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Construção de cisternas prepara agricultores para seca no Semiárido
A seca não preocupa mais as famílias do Semiárido nordestino como antes. O uso de cisternas tem preparado as famílias para os longos períodos de estiagem. É o caso da agricultora Santildes Bispo dos Santos, 45 anos, que conta como essa tecnologia social mudou sua vida para melhor. Moradora da cidade de Barrocas (BA), ela relata que a vida era bem difícil sem as cisternas, mas hoje, com a água da chuva armazenada, produz alimentos e os comercializa na cidade. Mãe de quatro filhos, ela não precisa mais andar uma légua (quatro quilômetros) por dia, com uma lata na cabeça, em busca de água para beber e cozinhar.
Segundo a agricultora, os recursos do Programa de Fomento às Atividades Rurais foram essenciais para melhorar sua produção. “Com os recursos do Fomento, comprei arames para a plantação, blocos e cimento para melhorar a casa e um carrinho de mão que eu estava precisando muito.”
O programa tem possibilitado a implantação e a melhoria da estrutura produtiva dos beneficiários, além do acúmulo de patrimônio produtivo (com a aquisição ou a ampliação dos rebanhos e a construção de pocilgas e galinheiros, entre outros). Tem mudado também sua forma de produzir, com a ampliação e a diversificação da produção de alimentos orgânicos, sem falar da renda, que tem aumentado, por meio da comercialização do excedente de produtos (com melhor qualidade, inclusive) nos mercados locais e com os programas governamentais (PAA e Programa Nacional de Alimentação Escolar).
“Sem a água tudo era ruim demais. Eu andava uma légua, com um filho no colo e lata na cabeça, em busca de água. Graças a Deus não passo mais necessidade. Estou produzindo alimentos para o nosso consumo e até consigo vender o restante na barraquinha que consegui montar na cidade”, afirmou.
Cisterna Calçadão
A lavoura começou a crescer graças à cisterna calçadão, tecnologia social de captação de água para produção, construída em 2012. Santildes produz feijão, milho, mamão, maracujá, pimentão e hortaliças – tudo orgânico –, além de criar galinhas. “Com certeza minha vida está muito melhor”, conta. Além da feira, Santildes também já vendeu sua produção para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Agora, quer aumentar a plantação para vender mais.
Sobre o futuro, Santildes diz que já conta com a ajuda da filha Irene, 18 anos, que está no primeiro ano da faculdade de Engenharia Agrícola, para melhorar e diversificar ainda mais sua produção. “Ela vai nos ajudar na roça, mas espero que arranje um emprego aqui mesmo na agricultura”, sonha a agricultora, que é beneficiária do Bolsa Família. O benefício ajuda a família a pagar as contas de água e energia.
Soluções
Entre 2003 e maio de 2015, o governo federal entregou mais de 1,1 milhão de cisternas de água para consumo humano no Semiárido e 121,4 mil tecnologias sociais voltadas à produção de alimentos.
As cisternas - soluções simples para captar e armazenar água da chuva – amenizam os efeitos da seca prolongada. Com isso, é possível que uma família de cinco pessoas possa conviver com a estiagem por até oito meses.
O programa Água para Todos é uma parceria do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Ministério da Integração Nacional, que o coordena, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), do Ministério do Meio Ambiente, da Fundação Banco do Brasil, da Petrobrás e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). As ações são executadas em parceria com estados, consórcio públicos, entidades privadas sem fins lucrativos e bancos públicos, como o Banco do Nordeste.