte do território nacional.
Outra atividade fundamental e que implica na preservação de vidas humanas é a produção de radiofármacos, usados na Medicina Nuclear para o diagnóstico e tratamento de diversas doenças. Estas substâncias são produzidas em quatro unidades da CNEN. O IPEN é o responsável pela maior parte desta produção. Após contornar dificuldades no fornecimento de insumos vindos do exterior, o Instituto está conseguindo atender à demanda nacional por radiofármacos.
Para que estas áreas finalísticas possam agir com competência e qualidade, a Diretoria de Gestão Institucional (DGI) da CNEN tem se organizado e empenhado de forma a suprir necessidades de infraestrutura da instituição e possibilitar o trabalho remoto. Em respeito a sua missão junto à sociedade brasileira, a CNEN mobilizou todas as diretorias e unidades em um esforço conjunto e organizado para dar conta de suas funções essenciais e também para aplicar as tecnologias nucleares no enfrentamento direto à pandemia.
Texto original no site da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN)