Elementos compositivos do Jardim
No terreno de 9000 m², contamos com aproximadamente 6.000 m² de área ajardinada, onde se espalham caminhos de saibro (aleias), esculturas, canteiros, pontes, lagos, cascatas e rochas artificiais (conhecidas como rocailles ou rocalhas), e um extenso parreiral, com cerca de 60 m de eixo principal, datado da época da construção da residência, no século XIX.
Além dos aspectos botânicos e naturais, esse jardim é estudado por seu desenho (ou traçado): os lagos e rochedos artificiais, as pequenas pontes e os recantos de inspiração romântica, fazem lembrar os trabalhos do paisagista francês Auguste François Marie Glaziou, que na época dirigia a construção do Campo de Santana, no Rio de Janeiro. Os rochedos artificiais, também chamados rocalhas, são um dos elementos recorrentes do paisagismo romântico, empregados por Glaziou no Passeio Público, na Quinta da Boavista e no Campo de Santana. Para saber mais sobre o trabalho de Glaziou e sua influência, acesse Glaziou, o paisagista do império (LINK: http://rubi.casaruibarbosa.gov.br/handle/20.500.11997/1049 ) Diante da casa, no centro do jardim, uma escultura mostra uma águia dominando uma serpente. Feita de bronze, já lá estava quando Rui comprou a casa, mas curiosamente parece relembrar o título de "Águia de Haia", que o celebrizou após a Conferência Internacional realizada em 1907 na capital holandesa.
O jardim está dividido em três recantos, com características distintas.
O Jardim Social, que se estende entre a casa e o gradil que ladeia a rua. É um pequeno jardim romântico, datado da segunda metade do século XIX. Em meio ao gramado, o lago artificial simula um rio, fechado nas extremidades por um conjunto de rocalhas, de onde surge uma cascata, impulsionada por um fluxo d'água. Na margem direita do lago, na frente da casa, um jasmim-manga (Plumeria rubra) e dois pés de camélias (Camellia japonica) contornam a estátua de uma águia imobilizando uma serpente.
O Jardim Lateral compreende os canteiros que ladeiam a lateral direita da residência e que fazem a ligação entre os dois ambientes distintos. O local foi arrasado pela abertura de uma passagem que integraria as ruas São Clemente e Assunção, em 1927. Contudo, com as obras de inauguração do Museu Casa de Rui Barbosa, em 1930, o terreno foi reintegrado e o jardim restituído. Segundo depoimentos, na época em que Rui aqui residia, o lago do jardim social prosseguia pela lateral da casa, unindo-se ao lago que circunda o quiosque, e um grande flamboyant. Hoje, o local possui vasos de mármore carrara, um exemplar de acácia imperial (Cassia fistula) e, no canteiro do centro, um abricó-de-macaco (Couroupita guianensis).
O Jardim Privado é o jardim reservado, que se estende aos fundos da casa, atravessado pelo caminho que leva à pérgula. Nessa área se destaca o quiosque, implantado em uma pequena ilha, em meio a um lago, e dois nichos com árvores especiais: a lichia (Litchi chinensis) e o pau-brasil (Paubrasilia echinata), plantado pelo presidente Washington Luís, na ocasião da inauguração do Museu Casa de Rui Barbosa. Este jardim hoje tem um traçado retilíneo e os canteiros se organizam de maneira simétrica. Entre os canteiros com árvores frutíferas e não frutíferas, há caramanchões, ponte sobre o lago artificial, bancos de madeira e granito.
A pérgula, ou latada, era um elemento frequente nos quintais do Rio de Janeiro no século XIX, que, coberto por trepadeiras, fornecia sombra aos moradores. As parreiras que emolduram as alamedas centrais são sustentadas por pérgula em estrutura metálica. Restaurada na reforma de 1930, a estrutura de ferro, que apresenta elegante trabalho de serralheria, se estende pela parte posterior da propriedade. Seu eixo principal tem 60 metros e é cortado na transversal por duas alamedas, formando um agradável percurso sombreado pela parreira.
A distribuição harmônica desses elementos paisagísticos nos três recantos torna o jardim acolhedor, que supre as necessidades da comunidade do bairro pela tranquilidade das áreas verdes, cada vez mais restritas.
A vegetação ainda é bem semelhante à da época de Rui Barbosa, que gostava de cultivar espécies de diferentes origens em seu jardim: mais de 68% delas são exóticas. Entre as árvores plantadas por ele destaca-se a lichia (Litchi chinensis), que divide o espaço com outras frutíferas. Atualmente, mais de 60% das espécies plantadas no jardim são frutíferas, como as mangueiras (Mangifera indica), os abieiros (Pouteria caimito), os sapotizeiros (Manilkara zapota), as pitangueiras (Eugenia uniflora), o jambeiro-vermelho (Syzygium malaccense), a carambola (Averrhoa carambola), o abacateiro (Persea americana) e a jabuticabeira (Plinia cauliflora). Para conhecer mais informações sobre as espécies do jardim da Casa de Rui Barbosa, acesse nosso Inventário Botânico (LINK http://rubi.casaruibarbosa.gov.br/handle/20.500.11997/10729 )