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Grupo de trabalho do Conselhão debate financiamentos de longo prazo
O estímulo ao mercado secundário de títulos de dívida privados foi uma das sugestões apontadas por especialistas para superar dificuldades na obtenção de financiamento de longo prazo para investimentos no Brasil. A proposta foi debatida em grupo de trabalho do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) dedicado a questões de “investimento e intermediação financeira”.
As discussões no grupo envolveram questões sobre insegurança jurídica, que desestimulam o investimento em títulos privados, e o mercado de dívida pública.
Foram convidados para este debate: Otaviano Canuto, diretor executivo do Banco Mundial para o Brasil e outros oito países; Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (EESP-FGV); e Luiz Fernando de Paula, professor da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Para Luiz Fernando de Paula, a oferta de crédito de longo prazo está concentrada no Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) e em menor grau em bancos públicos, com os bancos privados tendo pouca participação.
Na avaliação do professor, os problemas do financiamento corporativo no Brasil acabam focando os bancos porque o mercado de capitais não se desenvolveu o suficiente. “Há participação importante dos bancos públicos, que cresceu a partir de 2008, com a crise. E há uma clara predominância de crédito ao consumidor e capital de giro nos empréstimos bancários, com baixa participação de financiamento de longo prazo”.
De Paula destacou que o mercado de dívida pública é bastante desenvolvido no país, funcionando como benchmarking para mercado de dívida privada, mas ao mesmo tempo inibindo-o e deformando-o. “Precisamos de medidas para desenvolver mercado secundário de títulos privados no Brasil”.
Para o professor, “sem redução significativa da taxa de juros não haverá solução para o crédito de longo prazo”. Ele concluiu dizendo que o papel do BNDES deve ser rebalanceado, mas vai continuar a ser importante em muitas áreas.
Otaviano Canuto também destacou a predominância de títulos da dívida pública, “criando um benchmark difícil de ser batido na dívida privada ou no mercado de ações”. Na opinião do diretor do Banco Mundial, para aumentar as possibilidades de financiamento de longo prazo é preciso reduzir a dívida pública e as taxas de juros, além de lidar com questões que inibem o mercado de dívida privada.
Já Yoshiaki Nakano destacou a necessidade de ampliar a poupança pública para gerar excedentes para investimentos em infraestrutura, estimulando a economia. “Precisamos de grandes investimentos públicos em infraestrutura, porque aí com certeza o setor privado vem atrás”.
No debate, a conselheira Marina Grossi propôs que o BNDES adote um sistema de hedging cambial para facilitar captações externas das empesas, e o conselheiro George Teixeira destacou a importância das cooperativas na oferta de crédito.
ASCOM/CDES