Notícias
Ciência e Sociedade: 60 anos de história
O Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), celebrou nos dias 25 e 26/10 os 60 anos da Série Ciência e Sociedade, publicação do CBPF que dissemina o conhecimento científico e a história da Física, motivando a inter e transdisciplinaridade entre as ciências.
O evento teve início no Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC/FGV), parceiro no evento, com o lançamento do arquivo de José Leite Lopes, fundador e duas vezes diretor do CBPF. Composto por 56.000 páginas de informação, o arquivo – terceiro maior do CPDOC – oferece detalhes sobre sua atuação política e acadêmica e também destaca seu legado no desenvolvimento científico e na educação no Brasil.
“José Leite Lopes foi um físico brasileiro com contribuições significativas para a história da ciência e da física no Brasil. Sua notável capacidade de estabelecer conexões é evidenciada em seu arquivo, principalmente através de cartas, que revelam seu envolvimento em diversas esferas da vida social, política e acadêmica”, analisa Carolina Alves, Coordenadora de Documentação do CPDOC.
Pela tarde, o evento continuou no CBPF com a mesa-redonda “Ciência, desenvolvimento e problemas nacionais” composta por Olival Freire, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq); Gislene Maria da S. Ganade, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN); e Fernando Rizzo, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). A moderação ficou a cargo do pesquisador emérito do CBPF Alberto Passos Guimarães.
“A hipótese que quero apresentar com algumas ilustrações é a correlação entre ciência e desenvolvimento. A natureza dessa conexão se sustenta, pois, ao analisar grandes momentos da história da ciência e tecnologia do Brasil ao longo do século XX e final do século XIX, seja por grandes descobertas como do méson pi ou criação de instituições cientificas como o CBPF, tiramos a conclusão de uma correlação forte entre os grandes momentos de institucionalização e de grandes aquisições da ciência do Brasil com contextos de desenvolvimento”, avaliou Olival Freire em uma de suas participações na mesa.
O segundo dia de evento, também sediado no CBPF, foi marcado por duas mesas-redondas.
A primeira, “A ciência e a sociedade no Brasil e no mundo entre 1963 e 2023” teve a participação de Juan Queijo, da Universidade da República do Uruguai (UDELAR); Ildeu Moreira, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Sílvia Figueirôa, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com moderação de Heloísa Gesteira, do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST).
“Fico muito satisfeito com os 60 anos da série Ciência e Sociedade. Gosto muito, uso muito e é curioso por não ser uma revista de divulgação igual as outras, os cientistas publicam por ser um local de reflexão. Eu valorizo muito o CBPF por manter essa iniciativa, até porque as perguntas vão se atualizando e ganhando novos desafios e novos pontos de vista”, diz Ildeu Moreira.
Com o tema “Ensino e Pesquisa nas Universidades, Institutos Federais e Unidades de Pesquisa”, a última mesa do evento contou com a presença de Andréia Guerra (CEFET/RJ); Wagner Corradi (LNA/UFMG); Alan Alves Brito (UFRGS); tendo Felipe Tovar Falciano, pesquisador do CBPF como moderador.
“A educação em ciências deve priorizar a discussão da herança cultural e de como essa ciência foi produzida, para permitir que os estudantes consigam perceber como isso se construiu e ao mesmo tempo entender que isso não é estático, é dinâmico”, destaca Andréia Guerra durante uma de suas falas na mesa.
A celebração teve seu encerramento no Núcleo de Informação C&T e Biblioteca (NIB), com a inauguração da exposição “60 anos da Revista Ciência e Sociedade”: “A exposição destaca 16 artigos de um total de quase 400 (produzidos pela revista). Esta seleção foi muito difícil pois são vários autores de épocas e temáticas diferentes, certamente poderiam ser feitas outras seleções sem perda de relevância e originalidade. Foi muito interessante e educativo fazer esta viagem na leitura dos artigos buscando a seleção”, declara Nilton Alves Júnior, coordenador do NIB.