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Malária: um rastro do garimpo ilegal na Terra Indígena Munduruku, no Pará
A população da Terra Indígena Munduruku corresponde a 60% do público atendido pelo Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Rio Tapajós. A sede do DSEI fica em Itaituba, no Pará, município onde parte da Terra Indígena Munduruku está abrigada. Conforme os dados do DSEI, no ano de 2023, houve o registro de 4.808 casos de malária. De janeiro a setembro de 2024, o número de registros está em 3.142.
O município vizinho, Jacareacanga, é onde localiza-se a maior parte da Terra Munduruku, estando mais de 90% de extensão da TI em solo jacareacanguense. Lá, a população residente é de 24 mil pessoas e o número de casos de malária representa mais de um terço desse universo. Em 2023, 9.742 casos foram registrados e, neste ano, já foram 8.748 casos.
A região é endêmica para malária. Lutar contra a doença infecciosa significa também lutar pela qualidade de vida da população amazônica. Contudo, em correlação direta com o garimpo ilegal temos o rastro deixado na natureza: água parada em inúmeros buracos abertos pelo garimpo que servem como criadouros para o mosquito se proliferar.
A operação de desintrusão promovida pelo governo federal está em curso para evitar que novas áreas sejam abertas pelo garimpo, entretanto os espaços já desmatados levam anos para se recuperar. Outro ponto crítico é que garimpeiros infectados, não diagnosticados e tratados, se tornam “reservatórios da doença” e uma vez picados por mosquitos do gênero anopheles, infectam o mosquito perpetuando, assim, o ciclo de transmissão para outras pessoas em áreas próximas.
O Ministério da Saúde realiza de modo permanente medidas para prevenção e tratamento, a exemplo da realização de diagnósticos e tratamentos, campanhas educativas e ações de controle de vetores. Entre 2019 e 2023 foram realizados mais de 102 mil exames para o diagnóstico de malária no DSEI Rio Tapajós e enviados 1,6 mil mosquiteiros e outros 8 mil em 2024. Entre janeiro e outubro de 2024, foram realizados ainda 18.243 exames para diagnóstico de malária e enviados medicamentos e insumos necessários para o tratamento da doença, em quantidade suficiente para atender à demanda do período.
A orientação geral para prevenção individual da doença infecciosa é o uso de mosquiteiros, peças de roupas que protejam pernas e braços, telas em portas e janelas, além do uso de repelentes. Sobre as medidas de prevenção coletiva, o Ministério da Saúde orienta a borrifação residual intradomiciliar (BRI); o uso de mosquiteiros impregnados com inseticida de longa duração; pequenas obras de saneamento para drenagem e aterro de criadouros do vetor; entre outras. O diagnóstico e o tratamento oportunos são as medidas mais efetivas para interromper a transmissão da malária.
Desde 2023, o MS introduziu um medicamento inovador para o tratamento da malária, a tafenoquina. Não existe vacina contra a malária, mas a doença tem cura e o tratamento é eficaz, simples e gratuito, fornecido pelo SUS. Entretanto, a doença pode evoluir para suas formas graves se não for diagnosticada e tratada de forma oportuna e adequada.