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Falece pioneira da física no Brasil e fundadora do CBPF, Elisa Frota-Pessôa
Será hoje (29/12), a partir das 11 h, na capela 2, do Cemitério Vertical da Penitência, no bairro do Caju, no Rio de Janeiro (RJ), o velório de Elisa Frota-Pessôa, pesquisadora emérita do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e uma das pioneiras da física no Brasil.
Também fundadora do CBPF, Elisa faleceu ontem (28), à noite, por conta de um quadro de pneumonia, em um hospital da zona sul carioca. Ela, Sonja Ashauer (1923-1948) e Neusa Amato (1926-2015) estão entre as primeiras mulheres formadas em física no Brasil, ainda na primeira metade da década de 1940 – a pioneira, como indicam documentos históricos, foi Yolande Monteaux (1910-1998), francesa naturalizada brasileira em 1937, mesmo ano em que se gradou pela Universidade de São Paulo.
Nascida Elisa Esther Habbema de Maia, em 17 de janeiro de 1921, no Rio de Janeiro (RJ), casou-se aos 18 anos com o biólogo Oswaldo Frota-Pessôa, quando estava para ingressar no curso de física da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), da então Universidade do Brasil (hoje, Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Fez o vestibular em 1940 e foi mãe ainda na graduação – Roberto Frota-Pessôa (médico cirurgião) e Sonia Frota-Pessôa (física) –, período em que se tornou auxiliar de outro pioneiro da física no Brasil e também fundador do CBPF, Joaquim da Costa Ribeiro (1906-1960), descobridor do chamado efeito termodielétrico. Em 1944, foi nomeada assistente da cadeira de Física Geral e Experimental na FNFi.
Ao longo de sua carreira, fez pesquisas na USP, no University College em Londres, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e Universidade de Trieste (Itália)
Elisa Frota-Pessôa (1921-2018)
(Crédito: Arquivo pessoal)
Cassados pelo AI-5
Separada de Frota-Pessôa, passou a viver, a partir de 1951, com Jayme Tiomno (1920-2011), físico teórico e fundador do CBPF. Não tiveram filhos e permaneceram juntos até a morte dele. Tiomno e Elisa haviam se conhecido ainda na FNFi, no início da década de 1940, quando se tornaram auxiliares de Costa Ribeiro.
Elisa – membro da Academia Brasileiro de Ciências (ABC) – foi a autora, juntamente com Neusa, do primeiro trabalho científico do CBPF. O artigo – publicado nos Anais da Academia Brasileira de Ciências em 1950 – tratava do modo como certas partículas subatômicas desintegravam-se (decaíam) e foi feito com base em chapas fotográficas especiais (emulsões nucleares) irradiadas no acelerador de 184 polegadas na Universidade da Califórnia, em Berkeley (EUA), pelo também físico experimental e fundador do CBPF César Lattes (1924-2005), descobridor do méson pi, partícula que mantém o núcleo atômico coeso.
Elisa foi chefe da Divisão de Emulsões Nucleares do CBPF de 1949 a 1964. Dedicou sua carreira acadêmica ao estudo das partículas elementares (mésons, prótons, nêutrons etc.) e radioatividade.
Em 1969, foi aposentada compulsoriamente, juntamente com Tiomno e outros cientistas brasileiros, pelo Ato Institucional número 5, decretado no ano anterior pelo regime militar. Ela e Tiomno foram impedidos até mesmo de continuar trabalhando no CBPF, organização então privada.
Em 1992, ambos se tornaram pesquisadores eméritos do CBPF.
Segundo o portal G1, Elisa “deixa cinco netas, nove bisnetos e um trineto, que deve nascer nos próximos meses”.
A direção do CBPF envia os mais sinceros pêsames a familiares e amigos. Em breve, o portal do CBPF vai publicar um ‘Memorial’ sobre essa pioneira da física no Brasil.
Elisa Frota-Pessôa será cremada amanhã (30/12) no Cemitério Vertical da Penitência.
Mais informações:
Breve CV na ABC: http://www.abc.org.br/membro/elisa-esther-maia-frota-pessoa/
Depoimento: http://cbpfindex.cbpf.br/publication_pdfs/cs00803.2010_08_13_15_42_03.pdf
Homenagem: http://www.sbfisica.org.br/bjp/files/v34_1461.pdf