Fundado em 1972, o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB) foi instalado na Fundação Casa de Rui Barbosa (FCRB) após um apelo feito por Carlos Drummond de Andrade em sua coluna do Jornal do Brasil de 11 de julho daquele ano. A crônica de Drummond era um lamento pela falta de um local onde ficasse guardada a memória literária nacional através das grandes obras da literatura do país. Em algumas linhas, o escritor fez também uma espécie de apelo para a criação de tal instituição: “mas falta o órgão especializado, o museu vivo que preserve a tradição escrita brasileira, constante não só de papéis como de objetos relacionados com a criação e a vida dos escritores [...] Será que a ficção, a poesia e o ensaio de nossos escritores não merecem possuí-lo?”.
Após conversas e negociações entre o escritor Plínio Doyle e Américo Lacombe, naquele momento presidente da FCRB, no dia 28 de dezembro de 1972, foi instalado na sede da Fundação, o Arquivo-Museu de Literatura Brasileira. Mais de 45 anos depois, seu acervo possui 348,19 metros lineares de arquivos de escritores brasileiros que representam diferentes movimentos literários, através de nomes como: Antônio Sales, Bastos Tigre, Cruz e Sousa, Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Pedro Nava, entre outros.
Dos 147 arquivos sob a custódia do AMLB, 35% encontram-se totalmente organizados e disponíveis na
base de dados; 60% encontram-se parcialmente organizados; e 14% aguardam o devido tratamento técnico. Há que se registrar que o fato de estes arquivos não terem sido ainda organizados não se traduz em impedimento para a consulta, uma vez que os acervos podem ser acessados in loco por todos os interessados, com agendamento prévio através do e-mail:
consulta.acervo@rb.gov.br.
Além dos arquivos privados dos escritores, o AMLB possui considerável acervo museológico constituído por cerca de 1950 peças e objetos que pertenceram a alguns titulares. Exemplos interessantes são a máquina de escrever de Clarice Lispector, duas caixas de música de Cornélio Penna e a mesa, cadeiras e poltrona de Manuel Bandeira.
O AMLB promoveu ao longo desses anos diversas exposições para que, assim, o público tivesse contato com os itens do acervo. A atual chefe do AMLB, Rosangela Rangel, diz que a intenção é que em breve esses projetos continuem sendo desenvolvidos. “O conceito de arquivo-museu visa conservar a memória da literatura, através da relação entre os objetos e as obras, com acervos de vários escritores dispostos no ambiente. O AMLB reúne os escritores mais representativos da literatura brasileira”, explica a arquivista.