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InfoCAPES: Edição 14 - Dezembro/2019
RBPG volta 100% digital e gratuita
Ela está de volta! Após dois anos, a Revista Brasileira de Pós-Graduação (
RBPG
) está com novidades e a qualidade de sempre. Nesse período, algumas mudanças foram adotadas para melhorar o processo de produção: editoria, periodicidade, seções e prazo de avaliação dos artigos. Agora, ela também passa a ser 100% digital e gratuita.
“A CAPES tomou a decisão de voltar com a RBPG, pois viu a importância desse instrumento para a disseminação do conhecimento para a comunidade acadêmica”, argumenta Marta Elias, colaboradora da revista.
A primeira alteração para a produção da nova RBPG foi o fim da exigência de que o editor-chefe seja servidor da CAPES. A segunda, a periodicidade de publicação da revista: já foi quadrimestral e semestral e, agora, será de fluxo contínuo, com os artigos publicados assim que aprovados.
A ideia é que, a cada três meses, o conjunto desses trabalhos seja compilado numa edição da revista e realizado um simpósio temático para que os autores apresentem e debatam os temas abordados.
Diogo Souza, editor-chefe da revista, considera relevante a redução do prazo de 90 para 30 dias para a divulgação do resultado da seleção dos artigos. “Com esta nova política de avaliação, a diminuição destes prazos, sem prejuízo do rigor científico, contribuirá para a inclusão de estudos referentes a dissertações de mestrado e de teses de doutorado, que têm prazos rigorosos para conclusão”.
INTERNACIONALIZAÇÃO
: Outra novidade será a cooperação com estrangeiros. “O projeto de internacionalização da RBPG será executado depois de um período inicial de adaptação, quando serão convidados pesquisadores de outros países para submeterem seus artigos”, disse Diogo Souza.
A revista também será sustentável, com o fim do modelo impresso, tornando-se 100% digital e gratuita. A publicação dos artigos é feita no site da RBPG e indexado tanto no Portal de Periódicos da CAPES quanto nos repositórios abertos cadastrados nesse portal, ampliando e democratizando o acesso a conteúdo de alto nível.
Zena Martins, diretora de Programas e Bolsas no País (
DPB
) da Coordenação, e uma das principais incentivadoras do
retorno da RBPG, disse que a revista é o único “veículo que preenche a lacuna de publicações com temas voltados para a gestão e desenvolvimento do Sistema Nacional de Pós-Graduação”.
As sessões da revista também tiveram alterações. Foram extintas as de Editorial, Estudos e Documentos, e criadas as de Artigos, Dossiês Temáticos e Ensaios, e mantidas as de Debates e Experiência Inovadora.
Luciana Calabró, secretária-executiva da RBPG, se disse orgulhosa em fazer parte da equipe. Seu trabalho consiste em auxiliar o editor-chefe no desenvolvimento da revista e na parte administrativa. “Contribuo para a escolha dos avaliadores, contratos, orçamento, promoção, edição, comunicação junto às instituições parceiras, além de documentar reuniões e relatórios de atividades”.
Criada em 2004 pela CAPES, a RBPG completa 15 anos com o objetivo de disseminar o conhecimento, por meio da democratização do acesso a estudos científicos multidisciplinares, relativos à educação básica e superior, ciência e tecnologia, cooperação internacional e inovação. Foram publicadas 33 edições entre 2004 e 2017. A média anual é de 80 mil visitas à página da revista.
LANÇAMENTO
: A 34ª edição da Revista Brasileira de Pós-Graduação (RBPG) foi lançada na sede da CAPES em 28 de novembro, quando também foi comemorado seu 15° ano. Na ocasião, foi realizado um simpósio com os autores dos artigos do periódico, cujo tema foi Ciência na Escola.
Anderson Correia, presidente da CAPES, declarou durante o evento que a melhor forma de disseminar o conteúdo científico e educacional das universidades é por meio de revistas, feiras e congressos. “Agora estamos fazendo a retomada da RBPG, com o objetivo de levar esse conteúdo para as escolas públicas e particulares, para acesso dos professores da educação básica e toda a comunidade científica nacional”.
Diogo de Souza, editor-chefe, também comemorou a volta da RBPG que, em seus 15 anos de existência, publicou mais de 400 artigos e, segundo ele, teve um papel muito importante para a educação brasileira. Souza estimou que, em um ano e meio, “será uma revista de respeito e inserção internacional. Todas as atividades de pesquisa publicadas serão um marco na ciência, na educação e no ensino internacional”, finalizou.
Entrevista: “A RBPG é essencial para a divulgação de estudos e políticas públicas”
Doutor em medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Diogo Souza, editor-chefe da RBPG, cursou pós-doutorado na University of London, na Inglaterra, e foi professor visitante no Neurology Service, Veterans Affair Medical Center, na Califórnia – Estados Unidos. Publicou mais de 500 artigos científicos, orientou inúmeras teses de doutorado e dissertações de mestrado, principalmente na área de Neurociências.
É membro da Associação Brasileira de Ciências (ABC) e associado às sociedades Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq), de Neurociências dos Estados Unidos (SFN) e da Associação Europeia de Neurociência (ENA). Na entrevista a seguir, ele fala da importância da revista para a comunidade acadêmica. “A RBPG é essencial para a divulgação de estudos e políticas públicas”.
1. O senhor é o primeiro editor-chefe fora do quadro de servidores da CAPES. Fale um pouco sobre a importância dessa mudança no Estatuto e do seu trabalho à frente da revista.
A mudança permite que o editor-chefe seja fora do quadro da CAPES, mas, obviamente, não impede que o servidor possa exercer esta função. Assim, a grande vantagem desta mudança é ampliar o leque de opções que a presidência da CAPES passa a ter quanto à indicação para esta função. No que se refere à minha indicação específica, gostaria de salientar que eu trago uma experiência em editoria de revistas científicas.
2. A RBPG volta a ser publicada após dois anos. O que mudou nesse período? Quais as novidades nela?
A RBPG, durante a sua existência, prestou um enorme serviço à comunidade científica brasileira, divulgando estudos sobre ensino, educação, ciência, tecnologia e inovação. As novidades se referem à proposta de agilidade no processo de avaliação dos estudos submetidos, reduzindo drasticamente o tempo entre a submissão e a emissão do parecer da RBPG para o autor correspondente do estudo. Com esta nova política de avaliação, a diminuição destes prazos, sem prejuízo do rigor científico, contribuirá para a inclusão de estudos referentes às dissertações de mestrado e de teses de doutorado, que têm prazos rigorosos para conclusão.
3. O senhor está participando do projeto de internacionalização da revista. O que foi feito até agora? Quais são os projetos em andamento?
O projeto de internacionalização da RBPG será executado depois de um período inicial de adaptação, quando serão convidados pesquisadores de outros países para submeterem seus artigos, abrindo, então, espaço para pesquisadores estrangeiros submeterem espontaneamente seus estudos na nossa revista.
4. Qual a importância dessa revista para a comunidade acadêmica?
A RBPG é uma revista que tem sido, e continuará sendo, essencial para a divulgação de estudos sobre ensino, educação e políticas públicas referentes ao ensino básico, graduação, pós-graduação e pesquisa. Com a redução do tempo para o processo de avaliação dos estudos submetidos, este papel de divulgação nestas áreas se tornará ainda mais proeminente.
5. Como você vê o papel desempenhado pela CAPES para melhorar o ensino de educação superior no país?
Eu resumo em duas palavras: absolutamente essencial!
Ciência, a revolução do ensino para o futuro
A edição que marca o retorno da RBPG traz nos textos de seus articulistas uma preocupação e uma realidade: o modo como se ensina ciência nas escolas tem que mudar, e as escolas que abraçam as metodologias modernas apresentam resultados animadores. Com criatividade, vontade política e empenho, o Brasil pode inovar e se destacar na educação do século XXI.
Mostrando que os programas de pós-graduação podem estar conectados à educação básica, Angela Wyse, professora da UFRGS, relata em seu artigo a experiência da criação de uma disciplina de caráter multidisciplinar, que estabeleceu um vínculo entre os programas de pós-graduação e as escolas de educação básica a partir da partilha de conhecimentos entre pós-graduandos, professores e tutores, para disseminar a ciência e estimular o gosto pelo seu estudo. Como se refere na conclusão de seu trabalho “A disciplina pode ser um elo de inserção social entre a Universidade e a sociedade”.
As feiras de ciências têm papel de destaque na escrita de Antônio Carlos Pavão e Maria Edite Costa Lima, ambos professores no Recife (PE). Sua pesquisa apresentou a importância das conhecidas feiras na construção de uma “estratégia educacional que naturalmente estimula atividades de investigação científica na escola, favorecendo o ensino de ciências 'fazendo ciência'”, como aponta Pavão. Nelas, o conhecimento é redimensionado a partir de um envolvimento social. A família participa. A escola acolhe. A sociedade recebe.
No bojo deste conhecimento que se amplia a partir de novas metodologias de ensino, o futuro chega pelas mãos dos alunos, a partir da necessidade de se construir um mundo viável para as próximas gerações. O Projeto Robótica com Sucata, desenvolvido em São Paulo (SP) por Débora Garofalo com jovens e crianças da periferia da cidade, mostra que é possível repensar as formas de educar para a ciência e para o mundo. Seu trabalho, autossustentável por ter parcerias com empresas de reciclagem, atua na educação ambiental, com o necessário protagonismo juvenil. “A resistência deles vinha do medo do novo, do experimentar outro tipo de aprendizagem devido aos anos de aula, de tecnologias com propósitos de entretenimento, e não educacional”, destaca a educadora, escolhida como uma das 10 melhores professoras do mundo pelo
Global Teacher Prize
2019, organizado pela Varkey Foundation, uma entidade britânica que atua na melhoria dos padrões de educação para crianças carentes.
Seguindo este princípio, e destacando a proposta da Unesco no contexto da Sociedade do Conhecimento e da Aprendizagem, feita no no final dos anos 90 para o século XXI, estão os quatro pilares que sustentam a Educação, dentro dos quais o ensino estava muito alicerçado no pilar do aprender a conhecer e pouco no aprender a fazer. Com base neste estudo, Eliane Lourdes da Silva Moro e Lizandra Brasil Estabel discorrem sobre as tecnologias de informação e de comunicação no processo de ensino e aprendizagem, reforçando a importância de se repensar o processo da produção do trabalho científico, valorizando a leitura, a escrita, a colaboração e a cooperação a partir de uma construção individual e coletiva.
O exemplo do trabalho desenvolvido pela prefeitura de Recife é mostrado no artigo Ciência e tecnologia na escola, assinado por Francisco Luiz dos Santos, que destaca o trabalho inovador “com a abertura dos Laboratórios de Ciência e Tecnologia nas escolas da rede pública onde todas essas atividades são integradas às experiências clássicas dos laboratórios de ciência, permitindo que os estudantes tenham um espaço, com coordenação própria e integrada à escola, para a realização de suas ideias e soluções de seus problemas”.
A necessidade de uma nova educação para as ciências é uma questão pensada há muito. Em sua escrita O Projeto Novos Talentos da Rede Pública: Uma Singela Homenagem ao Professor Leopoldo de Meis (1938 – 2014), João Calixto destaca a trajetória do médico e educador Leopoldo de Meis, que “tinha a firme convicção de que os jovens brasileiros não gostavam das escolas públicas e, principalmente das disciplinas a eles oferecidas, devido à maneira maçante, impositiva e pouco criativa com que os professores os ensinavam. Achava que usando a experimentação com base no método científico, associado às artes e aos métodos modernos de ensino, era possível criar uma forma atrativa e eficiente de ensino”.
Por outro lado, os educadores René Levy Aguiar e Dércio Luiz Reis, respectivamente da UEA e da UFAM, tratam da importância que os programas voltados à educação científica e à inovação contribuem para o desenvolvimento econômico e social em uma região, no caso deles, o estado do Amazonas. “A possibilidade de qualificação para a inovação e empreendedorismo, antes ou durante os cursos de pós-graduação, e o suporte à criação de startups baseadas nos projetos de pesquisa ou tecnológicos desenvolvidos neste nível de formação, são direcionamentos factíveis e relevantes, (...) podem ser caminhos importantes para o desenvolvimento econômico”, destacam.
Para ambos, são essenciais os “investimentos em projetos de pesquisa, assim como a qualificação de professores e alunos, além de parcerias nacionais e internacionais”. Do mesmo modo, o “fortalecimento da infraestrutura de laboratórios e de redes de comunicação, apresentam-se como requisitos indispensáveis para que novos horizontes econômicos para o país e para o estado do Amazonas sejam edificados em bases mais sustentáveis”, concluem.
Por fim, Vivian M. Rumjanek e Wagner Seixas da Silva trazem uma pergunta muito pertinente: Ciência para todos?. Novamente, a figura de Leopoldo Meis aparece como uma luz para o desenvolvimento de uma nova metodologia. Focado na inclusão de deficientes auditivos, o trabalho destaca que “O Brasil é um dos países do mundo com o mais avançado conjunto de leis sobre acessibilidade, apesar da dificuldade em encontrá-las implementadas”.
Os pesquisadores destacam que apesar disso ainda são encontradas dificuldades na inclusão real dos surdos. “Os alunos deste último grupo encontram-se espalhados na rede pública de ensino e, por serem poucos por escola, dificilmente estão na mesma classe, sentem-se isolados e não compartilham ideias e opiniões”, ponderam.
Em sua conclusão apontam que “A vinda aos cursos para alunos surdos na universidade, permite não só aprender ciência, penetrar em um mundo antes inatingível, como encontrar outros surdos, e pela primeira vez argumentar sobre suas opiniões e ideias”, refletindo ao final que “A experiência de aprender ciência com quem faz ciência, como idealizado pelo Prof. Leopoldo de Meis, cobre todos esses quesitos e vem sendo utilizada há mais de 30 anos. Mostra também a importância do diálogo entre a escola e a universidade. Apresenta aos pós-graduandos a possibilidade de conhecer mais profundamente a realidade social dos alunos de escolas públicas que almejam um dia entrar na universidade e participar do processo de produzir ciência”.
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