Notícias
Vanguardista e precursora, pós do CBPF completa 60 anos
Neste ano, o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Unidade de Pesquisa (UP) vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), sediada no Rio de Janeiro (RJ), comemora 60 anos do início de sua pós-graduação, com números que engrandecem a história da instituição.
O CBPF criou em 1962 a primeira pós-graduação em física do país. Desde então, o Programa de Pós-Graduação (PPG) do CBPF, exibe números que impressionam: formou 497 doutores, 499 mestres e 73 mestres – estes últimos em seu programa de mestrado profissional, criado em 2000, sendo o primeiro do gênero no país, totalizando mais de 1.000 teses defendidas entre mestrado, mestrado profissional e doutorado.
Breve história
O início da chamada pós-graduação moderna no Brasil se deu em 1962, quando o CBPF, em conjunto com a então Universidade do Brasil (hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ), Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), criou um programa de pós-graduação no estado do Rio de Janeiro.
Com isso, o CBPF tornou-se a primeira instituição nacional a ter programas de mestrado e doutorado em física nos moldes atualmente reconhecidos pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
O CBPF, fundado como sociedade civil – estatuto com o qual permaneceu até 1976, quando passou a ser instituição ligada ao Governo Federal – foi a primeira instituição não universitária a receber autorização governamental para a concessão de diplomas de doutor e mestre em Física.
Pioneirismo
Esse pioneirismo se reflete na primeira tese de mestrado do CBPF, que também foi a primeira em física do país, defendida em 23 de fevereiro de 1965 pelo físico Jorge Sílvio Helman (1940-1997), com orientação de Walter Baltensperger (1927-2015). O tema geral do trabalho foi na área de matéria condensada.
No ano seguinte, em 7 de dezembro, ocorreu a defesa da primeira tese de doutorado no CBPF, realizada por Rogério Cantarino Trajano da Costa, sob orientação de Herch Moysés Nussenzveig, na área de mecânica estatística.
Já no mestrado profissional, Alexandre Mello de Paula Silva, hoje tecnologista sênior do CBPF, defendeu a primeira tese, em 18 de dezembro de 2002, com orientação de Elisa Maria Baggio Saitovitch, atual pesquisadora emérita do CBPF e coorientação de Armando Yoshihaki Takeuchi, atual professor da Universidade Federal do Espírito Santo.
“O objetivo é gerar inovações significativas com ciência agregada que tenham impacto para a indústria nacional e a sociedade brasileira, em consonância com a Lei de Inovação”, diz o pesquisador titular João Paulo Sinnecker, que esteve à frente da Coordenação de Formação Científica (COEDU), à qual está vinculada a pós-graduação na instituição.
Ciência que impacta
O CBPF, desde a sua fundação, em 1949, tem a missão de realizar pesquisa básica em física e desenvolver suas aplicações, atuando como instituto nacional de física do MCTI e polo de investigação científica e formação, treinamento e aperfeiçoamento de pessoal científico. Desde sua criação, o Programa de Pós-Graduação do CBPF contribui com esta missão continuamente, no desenvolvimento de pesquisa e ensino em física, intercâmbio para a física, apoiando os grupos que atuam em projetos teóricos e experimentais, em colaborações internacionais, sempre buscando atuar no desenvolvimento de avanços tecnológicos para a sociedade brasileira como polo de integração entre fenomenologia e experimentação, atraindo visitantes, recém-doutores e estudantes.
Para isso, a pós-graduação do CBPF mantém importantes programas científicos em diversas áreas básicas e aplicadas da física, dentre as quais mencionamos: Altas Energias e Raios Cósmicos, Astrofísica, Ciência dos Materiais, Computação Quântica, Cosmologia e Relatividade, Física da Matéria Condensada, Física de Campos e Partículas, Física de Plasma Aplicada, Física de Sistemas Biológicos e Biomateriais, Física Estatística e Sistemas Dinâmicos, Física Nuclear, Geologia e Arqueologia, Informação Quântica, Instrumentação Científica, Inteligência Artificial, Magnetismo e Supercondutividade, Nanofabricação e Nanociência e Petrofísica.
Pós-graduandos(as) formados(as) pelo CBPF desenvolvem hoje suas pesquisas em universidades e centros da área, tanto no Brasil quanto no exterior, bem como na indústria nacional e em grandes projetos científicos internacionais.
Sinnecker ressalta que doutores e doutoras formados(as)s no CBPF têm contribuído também para a formação de programas de pós-graduação e grupos de pesquisa em outros países, mantendo assim uma tradição do CBPF desde a sua fundação.
Dentre esses países em que atuam ex-estudantes do CBPF, estão Peru, Índia, Alemanha, Argentina e Irã.
Atividades
Os estudantes de pós-graduação do CBPF encontram ampla infraestrutura de apoio à realização de seus trabalhos de pesquisa: computadores individuais; biblioteca; líquidos criogênicos com produção local; laboratório de instrumentação e tecnologia mecânica; laboratórios de preparação; tratamento e caracterização de amostras; laboratório de química etc.
Os estudantes também são estimulados a participarem de eventos científicos nacionais e internacionais, com apresentação de trabalhos e estabelecimento de vínculos científicos com outras instituições de pesquisa. Para isso recebem apoio financeiro da COEDU do CBPF.
Outra atividade desenvolvida por alunos do PPG é a divulgação científica do CBPF, atuando como expositores da instituição na Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) e no Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações (MNCTI). Além de participarem como monitores do Programa Físico por uma Tarde, em que o CBPF recebe estudantes do ensino médio para visita a suas instalações.
Os estudantes de pós-graduação contam com representatividade no Comitê Científico Assessor (COCI) da instituição, com direito a um representante eleito anualmente.
“Isso tem contribuído para o debate contínuo sobre o aprimoramento do Programa de Pós-Graduação em relação às decisões sobre os investimentos prioritários na infraestrutura de ensino e pesquisa”, diz Sinnecker.
Visão de futuro
Hoje, o CBPF é uma instituição de renome internacional em seus campos de pesquisa teórica e experimental. Sua pós-graduação, desde 2007, mantém a nota 7 (excelência internacional), dada por avaliação da Capes. Isso atesta a excelência do programa, de seus docentes e discentes.
Conforme Roberto Sarthour, pesquisador titular do CBPF e atual coordenador da COEDU, “Manter-se entre as melhores pós-graduações de física do país e atrair alunos para a área de Física Experimental” estão entre suas metas de gestão para o futuro da pós-graduação da instituição.