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CBPF recebe Instituto de Física do CNRS

Cooperação: a palavra-chave para descrever a visita do Departamento de Física do Centre National de la Recherche Scientifique (INP/ CNRS), da França, ao Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. Realizada hoje, 24/03, trouxe a comunidade científica da instituição para dialogar sobre a relação entre as instituições e visões de futuro.
Com a presença de Thierry Dauxois, diretor do Instituto de Física do CNRS; Bertrand Georgeot, vice-diretor; Frédéric Petroff, pesquisador sênior CNRS; e Saïda Guellati-Khelifa, professora do Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM/CNRS), o encontro promoveu painéis sobre linhas de pesquisa estratégicas e visitas aos laboratórios da instituição. O evento também contou com a participação de Nádia Kornijezuk, da Assessoria Especial de Assuntos Internacionais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (ASSIN/MCTI). Também estava presente o diretor do Centro Latino-Americano de Física (CLAF), Ulisses Barres de Almeida.
A comitiva conheceu algumas das áreas estratégicas da instituição, como o Laboratório de Nanociência e Nanotecnologia, Tecnologias Quânticas, Nano Saúde, Inteligência Artificial para Física e participou de mesa-redonda com estudantes da pós-graduação do CBPF e pesquisadores recém-empossados, além de se reunir com diversos grupos das áreas experimentais e teóricas.
“Eu já conhecia a qualidade da pesquisa e dos laboratórios, mas eu fiquei impressionada com a qualidade da visita e das trocas que foram feitas (...) acho que a vinda do CNRS não é a toa, eles estão procurando centros de excelência para ter acesso ao estado da arte da pesquisa”, diz Nádia Kornijezuk.
O CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique) é uma das maiores instituições de pesquisa do mundo, com atuação em todas as áreas do conhecimento e compromisso com a excelência científica e a cooperação internacional. O CBPF está entre as instituições brasileiras com maior número de co-publicações com os laboratórios do CNRS na América do Sul.
Em um ambiente internacional cada vez mais interligado, promover eventos como esse é enriquecer a ciência produzida. “A ciência é, ainda hoje, um pilar fundamental da democracia e do progresso, e é por meio de colaborações internacionais que expandimos os limites do conhecimento e desenvolvemos soluções para os desafios globais. O CNRS é um parceiro importante em nossas colaborações internacionais”, avalia Márcio Portes de Albuquerque, diretor do CBPF.
Segundo João Paulo Sinnecker, vice-diretor do CBPF, “com essa visita, pudemos conhecer melhor a infraestrutura do CNRS voltada à promoção de suas cooperações internacionais, abrangendo desde a colaboração entre pesquisadores do CNRS e do CBPF até plataformas institucionais de grande porte que configuram centros internacionais dedicados a temas estratégicos”.
Relação que ultrapassa décadas
A ligação entre CBPF e França remonta à sua fundação. A física Cécile DeWitt-Morette (1922-2017) foi a primeira francesa a visitar o instituto, ainda em 1949, ministrando curso de Introdução à Física de Partículas Elementares. Seus ensinamentos geraram uma publicação em uma coleção, que contou com prefácio de um dos fundadores do CBPF, Cesar Lattes (1924-2005), e do vencedor do Nobel de Física Louis de Broglie (1892-1987).
CBPF foi um importante elemento na relação diplomática entre os dois países na segunda metade do século XX. Pesquisadores e tecnologistas do instituto colaboraram ou realizaram parte de suas formações em terras francesas.
José Leite Lopes (1918-2006), um dos fundadores do CBPF, quando avisado da possibilidade de prisão durante a ditadura militar, opta por se exilar na França. General Argus (1922-2014), professor que deu nome a um dos aceleradores de elétrons instalados no CBPF, se doutorou na França. O atual diretor do CBPF, realizou seu doutorado em Grenoble, na França.
Honrando sua veia diplomática, manteve seu perfil, recebendo até hoje pesquisadores e promovendo uma interação ativa entre os países em temas relacionados à física e áreas correlatas.
Quando nações se unem em cooperação, os resultados não são apenas possíveis, mas concretos e transformadores. Exemplo disso é a recente aprovação de projeto binacional em que o pesquisador emérito do CBPF, Constantino Tsallis, lidera pelo lado brasileiro. O projeto, intitulado International Emerging Action (IEA), será financiado integralmente pelo CNRS para o período de 2025-2026.
No ano que celebra os dois séculos de relação entre Brasil e França, CBPF reitera seu comprometimento nesta cooperação, reconhecendo seu valor e importância, assim como sua vocação no fortalecimento da ciência.
“Estou contente de visitar o CBPF, é uma instituição muito dinâmica com muitos físicos bons. Eu já havia ouvido falar do CBPF há bastante tempo e fiquei impressionado pelo número de jovens cientistas de diferentes tópicos da física. Acho muito importante promover a colaboração entre o CNRS, a França e o CBPF”, avalia Thierry Dauxois, em tradução livre.
Mais informações:
INP/CNRS: https://www.inp.cnrs.fr/en
Pesquisador do CBPF tem projeto aprovado pelo CNRS: https://www.gov.br/cbpf/pt-br/assuntos/noticias/pesquisador-do-cbpf-tem-projeto-aprovado-pelo-cnrs-para-estudo-de-mecanica-estatistica-aplicada-a-meios-granulares