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InfoCAPES: Edição 11 - Setembro/2019
Parceria une agências de promoção da ciência, integra dados e gera economia
Da união das principais agências que promovem a pesquisa no País, nasce uma iniciativa para dar vida a uma plataforma integradora de dados científicos, beneficiando diretamente instituições e pesquisadores: o Consórcio Nacional em Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação, CONECTI Brasil, um ecossistema de informações que pretende melhorar a gestão do conhecimento.
Oficialmente lançado em 07 de agosto, o CONECTI foi firmado por um Acordo de Cooperação assinado pelos dirigentes da CAPES, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP), da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) e da Biblioteca Eletrônica Científica Online (SciELO).
Talita Oliveira, coordenadora geral de Atividades de Apoio à Pós-Graduação da Diretoria de Avaliação da CAPES, destaca que o CONECTI é importante para que todos os parceiros tenham uma informação mais completa e de mais qualidade. Ela reforça que "isso vai auxiliar no processo de avaliação, de formulação de políticas públicas e de divulgação do que é feito pela CAPES, pelo CNPq e os outros membros, de forma integrada".
Essa união vai garantir a oferta de serviços digitais a todo o ambiente de pesquisa, passando por universidades e financiadores, que produzam e compartilhem dados. Estão envolvidos pesquisadores, professores, instituições e agências de fomento. Produtos científicos como teses, dissertações, livros e artigos, projetos, eventos e prêmios também compõem esse universo de informações.
A coordenadora explica que "como se lida com a mesma informação – pesquisa, projetos, autores – é importante que se complemente esses dados com o que é feito na CAPES, no CNPq e nas fundações de amparo, para se ter um contexto mais completo de tudo o que é feito em termos de pesquisa".
Entre os objetivos do CONECTI estão a inserção e utilização de dados dos principais sistemas nacionais de informação de pesquisa das instituições participantes, como as plataformas Sucupira, Lattes, OasisBR, a Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e CONFAP-CRIS.
O consórcio pretende ainda acelerar a geração e oferta de dados com qualidade e facilitar o estabelecimento de novos acordos e parcerias internacionais. Também vai dar mais visibilidade à capacidade de descoberta dos agentes produtores e promotores de ciência nacionais.
ORCID fornece identificador único para pesquisadores
Algumas ações do CONECTI já estão em andamento, como o projeto de semântica para padronização dos dados e o uso do ORCID, um identificador persistente para pesquisadores, que garante o correto reconhecimento do nome da pessoa com os seus produtos. O ORCID já está disponível nos sistemas de submissão de artigos da SciELO, nos sistemas de acesso à CAPES, e LATTES, do CNPq.
Marilis Dallarmi Miguel, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR), lembra que com todos os dados interligados por meio das plataformas vai diminuir o custo e o tempo de trabalho para o registro da informação. Ela destaca que esse registro "vai dar um panorama para o País sobre as pesquisas e onde estão sendo investidos os recursos, tanto do ponto de vista econômico, como científico".
A intenção é que todos os pesquisadores se cadastrem para obter um código numérico único, que vai distingui-lo, por meio da integração de dados. Sempre que cadastrarem uma publicação, solicitarem subsídios ou usarem suas identificações em qualquer fluxo de trabalho, automaticamente estes serão ligados aos seus cadastros, evitando problemas comuns como homônimos ou erros de identificação.
A professora Cristiane Mello, da Universidade Estadual do Ceará (UECE), já usa o cadastro ORCID e aprova essa conexão entre as plataformas. Para ela, o registro será quase que obrigatório, já que "para compilar as informações, os programas de pós-graduação vão ter que aderir ao sistema, para que facilite toda a gestão do próprio curso".
Para se cadastrar, é preciso acessar o site orcid.org e fazer um registro, adicionando todas as informações profissionais. Em seguida, faz-se um link para os outros identificadores, como Scopus e LinkedIn. A partir de então, é só usar o ORCID sempre que acessar plataformas de pesquisa.
O professor Arthur de Sá Ferreira, do Centro Universitário Augusto Motta (UniSUAM), do Rio de Janeiro, conta que fez seu cadastro quando teve sua primeira publicação internacional e usa o sistema com frequência para mapear e monitorar as publicações cadastradas no seu registro. Quanto aos benefícios do uso do ORCID, o professor mencionou que "facilita porque registra tudo numa base só, tem alcance internacional, é de fácil compartilhamento por link e gratuito".
Clara Guerra Duarte, professora da Fundação Ezequiel Dias (Funed), de Minas Gerais, diz que sua instituição está com a ideia de fazer um treinamento para os professores, mas não só. Também pensa que será interessante "para nossos discentes de mestrado e graduação, porque é um identificador que vai acompanhá-los por toda a carreira científica". Ela lembrou que para os programas de pós-graduação, o ORCID facilita inclusive as avaliações.
Dirigentes destacam ganhos de eficiência e economia
O CONECTI oferecerá oportunidades de ganhos significativos de eficiência e economia de esforços à comunidade científica. Também possibilitará que as instituições disponham de informações abrangentes que as ajudem a gerir melhor suas atividades e recursos de ensino e pesquisa. Outro avanço é permitir o compartilhamento de boas práticas e estratégias. Essas são as principais expectativas dos dirigentes das seis instituições parceiras em relação à implantação do consórcio, que pretende dar mais reconhecimento e visibilidade à pesquisa brasileira.
"Há benefícios em tempo e divulgação das pesquisas. Para a sociedade em geral, o consórcio representa acesso a mais conhecimento, melhor transparência na prestação de contas e maior visibilidade internacional para o País", destaca Anderson Correia, presidente da CAPES. "A expectativa é de que tenhamos um sistema de informação de financiamento de pesquisa que integre dados das agências de fomento", acrescenta Cecília Leite, diretora do IBICT.
Para João Luiz Filgueiras de Azevedo, presidente do CNPq, o consórcio é uma excelente oportunidade para uma atuação mais inteligente das agências de fomento brasileiras, com mais racionalidade e economicidade. Ele enfatiza que, como há diversas instituições que financiam pesquisas em nível federal e estadual, além de empresas, o CONECTI ampliará as cooperações em favor da diminuição da burocracia e fragmentação a partir do uso dos mais diversos identificadores de pessoas, instituições, projetos de pesquisa e produções científicas e tecnológicas, fornecendo melhores serviços aos pesquisadores.
A racionalização de recursos também é um dos principais fatores de relevância do CONECTI, na visão de Evaldo Ferreira Vilela, presidente do Confap. "Esperamos que a integração de conteúdo das instituições que participam do consócio promova uma racionalização de recursos e esforços, dando mais agilidade e qualidade aos processos de seleção e avaliação das políticas de fomento", ressalta.
Vilela acrescenta que, com informações integradas, é possível consolidar os resultados gerados pelas pesquisas e inovações tecnológicas e demonstrar a importância deste setor para o desenvolvimento do País. "A maior transparência das informações é outro resultado que poderá trazer grande impacto na forma como se faz gestão do sistema de ciência, tecnologia e inovação, não apenas por demonstrar onde o recurso está sendo aplicado, mas também pelos benefícios que trará para a comunidade científica, uma vez que tornará mais claro o que está sendo desenvolvido por outros pesquisadores e qual a estrutura disponível para realização das pesquisas", afirma.
Ao integrar os principais agentes promotores da ciência brasileira, o consórcio permitirá, na avaliação de Nelson Simões, diretor da RNP, otimizar a gestão de dados da pesquisa e de pesquisadores. "Reduziremos o tempo de registro atualmente realizado em múltiplas fontes, com a melhoria da qualidade dos dados disponíveis e garantindo a geração de conhecimento da Ciência no país de forma mais sistêmica, para melhor subsidiar políticas públicas". Para Abel Packer, diretor da SciELO, o CONECTI "contribuirá para o melhoramento das capacidades e infraestruturas em gestão de informação e comunicação científica que se traduzirá em maior reconhecimento e visibilidade da pesquisa do Brasil".
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