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CDTN desenvolve novas tecnologias para diagnóstico do câncer colorretal
Imagem do Laboratório de Química de Nanoestruturas de Carbono do CDTN
Os cânceres colorretais são tumores malignos que acometem o intestino grosso, principalmente nas regiões chamadas de colo, reto e ânus. É um dos mais comuns, ocupando o terceiro lugar em incidência e o segundo em mortalidade entre todos os cânceres no Brasil. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), apenas em Minas Gerais, em 2023, surgiram 4.630 novos diagnósticos da doença.
A grande maioria dos casos de câncer colorretal está relacionada a fatores ambientais e comportamentais, especialmente dietas pobres em nutrientes e em fibras, enquanto poucos casos são exclusivamente hereditários. Obesidade, sedentarismo, fumo e consumo de álcool também podem levar ao desequilíbrio da microbiota humana intestinal, levando ao aumento da presença de bactérias patogênicas e, consequentemente, ao desenvolvimento de inflamações gastrointestinais, como a enterite crônica.
A colaboração científica é uma ferramenta produtiva na pesquisa translacional. Assim tem sido o trabalho desenvolvido pelo Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), junto aos pesquisadores e médicos do Instituto Mário Penna (IMP). No câncer colorretal, a dosagem do marcador tumoral denominado antígeno carcinoembrionário (CEA) é considerada o padrão-ouro para monitorar pacientes com tumor colorretal após cirurgias ou para medir a resposta à terapia ou mesmo se a doença é recorrente. Atualmente, a dosagem laboratorial de CEA é realizada pelo ensaio imunoenzimático ELISA, usando amostras de sangue do paciente. No entanto, esse método não possui sensibilidade para detectar níveis mais baixos de CEA encontrados em pacientes nos estágios iniciais do câncer.
Neste contexto, o grupo de pesquisa do Laboratório de Química de Nanoestruturas de Carbono do CDTN, está trabalhando na validação da capacidade diagnóstica de biossensores baseados em grafeno e óxido de grafeno. O projeto é liderado pela química Clascidia Furtado e pela microbiologista Estefânia Mara do Nascimento Martins.
Como diferencial, esses biossensores buscam detectar o CEA em amostras de sangue e urina, através de um método sensível, minimamente invasivo. A pesquisa pretende obter uma ferramenta promissora para o diagnóstico precoce da doença e acompanhamento do seu prognóstico.
Este é o tema da tese de doutorado de Danilo Roberto Carvalho Ferreira, doutorando no Programa de Pós-graduação do CDTN. O projeto conta, ainda, com a participação da bolsista de iniciação científica Anna Carolina Almeida de Paula, coorientada por Jorge Ferreira e Letícia Braga do IMP, e a colaboração de Antero Andrade, pesquisador da Unidade de Radiobiologia do CDTN.
Segundo Clascídia, os biossensores construídos no CDTN já vêm sendo avaliados em laboratório, com bons resultados. “Os níveis de CEA serão dosados em amostras de pacientes com câncer colorretal e comparados aos de pacientes saudáveis. Esse novo método diagnóstico, menos invasivo e de relativo baixo custo, obtido a partir de insumos totalmente nacionais, poderá ser usado em exames de rotina e rastreio, auxiliando, junto à colonoscopia, na detecção precoce da doença”, finaliza.
O CDTN é uma das unidades da Comissão Nacional de Energia Nuclear, em Belo Horizonte (MG), autarquia vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação.