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Conselhão discute soluções para a saúde no Brasil
O tema central do primeiro debate do grupo de trabalho do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) que se dedica à saúde foi a reestruturação do Sistema Único de Saúde (SUS). Os debates ocorreram a partir de exposições feitas pelo professor da faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) Gonzalo Vecina e pela médica Martha Regina de Oliveira, diretora da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
O professor Gonzalo Vecina abordou questões relativas à atenção básica. Defendeu a reestruturação do SUS, apresentando dados que mostram que o modelo existe e funciona bem em vários países do mundo. Para ele, não há como pensar em um país melhor sem um sistema universal de atenção à saúde.
“Os países têm sistemas públicos e o componente privado. Todos têm fila também. A diferença é que são transparentes e universais e respeitam a questão da urgência”, disse o professor. “Que o SUS pode ser melhorado, não há dúvida. Enquanto em nível mundial de 5% a 10% da população conta com sistemas suplementares, no Brasil o número é de 30% a 35%”. Vecina disse ainda que considera o modelo de coparticipação (na saúde suplementar) bastante inteligente, por entender o paciente como sujeito integrante do processo.
O médico Raul Cutait concordou que o SUS deve passar por uma reestruturação que inclua o debate sobre a supressão do conceito de municipalização e o fortalecimento do de redes.
Já a médica Martha de Oliveira defendeu a implantação imediata do prontuário eletrônico. “O tempo estimado de implementação do prontuário eletrônico é de dez anos, de acordo com as experiências de outros países. Por isso, é imperativo que comecemos este desenvolvimento hoje”, afirmou. Ela entende que cada cidadão deve ter a posse dos seus dados de saúde. “E essa discussão passa, necessariamente pela questão da segurança da informação”.
Ela foi enfática ao falar sobre a gestão. “É preciso um modelo de gestão diferente, que seja mais eficiente”. Uma vertente é a gestão de dados do setor de saúde. “Temos dificuldade em transformar os dados existentes em resultados efetivos para o sistema”, concluiu.
A conselheira Anna Chiesa, professora da Universidade de São Paulo (USP), também alertou para a necessidade de se trabalhar melhor os indicadores. “Sabemos quantas consultas foram realizadas, mas não conseguimos ainda identificar o que geraram de impacto”, diz. Ela também frisou a importância da utilização dos registros físicos de que os serviços de saúde dispõem.
A conselheira Janete Vaz, co-fundadora do Laboratório Sabin, falou da importância de colocar as pessoas no centro quando a questão é a saúde. Também apontou a importância da gestão de custos permanente, da capacitação contínua dos profissionais, da tecnologia e da estrutura adequadas, e da comunicação eficiente.
As reuniões ocorrem nas dependências da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), onde os conselheiros, especialistas e convidados estão reunidos até o fim do dia.
O grupo de trabalho volta a se reunir no próximo mês, quando discutirá com autoridades do governo as cinco recomendações definidas hoje. Após esse debate, elegerão três recomendações para serem apresentadas ao presidente Michel Temer na 47ª reunião plenária do CDES, marcada para 6 de junho.
ASCOM/CDES