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Casa de Rui Barbosa recebe acervo de Conceição Evaristo e entrega honrarias a personalidades da cultura
Casa de Rui Barbosa recebe acervo de Conceição Evaristo e entrega honrarias a personalidades da cultura
Encerrando as celebrações da Semana da Cultura, promovida pela Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) nesta quarta-feira (13), foi oficializada a doação do acervo da escritora Conceição Evaristo ao Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB), tornando-a a primeira mulher negra a ter sua obra preservada na instituição. O conjunto inclui cerca de 20 itens, como textos, manuscritos, rascunhos de poemas, um quadro pintado pela artista, cartas de sua mãe, livros, contos, entre outras preciosidades.
Para a ministra da Cultura, Margareth Menezes, a salvaguarda desse acervo simboliza um gesto de reconhecimento e reparação histórica: “O acervo de Conceição Evaristo na Fundação é um marco essencial de reconhecimento de uma das maiores escritoras brasileiras em uma ação de reparação histórica, pois Conceição se torna a primeira escritora negra a fazer parte do acervo dessa instituição, reforçando o compromisso da Casa Rui Barbosa e do MinC com a valorização da diversidade de vozes e narrativas da nossa literatura, abrindo caminho para tantas outras pessoas negras que precisam fazer parte desse espaço."
Conceição Evaristo, emocionada, destacou a importância do momento: "Estou orgulhosa de ser a primeira escritora negra a ter um acervo na Casa, mas espero que não seja a única. Esse processo pode e deve se aprofundar. Ser a primeira só tem um significado, que é o de abrir espaços para que outros venham; é perspectiva. A Fundação está dando um grande passo, um grande exemplo ao acolher a minha obra, que isso possa ser exemplo para outras instituições também."
Ainda durante a cerimônia, a FCRB concedeu a Medalha Rui Barbosa, honraria que, desde 1949, reconhece personalidades e instituições pela contribuição à cultura nacional. Neste ano, entre os homenageados da sociedade civil estavam o líder indígena e ambientalista Ailton Krenak, a roteirista e escritora Antonia Pellegrino, o jornalista Ancelmo Gois, o advogado, cenógrafo e diretor artístico Gringo Cardia, a historiadora Hildegard Angel, o historiador e professor Luiz Antonio Simas, o curador de arte Paulo Knauss, o historiador e senador Randolfe Rodrigues, o advogado e historiador Cesário Mello Franco, a professora de Direito Carol Proner, o professor e antropólogo Adair Rocha e a curadora de arte Isabel Portella. Além disso, a medalha foi entregue a oito servidores da Casa, em reconhecimento ao seu trabalho: André Luiz de Lima Farias, Guilherme Esteves Lopes Trotta, Rafael de Oliveira Amaro, Bianca Panisset, Monica Cunha, Alan Silva Henrique, Christian Lynch e Claudio Marcio.
Luis Antonio Simas, ao receber a medalha, expressou sua felicidade em levar a cultura popular para uma instituição de grande importância: “Eu fico muito feliz porque trabalho com cultura de rua. Escrevo sobre festas populares. Esse reconhecimento de uma instituição tão importante como a Casa Rui Barbosa, por um trabalho fundamentado nos saberes que as ruas proporcionam, me alegra profundamente. Receber essa medalha, essa comenda, me deixa muito feliz, especialmente pela valorização da cultura de rua, que é o meu trabalho. Levar a cultura popular para uma instituição pública é sempre bom. Vamos trazer aí o axé.”
O evento incluiu ainda a apresentação do balanço das atividades da FCRB em 2024 e a recomposição do Conselho Consultivo, em uma ação que reforça o compromisso da instituição com a cultura brasileira. "Hoje é um marco histórico para a cultura. Restituir o conselho consultivo e homenagear com a Medalha Rui Barbosa todos aqueles que contribuem com a cultura brasileira reforça nosso compromisso com a sociedade”, afirma o presidente da Fundação, Alexandre Santini.
Sobre o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da FCRB
Fundado em 1972, o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB) da Fundação Casa de Rui Barbosa preserva mais de 150 arquivos de escritores brasileiros, incluindo Cruz e Sousa, Clarice Lispector e Carlos Drummond de Andrade. Além dos documentos literários, o AMLB conta com cerca de duas mil peças museológicas, disponíveis para consulta presencial mediante agendamento.