Responsável por financiar um de cada três estudantes de pós-graduação
stricto sensu
no Brasil, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) alcançou diversas conquistas em 2020, mesmo com a crise sanitária provocada pela pandemia da COVID-19.
Um dos marcos foi a implementação do
modelo inédito de concessão de bolsas no país
, que aumentou o número de benefícios em 41% dos cursos, adicionando 3.386 oportunidades nos mestrados e doutorados. Hoje, o sistema tem um total de 98.303 bolsistas no País.
A CAPES também financiou o trabalho de 3.300 pesquisadores em universidades ou centros de pesquisas estrangeiros. Além disso, o Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG)
stricto sensu
teve um acréscimo de 164 novos cursos de mestrado e doutorado.
Embora a pandemia tenha provocado o fechamento de aeroportos e fronteiras e a suspensão temporária de atividades acadêmicas em muitas instituições brasileiras e estrangeiras, a Fundação adotou uma série de medidas para garantir a continuidade do sistema, prorrogando, em muitos casos, o período de vigência das bolsas. Neste cenário de desafios, a CAPES se mobilizou para garantir a segurança e o bem-estar de todos os bolsistas, repatriando cerca de 700 pesquisadores que solicitaram o retorno ao País. No Brasil, o prazo de vigência das bolsas de pós-graduação internas foi estendido e atendeu às necessidades de 28.324 estudantes.
“A pandemia afetou a dinâmica de toda a sociedade, até da pós-graduação, mas o nosso trabalho não parou”, comenta Benedito Aguiar, presidente da CAPES. “Vários setores educacionais pararam, mas a pós-graduação continuou, mesmo com restrições de mobilidade. Encontramos caminhos alternativos para desenvolver a pesquisa, desenvolver o ensino
on-line
. Continuou em um ritmo diferente, mas sem grandes interferências”, confirma.
20 anos do Portal de Periódicos!
Em 2020, o Portal de Periódicos da CAPES completou 20 anos. Com mais de 49 mil títulos, a maior base de apoio à pesquisa científica no Brasil, atende estudantes de 435 instituições e reúne cerca de 460 mil usuários ativos.
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Programas estratégicos induzidos aproximam academia e sociedade
A CAPES tem se empenhado na redução de assimetrias no Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) e na aproximação da academia com as demandas da sociedade. Sua meta é promover o avanço científico, tecnológico e de inovação no País, impulsionando áreas menos desenvolvidas, por meio de três programas estratégicos lançados em 2020:
Programa de Combate a Epidemias
,
Programa de Desenvolvimento da Pós-Graduação (PDPG) Parcerias Estratégicas nos Estados
e
PDPG Amazônia Legal
.
Principal ação da CAPES no enfrentamento ao novo coronavírus, o Programa de Combate a Epidemias engloba a concessão de 2.600 bolsas e um investimento de R$ 200 milhões em quatro anos. Três editais selecionaram 109 projetos. Em cada um deles a Fundação estimula pesquisas sobre a COVID-19 e outras doenças.
Lucio Freitas-Junior, pesquisador do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de São Paulo (ICB/USP), coordena um dos projetos selecionados no Programa de Combate a Epidemias. O laboratório liderado pelo cientista tenta adaptar, para o combate à COVID-19, medicamentos usados no tratamento a outras doenças. Ele destaca a importância dos editais. “Trabalhamos com o objetivo de fazer algo na bancada que possa, efetivamente, ajudar as pessoas a curto prazo”, afirma.
Com um orçamento parecido ao do combate à pandemia, o PDPG Parcerias Estratégicas nos Estados é resultado de um trabalho conjunto com as Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (FAPs), responsáveis por identificar programas de pós-graduação (PPGs) emergentes (com notas 3 e 4 na avaliação da CAPES – que adota uma escala de 1 a 7 – e com potencial para crescimento) e áreas estratégicas. Haverá a concessão de 1.800 bolsas e investimento de R$ 200 milhões em cinco anos.
O terceiro programa de desenvolvimento da pós-graduação lançado em 2020 compreende a região conhecida como Amazônia Legal, composta pelos estados da Região Norte, Maranhão e Mato Grosso. São 67 projetos selecionados e 488 bolsas ofertadas, com um investimento de R$ 42 milhões. Assim como as parcerias com as FAPs, o objetivo é diminuir assimetrias. A área concentra PPGs de notas 3 e 4 com potencial para crescimento.
Uma característica em comum às três iniciativas é a presença de bolsistas de pós-doutorado. Cientistas mais experientes unem forças a doutorandos e mestrandos para colocar a pós-graduação como protagonista do desenvolvimento científico e tecnológico, atender demandas da sociedade por meio da pesquisa e trabalhar para reduzir assimetrias nas instituições de ensino superior de todo o País. A CAPES concedeu 1.255 novos auxílios nessa modalidade por meio dos programas estratégicos induzidos.
“Estou bastante otimista em relação ao avanço da ciência para contornar e conviver com essa situação de maneira razoável. Nunca antes se ouviu tanto falar de ciência. A pandemia trouxe isso: levar à sociedade em geral o papel da ciência, da pesquisa, do conhecimento científico para combater a COVID-19”, avalia Benedito Aguiar, presidente da CAPES.
Parcerias intensificam ações da CAPES
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Em 2020, apesar do novo coronavírus, a CAPES manteve antigas parcerias e firmou novas cooperações com órgãos do governo, garantindo a continuidade da formação de pessoal altamente qualificado e o apoio a projetos em atendimento a demandas específicas e estratégicas.
Em janeiro, lançou o programa
Procad - Segurança Pública e Ciências Forenses
, em parceria com o
Ministério da Justiça e Segurança Pública
, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) e da Polícia Federal. O programa incentiva a cooperação acadêmico-científica entre instituições de ensino superior (IES) e órgãos de segurança pública, com apoio a projetos voltados à formação de pessoal qualificado para a pesquisa científica e o desenvolvimento tecnológico nas áreas às quais atende. Foram selecionadas 17 propostas, que envolvem 14 das 18 áreas temáticas listadas no edital.
Com o
Ministério da Defesa
, lançou o
Prêmio Tiradentes
, para estimular e valorizar a produção acadêmica relacionada à defesa nacional. Entre os 244 trabalhos inscritos, 112 foram de mestrado e 132 de doutorado. “A realização do concurso em parceria com a CAPES, a partir deste ano, é um grande avanço para ampliar as ações de fomento, expandir a produção científica e consolidar, no meio acadêmico, o pensamento sobre a defesa nacional”, explica Manoel Luiz Narvaz Pafiadache, secretário de Pessoal, Ensino, Saúde e Desporto do Ministério da Defesa.
Um acordo com o Conselho Regional de Nutricionistas da 4ª Região (
CRN-4
) foi assinado. Ele financiará projetos de pesquisa vinculados aos programas de mestrado profissional em Nutrição nos estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Para a formação de 20 nutricionistas, serão investidos R$ 400 mil.
A Fundação assinou também um segundo acordo de cooperação com o Conselho Federal de Enfermagem (
Cofen
). A parceria vai formar mais 180 enfermeiros no mestrado profissional com um investimento de R$4,8 milhões. Além da capacitação, o apoio incentiva o desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas com foco na Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) e na Gestão em Enfermagem. Na primeira edição, de 2017 a 2019, foram formados 140 mestres pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Gisele Miranda, que participou deste grupo, afirma que a formação
stricto sensu
transformou a sua forma de trabalhar: “Além do crescimento intelectual adquirido, tenho a necessidade de aprender cada vez mais e estar sempre em contato com a pesquisa e a troca de saberes com outros enfermeiros”.
Neste período a CAPES também firmou protocolo de cooperação com a Secretaria Nacional da Família (SNF) do
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos
e, juntas, vão apoiar estudos relacionados à organização e situação atual das famílias brasileiras, com investimento de R$2,4 milhões. O Programa Família e Políticas Públicas no Brasil vai apoiar projetos de pesquisa e formação de pessoal, ao financiar seis projetos, com 50 bolsas de mestrado e pós-doutorado.
Investimento na formação de professores
Em 2020, a CAPES manteve o seu esforço para melhorar a qualidade do ensino brasileiro. Um dos principais eixos dessa atuação é a oferta de programas voltados ao desenvolvimento e aprimoramento de professores, da educação básica ao ensino superior. O
Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB)
é o principal deles. Há 14 anos são oferecidos a distância (EaD) cursos de licenciatura e de formação inicial e continuada para professores da educação básica.
Neste ano, 620 novas turmas iniciaram as aulas em 35 instituições, preenchendo 17 mil novas vagas. Hoje existem mais de 121 mil alunos matriculados. “A
UAB
, em muitos casos, é a única oportunidade que alguns municípios têm de formar e preparar seus professores”, explica Benedito Aguiar, presidente da CAPES. Atualmente, participam 132 instituições públicas de ensino superior e 890 polos parceiros espalhados por 792 municípios brasileiros.
No âmbito de cooperação internacional, a Fundação selecionou 102 professores para participar do
Programa de Desenvolvimento Profissional de Professores da Educação Básica no Canadá
. O curso é promovido pelo
Colleges and Institutes Canada (CICan)
. “A CAPES tem uma importância fundamental na formação de professores da educação básica. Quem tem um bom projeto e interesse em melhorar a educação, vai ter o seu apoio”, conta Vinícius Matos, professor de matemática e um dos 102 selecionados.
Por outro lado, o
Programa de Mestrado Profissional para Professores da Educação Básica (ProEB)
ofereceu este ano 2.265 novas vagas em seis programas já existentes. Atualmente, o ProEB conta com mais de 15 mil alunos matriculados nos seus 11 cursos, distribuídos em 317 unidades de ensino em todas as regiões do País. Também foram iniciadas as atividades do
Programa Residência Pedagógica
e do
Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid)
, que ofereceram 60 mil bolsas para estudantes de licenciatura.
A CAPES, em parceria com o MEC, dispõe, em suas plataformas digitais, de cursos totalmente gratuitos. Neste período, 145 mil vagas para aulas de Português, Matemática, Fundamentos de Estatística e Tecnologias da Informação e Comunicação foram abertas. Além disso, junto com a Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), ofereceu 300 mil vagas para capacitar professores e estudantes de licenciatura no
uso de ferramentas digitais
, totalizando a oferta de 445 mil vagas.
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