Prêmio CMS 2023: Colaboradora do CBPF é a primeira brasileira laureada

“Pelo excelente desempenho na gestão do Grupo de Prompt Feedback do ECAL (Calorímetro Eletromagnético) durante as execuções (períodos de tomadas de dados do Grande Colisor de Hadrons (LHC)) de 2022 e 2023, bem como pelas importantes contribuições para a certificação dos dados do ECAL”. Foram com essas palavras que Patricia Rebello Teles, colaboradora do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), foi declarada uma das vencedoras do CMS Awards 2023 (Prêmio CMS 2023, em tradução livre). Na ocasião foi estabelecido um marco para as pesquisadoras do país: ela é a primeira brasileira a receber esta premiação.

A cerimônia ocorreu dia 24/06, durante a CMS Week, promovida pela Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN), em Genebra na Suíça. Segundo a página do evento, a distinção “visa reconhecer indivíduos que fizeram contribuições excepcionais ao experimento CMS, honrando sua dedicação ao desempenho dos subdetectores CMS e, portanto, ao experimento CMS”.

“Eu estou muito feliz e honrada de trazer esse prêmio para o CBPF, depois de 12 anos de trabalhos significativos na colaboração CMS dedicados à instituição”, avalia a física.

A colaboradora atua como pós-doutora em parceria com o pesquisador do CBPF Gilvan Alves desde 2012, e desde 2022 coordena, como jovem pesquisadora pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ), o projeto "Física de Íons Pesados e operação do Calorímetro eletromagnético do CMS no LHC" (HI+ECAL@CBPF).

Projeto HI+ECAL@CBPF

O projeto é uma iniciativa multidisciplinar de pesquisa sediada no CBPF, focada em avançar o entendimento da sofisticada física de íons pesados e otimizar o desempenho do ECAL no experimento CMS do CERN.

O projeto visa contribuir significativamente para o entendimento das propriedades fundamentais da matéria sob condições extremas, como aquelas criadas nas colisões de íons pesados. A pesquisadora explica que “em paralelo, ao melhorar o desempenho do ECAL, o projeto aumenta as capacidades do experimento CMS, permitindo medições mais precisas e novas descobertas em física de partículas. Por exemplo, identificar e mitigar sinais anômalos no ECAL, como os observados em colisões chumbo-chumbo (PbPb), para garantir a coleta e análise precisa dos dados”. 

Além disso, o projeto também oferece treinamento e orientação para jovens pesquisadores, bolsistas de Iniciação Científica (IC) e pós-doutorado recém doutor (PDR), promovendo a colaboração tanto no Brasil quanto com parceiros internacionais, especialmente através da colaboração CMS no CERN.

Perspectivas de futuro

O CBPF tem desempenhado um papel significativo no experimento CMS do LHC, e as perspectivas futuras para essa colaboração são promissoras e multifacetadas, ainda mais com o Brasil agora membro associado do CERN.

Algumas das principais áreas de foco e desenvolvimento previstas para o CBPF no CMS são a continuação do trabalho no ECAL, com melhoria contínua da calibração, monitoramento e mitigação de sinais anômalos; participação em novos projetos e upgrades, como o HL-LHC (Grande Colisor de Hadrons de Alta Luminosidade); análises de alta precisão e aprimoramento do desempenho de geradores de eventos de Monte Carlo; desenvolvimento e aplicação de técnicas de aprendizado de máquina; preservação e acesso aberto aos dados experimentais; formação de recursos humanos e divulgação científica.

“Essas perspectivas propostas no projeto HI+ECAL@CBPF indicam um futuro vibrante e dinâmico para a colaboração do CBPF no CMS e em futuros colisores”, conclui a premiada.

Mais informações:

CMS Awards 2023: https://cms.cern/news/cms-awards-2023