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Rede-Rio comemora 25 anos e inicia nova jornada de desafios
- Foto: JRICARDO-CBPF
Os 25 anos da Rede-Rio de Computadores, comemorados em evento no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro (RJ), são a prova da robustez dessa infraestrutura tecnologicamente sofisticada, que conecta, à internet de alta velocidade, institutos de pesquisa e universidades, bem como órgãos públicos e privados do estado do Rio de Janeiro. O workshop serviu também para discutir novas tecnologias e desafios que se impõem a essa iniciativa pioneira no Brasil.
“Essa robustez – consequência da flexibilidade inerente a uma rede bem estruturada – foi essencial para que pudéssemos chegar até aqui”, comentou Márcio Portes de Albuquerque, diretor substituto do CBPF. “É fundamental lembrar que, antes de tudo, conectamos pessoas e ideias”, acrescentou o tecnologista sênior.
Além de Albuquerque, participaram da abertura do evento Ronald Shellard, diretor do CBPF; Augusto Raupp, presidente da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj); e Alexandre Grojsgold, coordenador da Rede-Rio e tecnologista sênior do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis (RJ).
Em meio à esperada diversidade das abordagens da fala de cada um dos presentes, houve consensos. Um deles: a importância da rede tanto para a pesquisa científica e tecnológica feita no estado fluminense quanto para o próprio funcionamento e desenvolvimento das instituições conectadas a ela.
Rio em Rede
Tratou-se também dos desafios da rede para os próximos anos. “Há o desafio de manter essa característica essencial das redes acadêmicas, ou seja, o de sempre adotar e experimentar tecnologias novas, de se arriscar a quebrar paradigmas. No entanto, aqueles que precisam manter uma rede estável, operando sem interrupções, tendem a ser um pouco conservadores em relação à introdução de novidades. O nosso desafio é equilibrar essas duas coisas”, disse Grojsgold.
Visão geral dos participantes do workshop no CBPF sobre os 25 anos da Rede-Rio
(Crédito: J. Ricardo/CBPF)
A Rede-Rio conecta, por exemplo, hospitais públicos de ensino e pesquisa; instituições de cultura, como o Museu do Amanhã; permite acesso ao supercomputador do LNCC, o Santos Dumont, o mais rápido da América Latina, bem como ao sistema de Hora Legal do Brasil, no Observatório Nacional, e ao Programa Farmácia Popular, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Para Shellard, a infraestrutura da Rede-Rio oferece “uma excelente oportunidade para o estabelecimento de um fórum virtual no qual pesquisadores, tecnologistas, formadores de opinião e autoridades governamentais e da iniciativa privada poderiam propor e debater ideias em prol da resolução dos mais diversos problemas da cidade, da violência ao fornecimento de água e energia para as comunidades mais pobres”, disse o diretor do CBPF. “A Rede-Rio poderia ser também o Rio em Rede”, completou o físico.
SDN: novo paradigma
Outro mérito do encontro – realizado no último dia 25, no auditório João Alberto Lins de Barros, ao longo de um dia inteiro de palestras e debates – foi reunir duas gerações: jovens pesquisadores da área de tecnologia e informática e membros da equipe pioneira que idealizou, estruturou e acompanhou a rede neste um quarto de século – vários deles presentes no evento.
Na primeira palestra da manhã, Pedro Henrique Diniz, aluno do programa de mestrado profissional em instrumentação científica no CBPF, falou sobre as SDNs (sigla, em inglês, para Redes Definidas por Softwares ), consideradas o novo paradigma no funcionamento das redes de internet. “Hoje, você é obrigado a usar os recursos do fornecedor. São soluções fechadas, com códigos aos quais o desenvolvedor não tem acesso”, disse o bolsista do CBPF. “Com as SDN, você fica livre”.
Com Nilton Alves, tecnologista sênior do CBPF, Diniz apresentou os equipamentos que irão compor o Laboratório Avançado de Rede e Sistemas (LARS), cujo foco é a cooperação com a comunidade que pretende aplicar esse tipo de tecnologia. Segundo eles, a ideia é que integrantes da Rede-Rio, bem como das Redes Comunitárias de Educação e Pesquisa-Rio (Redecomep-Rio), se beneficiem dessa infraestrutura de testes.
Apresentação do pós-graduando do CBPF Pedro Henrique Diniz (ao fundo)
(Crédito: J. Ricardo/CBPF)
Lançada em 2014, a Redecomep é uma malha de fibra óptica acoplada à Rede-Rio e à qual estão conectados vários parceiros que não envolvem a comunidade acadêmica, como órgãos públicos e instituições privadas fluminenses. Por exemplo, Prefeitura, Metrô-Rio, Linha Amarela, Light e Supervia Trens Urbanos. Um diferencial da Redecomep-Rio é interligar, a baixo custo e a alta velocidade, várias instituições, permitindo usos avançados da rede, como telemedicina, laboratórios virtuais, ensino a distância, teleconferência, videoconferência de alta definição e ambientes de realidade virtual.
Segundo Diniz, LARS permitirá que os usuários da Redecomep façam uso de uma estrutura SDN para avaliação de desempenho e conformidade de seus equipamentos (comutadores, controladores etc.). “Ou até mesmo o desenvolvimento de aplicações”, acrescentou o engenheiro de telecomunicações.
PoPs e cabo submarino
Alves também coordenou a mesa de discussão sobre as instituições que têm o estatuto de ‘pontos de presença’ (PoPs). Os participantes falaram sobre o estado atual da inserção de suas respectivas instituições à rede, bem como das dificuldades e perspectivas. Estavam presentes integrantes do LNCC, da Fiocruz, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e da Iplanrio – esta última a empresa municipal que administra os recursos de tecnologia da informação e comunicação do Rio de Janeiro.
A rede hoje conta com nove PoPs: CBPF, PUC-Rio, LNCC, UFRJ, Fiocruz, bem como a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), a Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF), em Campos, e a Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói.
José Luiz Ribeiro Filho, diretor de Serviços e Soluções da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) – organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e responsável por operar e desenvolver a internet acadêmica brasileira – apresentou o programa de expansão de cabos submarinos, que permitirá a conexão direta entre o Brasil e a Europa em alta velocidade.
Participantes de mesa sobre os impactos sociais das redes acadêmicas; da esq. para a dir., Augusto Gadelha, diretor do LNCC;
Luiz Bevilacqua, da ABC; Ronald Shellard, diretor do CBPF; Marcio Lacs, da Associação Comercial do Rio de Janeiro;
Augusto Raupp, presidente da Faperj; e Epitácio Brunet, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação
(Foto: J. Ricardo/CBPF)
Em entrevista concedida à Assessoria de Imprensa da Faperj antes do workshop , Ribeiro Filho disse que o “cabo submarino vai ampliar e melhorar a conexão entre a Europa e a América Latina. Atualmente, o Brasil depende muito dos Estados Unidos. A expansão também beneficia a comunidade acadêmica, uma vez que, além de melhorar a qualidade da internet no Brasil, amplia a possibilidade de interligar centros de pesquisa nacionais e internacionais”, explicou o diretor.
Na parte da tarde, o evento contou com a presença do Secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Social (SECTI), Pedro Fernandes, que enfatizou a importância da rede para o estado fluminense. Houve ainda apresentações sobre o impacto social das redes acadêmicas.
Eduardo Grizendi, da RNP (esq.), Pedro Fernandes, secretário da SECTI (centro), e Alexandre Grojsgold,
do LNCC, em uma das mesas do workshop comemorativo do aniversário de 25 anos da Rede-Rio no CBPF
(Crédito: J. Ricardo/CBPF)
Também estiveram presentes ao evento representantes da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e da Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação.
Pôster de aniversário
Inaugurada em 1992, como iniciativa da Faperj, a Rede-Rio conta como uma infraestrutura óptica de grande capacidade, construída em parceria com a RNP. Transmite dados a uma velocidade média de 10 Gigabps e, atualmente, conta uma malha de fibra óptica que chega a 450 km de extensão, atendendo a aproximadamente 150 instituições.
Para comemorar a efeméride, a Rede-Rio preparou um fôlder que pode ser baixado gratuitamente (formato PDF, cerca de 10 Mb). De um lado, o cartaz mostra a estrutura atual da Rede-Rio, acompanhada de uma linha do tempo com os principais desdobramentos tecnológicos relacionados à internet. Em seu verso, há uma breve história da internet tanto no mundo quanto no Brasil, com ênfase nos principais momentos destes 25 anos de vida da rede.
Participantes com o fôlder comemorativo dos 25 anos da Rede-Rio de Computadores
(Crédito: J. Ricardo/CBPF)
O material, em linguagem de divulgação científica, teve como editores científicos Albuquerque, do CBPF; Grojsgold, do LNCC; Washington Braga, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro; e Luis Felipe de Moraes, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ao final das atividades, houve uma confraternização entre os participantes no restaurante do CBPF.
Confraternização entre os participantes, ao final do workshop
(Crédito: J. Ricardo/CBPF)
Mais informações:
Rede-Rio: www.rederio.br
Sobre os 25 anos: https://www.facebook.com/cbpf.mcti/posts/1512433095455720:0
Fonte: Com informações da Assessoria de Imprensa da Faperj