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Acolhida
Acolhida: rádio comunitária ajuda migrantes e refugiados no acesso à informação
A rádio “La Voz de los Refugiados” conta com a participação de onze pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela que criam programas de rádio em diversos formatos - Foto: Acnur
Na última semana a Acolhida lançou mais uma ação para migrantes e refugiados venezuelanos, a rádio comunitária “La Voz de los Refugiados”, que será operacionalizada pelos moradores do abrigo Rondon III, em Boa Vista/RR. O objetivo é que seja cultivada uma cultura de pensamento crítico e boas práticas para compartilhar informações. A inciativa é uma realização da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) com a Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI Brasil), com o apoio do governo de Luxemburgo.
Os programas são todos em língua espanhola e o som se propaga pelos alto-falantes do Rondon III. Segundo o Acnur, em breve os programas serão reproduzidos em outros abrigos da Operação Acolhida.
Por meio de um estúdio que opera como um laboratório de rádio no abrigo, onze voluntários radialistas gravam programas em formato de podcast a partir de dúvidas da própria comunidade, e assim combatem rumores e informações equivocadas que circulam sobre a Covid-19, documentação migratória, acesso a direitos no Brasil, busca por trabalho e outros temas. Os programas da rádio são distribuídos via WhatsApp e disseminados nos alto-falantes de outros abrigos da Operação Acolhida.
“Esta é uma rádio comunitária, ou seja, uma rádio da comunidade para a comunidade. O grupo de voluntários tem um papel de extrema importância em promover a verdade e a conscientização sobre o compartilhamento de informações nos meios digitais, o que impacta as decisões e futuro de refugiados e migrantes no Brasil”, diz Lucas Ferreira, Assistente de Informação Pública do Acnur Brasil.
“Falamos sobre leis trabalhistas, discriminação, documentação e várias outras temáticas. Mas o principal é identificar aquele erro de informação, aquela mentirinha que está circulando na comunidade e que pode acabar prejudicando alguém. Quando dizem, por exemplo, que um imigrante pode votar no Brasil; ou que a fronteira abriu, sem realmente estar aberta”, conta Maria Andreina Gil, voluntária do projeto, de 35 anos.
PROJETO DA RÁDIO
O projeto de rádio comunitária foi selecionado por meio de um edital de inclusão digital da Unidade de Inovação do ACNUR e financiado pela Diretoria de Cooperação para o Desenvolvimento e Assuntos Humanitários do Governo de Luxemburgo. O edital buscou apoiar iniciativas lideradas pela população refugiada e migrante em suas comunidades para combater rumores que circulam entre essa população nos abrigos e por meios digitais. A iniciativa leva em consideração a rádio como uma ferramenta de comunicação e informação e é baseada em uma abordagem de engajamento da comunidade para identificar dúvidas e fornecer informações relevantes para estas pessoas.
A concepção do projeto se deu a partir de uma análise sobre desinformação nos abrigos e a necessidade de capacitar voluntários para o radiojornalismo como meio de enfrentar notícias falsas e rumores. A implementação se deu por meio da montagem de um estúdio de gravação e da instalação de um sistema de som, possibilitando assim realizar a produção e transmissão dos programas de rádio nos abrigos de Boa Vista/RR.
Em razão da situação política e socioeconômica da Venezuela, o Brasil mantém esforços que vêm sendo empreendidos desde 2018 para prestar assistência emergencial de maneira qualificada, tendo recebido entre os anos de 2018 e 2020 mais de 508 mil refugiados e migrantes venezuelanos e desenvolvido programas, projetos e ações de saúde, abrigamento, alimentação, água, saneamento e higiene, bem como facilitado o acesso à educação, proteção, assistência e integração socioeconômica.
A Acolhida é a pronta-resposta do país em acionar legal, política, estratégica e logisticamente medidas de assistência emergencial a pessoas em situação de vulnerabilidade decorrente de fluxo migratório provocado por crise humanitária. Para tanto, conta com centenas de parceiros estratégicos como a Agência da ONU para Refugiados (Acnur). A Operação Acolhida, por sua vez, é uma grande força-tarefa logística e humanitária executada pelas Forças Armadas e coordenada pela Casa Civil da Presidência da República e mais 10 ministérios, com apoio de agências da ONU e de mais de 100 entidades da sociedade civil, para oferecer assistência emergencial aos migrantes e refugiados que entram pela fronteira com Roraima. A estratégia de interiorização de venezuelanos, por exemplo, já inseriu social e economicamente quase 50 mil pessoas em mais de 600 cidades brasileiras.
Com informações da Acnur