TI Yanomami
Na Terra Indígena Yanomami (TIY) vive uma população de aproximadamente 31 mil pessoas, divididas em cerca de 384 aldeias (SESAI, 2023), entre povos Yanomami e Ye’kwana. Também existe um grupo de indígenas considerados isolados; ou seja, que não mantém relações permanentes com não indígenas.
A família linguística Yanomami não é vinculada a nenhum outro tronco linguístico. Possui seis línguas e dezesseis dialetos, conforme mais recente pesquisa realizada sobre a vitalidade das línguas Yanomami (ver Ferreira, Machado e Senra, 2019). As línguas e seus respectivos dialetos são:
- Yanomam (Yanomae, Yanomama ou Yanomami), com quatro dialetos (Yanomami das Serras Norte, Yanomami das Serras Central, Yanomamadas Serras Sul e Yanomae);
- Yanomam (ou Yanonami), com três dialetos no Brasil: o Yanomam do Oeste ou Yanonami, o Yanomami do Médio Rio Negro e o Yanomamidas Serras;
- Sanöma, com três dialetos (um na maioria das comunidades na região de Awaris, e outros dois dialetos minoritários falados apenas em duas comunidades, ou grupos de comunidades, na fronteira);
- Ninam, com três dialetos (Ninam do Norte, Ninam Central e Ninam do Sul);
- Ỹaroamë, com dois dialetos (da Serra e da Baixada);
- Yãnoma, com apenas um dialeto.
[(Ferreira, Helder Perri; Machado, Ana Maria A. e Senra, Estêvão Benfica (orgs.). 2019. As línguas Yanomami no Brasil: diversidade e vitalidade. São Paulo: ISA - Instituto Socioambiental; Boa Vista: Hutukara Associação Yanomami (HAY), (Saberes da floresta Yanomami; v. 17)]
Já os Ye’kwana pertencem à família linguística Karib
Onde vivem?
A TIY tem 9.664.975 hectares (96.650 km²), uma área maior que Portugal. O território está distribuído pelos estados de Amazonas e Roraima, na fronteira com a Venezuela, e foi homologado por decreto presidencial em 1992.
Históricos de contato
Os primeiros contatos entre os Yanomami e a sociedade nacional ocorreram entre 1910 e 1940. A instalação permanente de missões religiosas e de alguns postos do Serviço de Proteção ao Índio - SPI, até a década de 1960, fizeram com que os contatos se intensificassem.
Na década de 1970, houve outra fase de contato, com o início dos projetos de desenvolvimento do Governo Federal no âmbito do Plano de Integração Nacional - PIN. No mesmo período, o Projeto RADAM - Brasil revelou a existência de um grande potencial mineral estratégico de cassiterita, nióbio, ouro e vários outros metais no território Yanomami (ALBERT, 1992) [1].
Em 1973 iniciou-se a abertura da Rodovia Perimetral Norte (BR-210), um dos marcos na história epidemiológica dos Yanomami. A população Yanomami que vivia em contato com os trabalhadores da obra foi a primeira a ser afetada por moléstias infecciosas como o sarampo. Entre 1975 e 1976, garimpeiros invadiram a Serra de Surucucus. E, em 1980, ocorreu outra invasão de garimpeiros, desta vez no Furo Santa Rosa do Rio Uraricoera. Na segunda metade da década de 1980, começa a maior invasão garimpeira à TIY. No ano de 1985, a Serra de Surucucus é novamente invadida.
As rotas dos garimpeiros passaram a dar o rumo das epidemias, provocando uma grave degradação sanitária, ambiental e social. Segundo os registros, o ano de 1987 foi o auge da invasão. Em 1989, foi deflagrada a operação denominada Selva Livre para retirada dos garimpeiros e, logo depois, foi criado o Plano de Saúde Yanomami.
[1] ALBERT, Bruce. 1992. “A fumaça do metal. História e representações do contato entre os Yanomami”. Anuário Antropológico, 89. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro.