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Róbinson Acosta, que defende tese sobre teoria quântica de campos, fala à seção ‘Prata da Casa’
A seção Prata da Casa apresenta pós-graduandos do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro (RJ), que se destacam ao longo de sua formação. Nesta segunda edição, entrevistamos o doutorando colombiano Róbinson José Acosta Diaz, que, no próximo dia 05 de abril, defende sua tese de doutorado sobre teoria quântica de campos, orientada pelo pesquisador titular do CBPF Nami Fux Svaiter. Acosta chega a essa etapa da pós com bom número de trabalhos publicados e aceitos para publicação.
O pós-graduando conversou com o Núcleo de Comunicação Social do CBPF sobre sua formação, a vinda para o Brasil, sua experiência na instituição e seus planos.
Fabiana Matos
Especial para o Núcleo de Comunicação Social do CBPF
O que te motivou a escolher a física como profissão?
Sou bacharel em física. Desde muito cedo, gostei de assuntos que tivessem a ver com a natureza. Quando criança, gostava de assistir a documentários de ciências, de todas as áreas, mas aqueles nos quais se falasse de astronomia eram os meus preferidos. Antes de ter aulas de física na escola, eu já queria estudar física na universidade, mesmo sem saber realmente o que era.
O que fez você escolher o Brasil como país para dar continuidade à sua formação?
Sou colombiano e vim para o Brasil basicamente por dois motivos. Por um lado, porque aqui tinha - ou tem, apesar das dificuldades econômicas atuais do país - um bom programa de bolsas para pós-graduação em física, o que no meu país não existe. Na verdade, na Colômbia, existe um programa de bolsas de mestrado e doutorado, mas que é muito limitado e com poucos recursos econômicos. Por outro lado, a física no Brasil tem, aos poucos, ganhado relevância intencional. Embora não possamos fazer comparações com a Europa ou os Estados Unidos, na América Latina, o Brasil tem papel importante na área.
“Antes de ter aulas de física na escola, eu já queria estudar física na universidade, mesmo sem saber realmente o que era”
E a relação com o CBPF, como se deu?
Aqui no CBPF, tive boas experiências. Tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas, fiz várias amizades importantes, tanto do ponto de vista pessoal como científico. Particularmente, no doutorado, tive a oportunidade de aprender muitas coisas sobre o processo de fazer pesquisa e sobre a escrita de artigos, elementos fundamentais na profissão de um cientista. Aqui na instituição, me aproximei de áreas e problemas da física que são discutidos pela comunidade internacional hoje. Apesar de existirem elementos ou fatores que precisam ser melhorados -- e que, eu considero, atrapalham o processo cientifico na instituição --, as coisas deram-se muito bem para mim.
O doutorando Róbinson Acosta, que defende sua tese pelo CBPF
(Crédito:NCS-CBPF)
Como chegou ao CBPF, qual foi a motivação dessa escolha?
Quando fiz o Exame Unificado de Pós-Graduações em Física do Rio de Janeiro [Uniposrio-física] pela primeira vez, considerei o Instituto de Física da UFRJ [Universidade Federal do Rio de Janeiro] ou o CBPF como os lugares onde gostaria de fazer o mestrado. Apesar de ser minha primeira opção, na época, pensei que não ia ser aceito no CBPF, porque era -- e na verdade continua sendo -- o instituto mais difícil de ingressar. Por uma confusão com o horário de verão, perdi a entrevista com o pessoal da UFRJ e fiquei fora do processo de seleção de lá, mas consegui finalizar o processo no CBPF e, para minha sorte, fui aceito na instituição. O CBPF foi minha primeira opção porque é um instituto de relevância internacional. Na época em que fiz a graduação, os alunos da minha universidade tinham como referência o trabalho feito nos institutos de física do Brasil. Já sabíamos da importância dos programas de pós-graduação na área, e o CBPF sempre foi visto como um dos principais institutos do Brasil e da América Latina.
Você defende sua tese em breve. Quais tópicos aborda no estudo?
Trabalho em teoria quântica de campos. Na minha tese, usamos elementos de teoria de campos para estudar sistemas desordenados. Especificamente, meu trabalho consistiu em aplicar e analisar as consequências de uma nova técnica, proposta recentemente por meu orientador, Nami Fux Svaiter, para estudar esse tipo de sistemas.
“Na Colômbia, há pesquisadores muito bons, mas são muito poucos e trabalham com muitas dificuldades econômicas e de estrutura”
Você percebe diferenças entre como a importância da ciência na Colômbia e no Brasil?
Sim, totalmente. No meu país, discute-se apenas o problema do financiamento da ciência e tecnologia. O investimento é muito baixo. Em geral, ainda não se tem muita noção da importância de se fazer pesquisa em ciências; não existe uma estrutura robusta para esse tipo de atividade. Aqui no Brasil, a situação é diferente. Apesar dos problemas econômicos do país e da falta de interesse de setores da sociedade em promover o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, aqui há uma estrutura melhor e pesquisadores muito bem qualificados. Talvez, não seja o caso da física, mas os resultados obtidos em algumas áreas da ciência tem repercussão direta na vida população. Na Colômbia, há pesquisadores muito bons, mas são muito poucos e trabalham com muitas dificuldades econômicas e de estrutura, tanto material quanto burocrática.
Acosta e seu orientador de doutorado, Nami Svaiter, pesquisador titular do CBPF
(Crédito: NCS-CBPF)
Quais seus planos para sua carreira científica?
Quero continuar fazendo pesquisa. Primeiramente, fazer um pós-doutorado para adquirir experiência em pesquisa de forma individual, quer dizer, sem um orientador, como no caso do doutorado. Se, mais para frente, eu decidir voltar para meu país ou ir para algum outro, minha intenção é continuar trabalhando com pesquisadores do Brasil, manter a colaboração.
Mais informações sobre o doutorando:
CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/5110858972141044