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CDTN participa de mesa sobre rejeitos radioativos da INAC 2024
Um dos destaques da 11ª edição da International Nuclear Atlantic Conference, a INAC 2024, foi a mesa “Rejeitos radioativos: O que fazer? Um olhar para o futuro”, realizada na terça-feira, dia 7 de maio, na Escola de Guerra Naval do Rio de Janeiro (RJ). O evento é o maior fórum da área nuclear do Atlântico.
O tecnologista sênior do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), Rogério Mourão, participou das discussões que integraram as atividades do auditório principal, na tarde da última terça-feira. Em sua fala, Mourão apresentou os passos para a deposição segura de rejeitos de baixo e médio níveis de radiação (LILW, na sigla em inglês) e das fontes radioativas seladas em desuso (DSRS, na sigla em inglês).
Três dos cinco depósitos temporários de rejeitos radioativos do país estão com ocupação aproximada de 80% de suas capacidades. Para responder a esse cenário, uma solução de longo prazo está em andamento: o projeto do primeiro repositório brasileiro para rejeitos de baixo e médio níveis de radiação: o CENTENA - Centro Tecnológico Nuclear e Ambiental. Foi essa a solução apresentada no fórum por Mourão. A coordenação técnica do projeto é do CDTN, enquanto a responsabilidade de gerir o repositório será da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). O projeto é inspirado em outros dois repositórios, o de ANDRA, na França, e o ENRESA, da Espanha. Há cinco locais de preferência que foram escolhidos previamente, de acordo com os requisitos de segurança. Os trâmites da escolha final da localização do CENTENA estão em andamento.
Já para a deposição de fontes seladas em desuso, Mourão explicou uma estratégia que vem ganhando espaço no cenário internacional: os silos. “Sem um local de deposição final em vista, pensamos em uma instalação intermediária dessas fontes seladas, com instalação local, cuja preparação para começar a operar pode levar de três a cinco anos. As fontes serão abrigadas em cápsulas que serão usadas no local da deposição final. O local pode ter até 50 anos de duração. Existem outras instalações similares no mundo”, informa Rogério Mourão.
Segundo Mourão, os próximos passos incluem o treinamento das equipes de gerência de rejeitos radioativos com especialistas estadunidenses na técnica do silo, a confirmação do local e a etapa de licenciamento.
A mesa contou, ainda, com a participação de Marcelo Valinhas, engenheiro da Petrobrás, que apresentou como a organização lida com os materiais radioativos de ocorrência natural (NORM). Os NORM são derivados do processo de extração e foram contemplados na atualização da Norma 3.01 da CNEN como rejeitos radioativos, segundo Valinhas. Já o servidor do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen), Júlio Marumo, expôs como a deposição temporária é feita no instituto, que recebe rejeitos há mais de 40 anos. Marumo explicou que uma das estratégias lançadas até o país operar o CENTENA é a redução do volume e da produção de rejeitos radioativos. O representante da Eletronuclear, Bruno Estanqueira, por sua vez, demonstrou os rejeitos gerados no contexto de uma usina, e os processos de identificação e caracterização de rejeitos que são conduzidos pela organização.
“Mais espaço é necessário. O CENTENA é essencial para o crescimento sustentável da área nuclear”, comentou Estanqueira.
A mediação ficou a cargo de Ailton Dias, chefe da Divisão de Rejeitos e Transporte de Materiais Radioativos da CNEN.
Abertura da INAC 2024
A cerimônia de abertura da INAC 2024 foi organizada na noite do dia 6 de maio.. A solenidade contou com uma mensagem em português do Diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi. Grossi ressaltou o papel das novas gerações e das mulheres na área nuclear, bem como defendeu o sucesso da cooperação com o Brasil.
Na ocasião, o presidente da CNEN, Francisco Rondinelli Júnior, celebrou a integração dos profissionais e instituições da área nuclear na INAC e destacou o papel do setor na transição energética e no combate às mudanças climáticas frente aos cenários de tragédias ambientais que têm afetado o Sul do Brasil.
Mais de 50 trabalhos do CDTN foram submetidos ao evento, dentre exposição de pôsteres e sessões orais. Servidores e colaboradores participam também de mesas redondas e como palestrantes convidados. Na ExpoINAC, o CDTN participa do estande da CNEN, explicando o Sistema Atalanta, plataforma inédita de avaliação das imagens de mamografia do estado de Minas Gerais.
O CDTN é uma unidade da CNEN, autarquia federal do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.
Deize Paiva, jornalista enviada ao Rio de Janeiro
Assessoria de Comunicação do CDTN