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Debates promovidos pelo NIT-Rio no CBPF abordam diversos aspectos da inovação
O Núcleo de Inovação Tecnológica do Rio de Janeiro (NIT-Rio) trouxe ao Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) dois eventos relacionados à inovação no início de abril. Na segunda reunião extraordinária da Rede de Propriedade Intelectual, Cooperação, Negociação e Comercialização de Tecnologia (Repict), representantes de diversas instituições debateram as possibilidades jurídicas para implantação de núcleos de inovação tecnológica no âmbito do novo marco legal da ciência e tecnologia. Já a palestra realizada em parceria com o Sebrae-RJ debateu com jovens pesquisadores as entradas para o universo do empreendedorismo.
“Esses eventos fazem parte de um conjunto de ações para aproximar as instituições que integram o Arranjo NIT-Rio dos debates mais recentes sobre inovação”, diz Marcelo Albuquerque, coordenador do NIT-Rio, que lembra que, além do CBPF, o núcleo atende a mais sete instituições ligadas ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC) presentes no Rio de Janeiro.
O encontro da Repict foi aberto por Albuquerque e Ada Cristina Gonçalves, representante da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), instituição que coordena as atividades da Repict. O debate partiu da apresentação de um estudo de caso sobre constituição jurídica do NIT-Rio, realizado no mestrado da advogada Gabriela Toledo, da Divisão de Inovação Tecnológica do Instituto Nacional de Tecnologia (INT).
Ada Cristina Gonçalves, da Finep, e Marcelo Albuquerque, do NIT-Rio
Debate jurídico
Toledo enfatizou que um dos principais entraves ao melhor funcionamento dos núcleos de inovação tecnológicas (NITs) é a contratação de pessoal. Segundo ela, as atividades de inovação requerem atuação de pessoal altamente qualificado, mas os núcleos não possuem os mecanismos adequados para realizar as contratações. Diante disso, Toledo analisou, em seu estudo, duas opções de personalidade jurídica: as fundações de apoio e as organizações sociais.
“Quis trabalhar com personalidades jurídicas que já atuam dentro do contexto das instituições de ciência e tecnologia, dentro do que a gente já está acostumado. Por isso, a escolha dos casos das fundações de apoio e das organizações sociais”, disse Toledo.
A advogada explicou que instituições com fundações podem optar por delegar a elas as funções relacionadas à gestão da propriedade intelectual e inovação, mas ponderou que os recursos das fundações vêm de porcentagens de cada projeto por elas administrados, com um teto de 15%.
“Você vai conseguir manter o pessoal adequado com esse valor?”, questionou Toledo. “Uma solução possível em casos como esse seria fazer um convênio para a inovação e, nesse instrumento de convênio, já especificar quem são as pessoas a serem contratadas, como isso será feito e como o recurso vai ser executado”, completou.
A advogada, defendeu, no entanto, que a personalidade jurídica de organização social oferece mais liberdade de contratação e mais transparência nos processos, mas enfatizou que cada NIT deve ser constituído considerando as especificidades das instituições as quais atende e ao contexto no qual está inserido.
“No caso do NIT-Rio, a personalidade jurídica ideal seria a organização social. Para outros NITs é preciso fazer um estudo caso a caso”, disse ao final de sua apresentação.
Gabriela Toledo, do INT, fala a representantes de diversas instituições
Empreendedorismo
O debate sobre os núcleos de inovação ainda não havia terminado quando teve início, no auditório Ministro João Alberto Lins de Barros, a apresentação sobre empreendedorismo voltada para pesquisadores que buscam formas de levar o conhecimento e a tecnologia desenvolvidos na academia ao mercado.
Quem falou sobre o tema foi Bernardo Monzo, gestor do projeto de startups do Sebrae do Rio de Janeiro. A apresentação, interativa, foi uma introdução aos principais conceitos, dificuldades e questionamentos comuns a quem inicia no mundo dos negócios, especialmente naqueles de base tecnológica, como as startups.
“Uma startup pode ser entendida como um modelo de negócio replicável e escalável que se desenvolve em um ambiente de extrema incerteza. A ideia das startups é que elas possam ver seu faturamento crescer mantendo o custo baixo - e é aí que entra a tecnologia”, disse Monzo logo na abertura do encontro.
Monzo, que é economista com MBA em gestão empresarial e em gestão estratégica de negócios e inovação, contou ainda que um dos aspectos que observa em novos empreendedores é a dificuldade de identificar demandas dos clientes. Segundo ele, é preciso, antes de lançar qualquer ideia ou projeto, identificar se ele resolve um problema real, dimensionar esse problema e conhecer o público ao qual a solução é voltada.
“Para quem é pesquisador, é importante se questionar como seu conhecimento pode ser usado fora da academia e se isso vale a pena. São questionamentos para sair da zona de conforto”, disse. “Na academia há muita inteligência e competência. Reverter isso em valor para clientes faz bem tanto para a academia quanto para o mercado”, completou.
Monzo terminou sua apresentação falando, juntamente com Mariana Bottino, da área de comercialização e negociação do NIT-Rio, sobre a oficina de empreendedorismo oferecida em parceria pelo NIT-Rio em parceria com o Sebrae-RJ. Ele explicou que, durante a oficina, os participantes aprendem a construir um modelo de negócios para a sua ideia.
“Na oficina questionamos tudo sobre a sua ideia de negócio. Eu digo que trabalho no ramo de demolição - demolição de ideias. Parece ruim, mas no final quem participa sempre agradece. Se mostrarmos que sua ideia não resulta em um negócio viável, poupamos seu dinheiro; se ela sobreviver a todos os questionamentos, você tem um ótimo indicativo de que seu negócio pode te fazer ganhar dinheiro”, brincou.
A próxima Oficina de Empreendedorismo do NIT-Rio terá início no final de abril ou assim que a turma estiver completa - há quinze vagas disponíveis. Para mais informações, escrever para o email mariana@nitrio.org.br.
Pesquisadores e bolsistas na apresentação de Bernardo Monzo (agachado, ao centro), do Sebrae-RJ
Saiba mais
Rede de Propriedade Intelectual, Cooperação, Negociação e Comercialização de Tecnologia (Repict): http://www.redetec.org.br/?cat=12
Arranjo NIT-Rio: nitrio.org.br e facebook.com/ArranjoNITRio