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InfoCAPES: Edição 2 - Dezembro/2018
PrInt: instituições selecionadas iniciam execução de projetos de internacionalização
As 36 instituições de ensino e pesquisa selecionadas para a primeira edição do Programa Institucional de Internacionalização (
CAPES - PrInt
) iniciaram as atividades de execução de seus projetos, que serão desenvolvidos ao longo de quatro anos. O investimento anual será de R$ 300 milhões. Os recursos serão repassados ainda este ano.
"A grande vantagem do
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é que a instituição recebe a verba e tem liberdade para definir como usá-la: se vai usar mais para certo tipo de bolsa, se vai mandar mais gente para o exterior ou atrair mais gente do exterior, os eventos que vai realizar. Há muita flexibilidade na definição do uso dos recursos", explica o presidente da CAPES, Abílio Baeta.
Concebido para fomentar a construção, a implementação e a consolidação de planos estratégicos de internacionalização das instituições selecionadas nas áreas do conhecimento por elas priorizadas, o
PrInt
pretende ainda estimular a formação de redes de pesquisas internacionais. Com essa iniciativa, a CAPES pretende ampliar as ações de apoio à internacionalização na pós-graduação e o aprimoramento da qualidade da produção acadêmica oriunda deste segmento da educação.
O programa busca estimular a internacionalização estratégica e abrangente das instituições, indo além das ações de mobilidade de professores e alunos, que também estão previstas no escopo de Programa, incentivando a transformação das instituições participantes em um ambiente internacional.
"Desenhamos um programa no qual as universidades têm de ser mais proativas nas suas agendas de internacionalização da pós-graduação", argumenta a diretora de Relações Internacionais da CAPES, Connie McManus. A ideia é que as instituições tenham mais flexibilidade na utilização dos recursos. "Cada universidade demanda uma política diferente, pois cada uma tem suas necessidades e pesquisa em áreas diferentes", explica a diretora.
Na avaliação da diretora, a CAPES não pode dizer o que cada universidade precisa. "Elas que decidem, fazem seus planejamentos estratégicos para a melhoria de seus programas de pós-graduação, utilizando a internacionalização para aprimorar, mas cada uma com suas estratégias e políticas".
Para Ernani Carvalho, pró-reitor de pesquisa e pós-graduação da Universidade Federal de Pernambuco, uma das selecionadas para o
CAPES-PrInt
o programa traz uma nova perspectiva de investimento com planejamento institucional estratégico. "É um novo paradigma, com mais objetivo na aplicação dos recursos". Márcia Bortolocci, coordenadora da pós-graduação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, outra que participa do programa, enxerga no
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um olhar atento da CAPES sobre a internacionalização dos programas brasileiros: "contribui para elevar o impacto de nossas pesquisas".
"O
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veio ao encontro da nossa tentativa de se aproximar, em projetos colaborativos, de países que têm impacto muito maior na ciência", afirma Maria Cristina Veloz Teixeira, coordenadora geral de pós-graduação da Universidade Mackenzie, uma das cinco instituições privadas selecionadas. Para ela, o programa vai permitir dar mais visibilidade e projeção mundial ao Brasil.
O presidente da CAPES enfatiza que o desafio da internacionalização não é apenas das universidades brasileiras, mas de todos os países. "Há um reconhecimento explícito que os grandes temas de pesquisa são temas, também hoje, de todos os países, de todas as sociedades. Segurança, o problema da mobilidade urbana em grandes centros, o envelhecimento, as questões ambientais. São problemas globais que precisam de respostas globais", descreve Abílio Baeta.
Diferentes estratégias para ganhar visibilidade no mundo
As instituições selecionadas para o
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desenvolveram diferentes estratégias de internacionalização para ganhar visibilidade na pesquisa científica mundial e estruturaram seus projetos de acordo com as suas expertises. A proposta da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), por exemplo, envolve educação, saúde, meio ambiente, modelagem computacional, física, ciências políticas e sociais.
Já a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp) estruturou sete temas transversais na área do desenvolvimento sustentável. "São 74 programas, dez mil alunos, dois mil professores em torno desses temas", descreve João Lima Santana Neto, pró-reitor de pós-graduação da Unesp.
A Universidade Federal de Mato Grosso do Sul enfatizou áreas em que seus pesquisadores trabalham em conjunto e que são vocação do estado, como agronegócio, biotecnologia, biodiversidade e saúde humana e animal. "Tivemos a oportunidade de trabalhar em conjunto com os pesquisadores, organizar uma política de internacionalização, articular os diversos atores da pós-graduação na universidade, mostrar que nós somos capazes de promover pesquisa de qualidade. A CAPES acenou positivamente a esse esforço, e esse apoio é fundamental", afirma Márcia Bortolocci, coordenadora de pós-graduação.
Tanto a Universidade Federal Rural de Pernambuco como a de Uberlândia, após ampla discussão em todos os programas de pós-graduação, definiram dois temas para a internacionalização. A UFRPE optou por trabalhar a produção animal e vegetal, no viés da sustentabilidade, e o futuro, com metodologias inovadoras. Já a UFU escolheu nove projetos abarcando tecnologias convergentes e dinâmica social.
O
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também contribui para mudanças internas nas instituições. É o caso da Fiocruz. "Ele nos obrigou a organizar a nossa política de internacionalização", relata Cristina Guilam, coordenadora geral de Pós-graduação. "O efeito foi benéfico para promover uma discussão viva na própria instituição", conclui.
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) priorizou cinco áreas na sua estratégia institucional: linguagem, interculturalidade, identidade, nanociência, nanotecnologia, transferência digital, indústria e serviços 4.0, saúde humana e sustentabilidade ambiental e se prepara para aprimorar a internacionalização em seus cursos. "O programa impulsionará mudanças na instituição. É uma política que vai ficar, porque vai redesenhar o ensino universitário no país, adequando-o às universidades do mundo inteiro", comemora Cristiane Derani, pró-reitora de Pós-graduação.
Especialistas nacionais e internacionais participaram do julgamento dos projetos
Interessadas em participar do
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, 109 instituições de ensino e pesquisa apresentaram seus planos de internacionalização da pós-graduação. Estas propostas foram submetidas, durante o mês de j julho, às análises de especialistas nacionais e internacionais.
Ter, no mínimo, quatro programas de pós-graduação recomendados pela CAPES na última Avaliação Quadrienal e, pelo menos, dois cursos de doutorado entre esses programas era uma das exigências para a candidatura.
Para atender aos pré-requisitos do edital, a instituição concorrente precisou definir temas estratégicos a serem apoiados e mostrar, por meio de políticas e ações inovadoras, como iria ganhar maior protagonismo internacional nos próximos anos.
A instituição deveria definir as suas metas para melhoria da qualidade da pós-graduação, com parcerias estratégicas e contrapartidas bem definidas, prevendo o fortalecimento de grupos de pesquisa em colaboração internacional.
A análise de mérito envolveu um diagnóstico institucional, capacidade técnica do grupo gestor, coerência e viabilidade da proposta – bem como seu caráter inovador –, além da sua relevância, considerando o impacto sobre a instituição. O resultado baseou-se não apenas na qualidade da instituição, mas também na habilidade para escolher as áreas e parcerias estratégicas de acordo com a sua vocação.
Além disso, o uso de estratégias inovadoras para internacionalização e a capacidade de a instituição atender às metas definidas, baseada nos dados disponíveis na proposta e utilizando plataformas de dados nacionais e internacionais, também contaram para avaliação.
O acompanhamento e monitoramento dos projetos será feito pela CAPES, considerando as metas propostas pelas próprias instituições. As avaliações de cumprimento das metas dos projetos serão realizadas anualmente.
Para as instituições que não foram selecionadas pelo
PrInt
, a CAPES estrutura um novo programa que pretende auxiliá-las na modelagem de seus planejamentos institucionais de internacionalização. A iniciativa visa a preparação para o próximo edital do CAPES-
PrInt
que deverá ser lançado em 2019, com implementação no final de 2020.
Síntese do
PrInt
GANHOS
- Maior visibilidade à pesquisa científica realizada no Brasil;
- Incentivo às redes de pesquisa internacionais integradas às instituições brasileiras;
- Mobilidade internacional de professores, pesquisadores e estudantes de pós-graduação;
- Atratividade de professores, pesquisadores e estudantes de pós-graduação estrangeiros para o Brasil.
CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
- Ter, no mínimo, quatro programas de pós-graduação recomendados pela CAPES e, pelo menos, dois cursos de doutorado;
- Definir temas estratégicos;
- Propor metas para melhoria da qualidade da pós-graduação.
AÇÕES FINANCIÁVEIS
- Auxílio para missões de trabalho no exterior;
- Manutenção de Projetos;
- Bolsas no exterior (Doutorado-sanduíche, Professor Visitante Júnior e Sênior e capacitação em cursos de curta duração);
- Bolsas no Brasil (Jovem Talento, Professor Visitante e Pós-doutorado).
Iniciativas de cooperação reduzem custos no exterior
Além do
PrInt
, a CAPES mantém diversas iniciativas baseadas na cooperação bilateral e multilateral com parceiros no exterior. O ano de 2018 foi marcado pela renegociação de acordos de cooperação internacional antigos e negociação de novas parcerias com o objetivo de garantir a formação de recursos humanos altamente qualificados em instituições estrangeiras de excelência, buscando a simetria no financiamento das ações que envolvem parceiros de fora. Com a negociação, tem sido possível, por exemplo, a diminuição significativa de taxas acadêmicas pagas no exterior para a realização de doutorados plenos, efetivando-se a redução em 70% dos custos relacionados a doutorados plenos cursados em instituições parceiras, como ocorreu com a Universidade de Yale, uma das melhores dos Estados Unidos.
Em 2018, quase 10 mil estudantes obtiveram bolsas para o exterior, sendo que mais de quatro mil foram para doutorado-sanduíche. "Acreditamos que a internacionalização está forte em todas as universidades mundialmente. Se o Brasil não ficar atento a essa tendência, vamos perder muito espaço na ciência e na tecnologia. Ficaríamos isolados tecnologicamente, o que é muito ruim para as universidades e os pesquisadores", adverte Connie McManus.
Ação fortalece pós-graduação da Região Amazônica
O Programa Nacional de Cooperação Acadêmica na Amazônia (
Procad/Amazônia
) faz parte de uma ação complementar para o fortalecimento da pós-graduação na Região Norte e no estado do Maranhão. Apoia projetos de pesquisa conjuntos para formação de redes de cooperação acadêmica que possibilitem a utilização de recursos humanos e de infraestrutura disponíveis nas diferentes instituições participantes. Pretende-se assim contribuir para a abordagem de novos tópicos de pesquisa, criação de condições para o incremento da pesquisa na Amazônia brasileira e a elevação da qualidade dos cursos oferecidos. O edital contou com a contribuição de propostas das instituições entre critérios de avaliação e julgamento para a entrega dos recursos. O Procad possibilitou a concessão de bolsas de Professor Visitante no Exterior Júnior e Sênior, Doutorado-sanduíche no Exterior e Jovem Talento com Experiência no Exterior exclusivamente para a Região Norte.
Doutorado-sanduíche muda para fortalecer o planejamento institucional
Ainda em 2017, a CAPES havia pedido às instituições que indicassem como o Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior (
PDSE
) estava inserido em suas estratégias de internacionalização, dentro dos Planos de Desenvolvimento Institucional, já sinalizando o foco no planejamento institucional. Seguindo o modelo instituído pelo
PrInt
, haverá mudanças no PDSE, a partir de 2019. As utilizações das cotas de doutorado-sanduíche devem refletir a política institucional de internacionalização, como forma de contribuir para a melhoria da qualidade da pesquisa e pós-graduação no Brasil.
A CAPES fará um novo acordo com as universidades, uma vez que as cotas de bolsas serão por instituição e não por curso. Importante será destacar que não haverá mudança no número de cotas. A instituição deverá esclarecer a sua política para distribuição das cotas bem como a seleção de candidatos. A diretora de Relações Internacionais da CAPES, Connie McManus, explica que essa alteração vai ao encontro das necessidades estratégicas das instituições. Com a mudança, a cota não utilizada por um curso pode ser transferida para outro de acordo com a estratégia de cada instituição.
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