Museu de Rui Barbosa*
Logo no primeiro dia, chamou-me a atenção o péssimo estado do porão do Museu. As vigas que o sustentam estavam corroídas pela ação do tempo. Disseram-me que não havia risco de desabamento. No entanto, a minha intuição avisava que deveria resolver o problema o mais rápido possível. Estranhei que trabalhadores terceirizados utilizassem o local para fazerem reparos em cadeiras e outros objetos. Ouvi que servidores realizavam serviços ali.
O Museu é a casa onde moraram Rui Barbosa e sua família. É o primeiro Museu-casa do Brasil. É onde está guardada a Memória de Rui Barbosa. Sua família viveu ali e foi feliz. A casa foi escolhida para dar conforto aos seus. Rui encantou-se com o Jardim de 9 mil metros quadrados. Luxo na época e raridade atualmente. Em cada centímetro da Casa, vê-se o espírito, a inspiração e a vida de Rui. Seus 37 mil livros espalhados por belíssimas bibliotecas, seus aposentos íntimos, os móveis que contam um pouco da rotina intelectual e familiar do patrono. Seu gosto por saraus, o amor pela família, a crença em Deus, os estudos acadêmicos.
Em novembro, numa reunião virtual com o Ministério da Cidadania, diversas entidades apresentaram pedidos ao Fundo Nacional de Cultura e foram atendidas. A reunião estava sendo encerrada sem que a FCRB fosse solicitada a se manifestar. Não tive dúvidas: ergui meu braço e acenei. Falei alto: “Por favor, tenho urgências! O Museu pode desabar! A parte elétrica precisa ser trocada! Precisamos prevenir incêndio!”.
*Artigo publicado na Revista Terça Livre, em 7 de julho de 2020
Letícia Dornelles - Presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa
Leia o artigo em https://revistatercalivre.com.br/app/magazine_articles/view/186