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InfoCAPES: Edição 10 - Agosto/2019
Parcerias envolvem 450 projetos de pesquisa
Há 41 anos nascia a primeira cooperação internacional da CAPES. Da ação com a França, em 1978, à mais recente parceria, em 2018, com a Alemanha, pela Universidade de Tübingen, já se somam centenas de acordos firmados com diversos países e instituições estrangeiras. Atualmente, a Diretoria de Relações Internacionais tem 77 acordos, dos quais 37 estão com projetos ativos, com mais 1,3 mil pesquisadores participantes do Brasil e de outros países em cerca de 450 diferentes projetos de pesquisa. Em julho se encerraram as inscrições para o
Cofecub
e o
Probal
. Ainda estão abertos o
Brafitec
,
Purdue
e
ETA/Fulbright
.
A cooperação internacional tem tido um papel relevante no desenvolvimento da pesquisa, do ensino e da inovação na pós-graduação. "O Brasil tem passado por um processo de internacionalização nos últimos anos de forma bem avançada com o envolvimento de todas as instituições de nível superior e seus cursos de pós-graduação", argumenta Andrea Vieira, coordenadora-geral de Programas da Diretoria de Relações Internacionais da CAPES.
Atualmente, a CAPES desenvolve projetos para que as instituições planejem de forma estratégica a internacionalização, para que as cooperações não sejam apenas uma mobilidade de alunos e professores entre países.
Segundo a coordenadora, "essa iniciativa vai ajudar as universidades a identificar a sua vocação para atuarem em acordos específicos e mais produtivos para o desenvolvimento da ciência". Andrea fala também, no vídeo abaixo, do esforço da CAPES para executar as cooperações internacionais.
As cooperações se somam ao Programa Institucional de Internacionalização (
CAPES-PrInt
) que, em 05 de maio de 2018, iniciou a execução dos projetos – que serão desenvolvidos ao longo de quatro anos – nas 36 instituições de ensino e pesquisa selecionadas nesta primeira edição. Para além da mobilidade de professores e alunos, o PrInt busca promover a internacionalização estratégica das instituições.
O Programa vem para estimular a formação de redes de pesquisas internacionais, ampliar ações de apoio à internacionalização na pós-graduação e aprimorar a qualidade da produção acadêmica deste segmento. Além disso, pretende facilitar a construção, a implementação e a consolidação de planos estratégicos de internacionalização das instituições selecionadas nas áreas do conhecimento por elas priorizadas.
Nas matérias a seguir, o InfoCAPES traz exemplos de cooperações internacionais. Mostra a mais antiga parceria, com a França no Cofecub, e a maior delas, com a Alemanha, no Probral. Com as instituições, aborda a relação com a Fulbright. O boletim trata também do programa que traz alunos e professores para desenvolverem pesquisas nas universidades brasileiras.
Cooperação mais antiga da CAPES completa 41 anos
Em 1909, Carlos Chagas descobria o Trypanosoma cruzi, parasita causador de uma doença que hoje leva seu nome, a Doença de Chagas. Transmitida pelas fezes do barbeiro, a enfermidade causa febre, dor de cabeça, inchaço no rosto e pernas, fraqueza intensa e até problemas cardíacos e digestivos, podendo levar seu portador à morte. Durante a década de 1970, o Brasil teve um surto da doença, controlado mais tarde com medidas de vigilância epidemiológica.
As pesquisas são fundamentais para a compreensão e o tratamento da doença desde que Carlos Chagas descobriu o parasita, o vetor e os sintomas. Na Universidade de Brasília (UnB), um trabalho feito em conjunto com universidades francesas pelo Programa CAPES/Cofecub estuda a ação do Trypanosoma cruzi no organismo.
Jaime Santana, coordenador brasileiro da pesquisa, começou a estudar o parasita durante seu doutorado na França, em 1991. Quase 30 anos depois, ele é responsável por orientar doutorandos e gerir o andamento dos trabalhos. O questionamento principal do projeto é sobre o que permite que os hospedeiros infectem uma célula, se desenvolvam e causem a doença.
O parasita degrada o colágeno e infecta as células. Os pesquisadores descobriram a estrutura de uma proteína do Trypanosoma cruzi e desenvolveram inibidores. "Nós desenvolvemos inibidores dessa proteína, que se ligam com ela e não a deixam funcionar. Quando jogamos esses inibidores com o Tripanosoma cruzi e depois colocamos nas células para infectar, ele não infecta mais. É uma possibilidade boa de aprendizado para uma droga que possa vir a ser usada para combater essa doença", afirma Jaime Santana.
Até aqui, são 33 trabalhos publicados em revistas internacionais de alto nível, seis doutorados-sanduíche, dois duplos diplomas de doutorado (Brasil e França), cinco duplos diplomas de mestrado, além de cursos anuais para a pós-graduação, organizados pela equipe francesa, e um encontro científico internacional sobre patógeno-hospedeiro para 300 pesquisadores.
Esta é a segunda vez que o programa de pós-graduação em Biologia e Patologia Molecular da UnB participa do CAPES/Cofecub. A primeira foi em 2012. Ele é considerado um dos programas de excelência, com nota 6 na avaliação da CAPES.
A pesquisa sobre a Doença de Chagas é apenas um dos 83 projetos ativos no CAPES/Cofecub, que financia pesquisas conjuntas de excelência entre Brasil e França há 40 anos. O programa é a mais antiga parceria de cooperação acadêmica da Coordenação. Através dele as pesquisas de interesse para ambos os países recebem verba para custeio, missões de trabalho e cotas de bolsas divididas entre os dois países.
O Programa foi criado em outubro de 1978 para formar doutores de qualidade para a região Nordeste, enviando-os para intercâmbio na França. As universidades federais da Paraíba, Pernambuco, Ceará, Alagoas, Rio Grande do Norte e Bahia foram as primeiras beneficiadas. Em 1980, atendendo a demanda de outras instituições, o CAPES/Cofecub foi ampliado para todo o país. A parceria se moldou com o passar dos anos. Hoje, o financiamento é cruzado e pesquisadores dos dois países podem fazer missões de trabalho no Brasil e na França.
Olivier Giron, conselheiro de Cooperação e Ação Cultural adjunto da Embaixada da França, exalta a qualidade e quantidade de pós-graduandos formados. "Ao longo de quatro décadas, formamos quase 3.500 doutores, a maior parte brasileiros, dentro de 900 projetos de pesquisa comuns. É muito interessante que ao longo dos anos os laços desenvolveram-se e os projetos podem ser submetidos de novo. "
Aos poucos, diversas redes de pesquisa se estabeleceram, aspecto comemorado por Mauro Rabelo, diretor de Relações Internacionais da CAPES, que foca na longevidade da parceria. "A gente espera dar continuidade e comemorar os 50 anos, os 60 anos, porque, de fato, tem muita afinidade entre o Brasil e a França na linha acadêmica, no desenvolvimento de parcerias científicas e acadêmicas de formação de quadros, de formação de pesquisadores", disse.
Brasil é o segundo maior parceiro da Alemanha
O Programa de Cooperação Brasil e Alemanha (PROBRAL) é resultado da parceria criada em 1994, entre a CAPES e o Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), para a realização de projetos conjuntos de pesquisa, proporcionando o intercâmbio científico entre grupos vinculados a instituições de ensino superior e/ou pesquisa, dos dois países. Nesses 15 anos, foram apoiados 510 projetos. Nos últimos cinco editais, dos 101 projetos, mais de 60% foram da área de Ciências Exatas e da Terra, de engenharias e de biológicas.
O PROBRAL prevê a concessão de recursos para a realização de oito missões de trabalho, durante os quatro anos de vigência do projeto, além de bolsa de estudo nas modalidades doutorado-sanduíche, pós-doutorado, professor visitante júnior ou professor visitante sênior, incentivando a criação de redes de pesquisa.
Daniel Pedro Euler, mestre e doutor em Administração, foi bolsista PROBRAL e cursou doutorado-sanduíche, no Centro de Pesquisa Social (SFS), da Universidade Técnica de Dortmund, na Alemanha. Em sua tese, abordou as relações entre os atores nos processos de inovação. Durante a estada na Europa, focou na inovação social para verificar se existem diferenças entre as comunicações quando o fim é social, comparado às interações com finalidade especificamente econômica: "Estudar coinovação é como fazer com que diferentes atores realizem processos inovativos que gerem mudanças sociais de forma mais efetiva e produtiva", explicou.
Entre os benefícios recebidos na sua experiência fora do Brasil, Daniel Euler destacou que esse período lhe deu a oportunidade de estabelecer contato direto com um dos maiores pesquisadores mundiais da sua área, além de acesso à estrutura do centro de pesquisa – altamente equipado – e seus contatos.
Eufrânio Nunes da Silva Junior, mestre e doutor em Química, coordena um projeto PROBRAL na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele acredita que o Programa "ajuda na formação dos líderes que o Brasil precisa para avançar em projetos de suma importância para o contínuo desenvolvimento de áreas estratégicas no país".
O coordenador considera que a Alemanha é um país central em ciência e tecnologia, com um grande número de universidades de excelência científica. "O PROBRAL também propicia a nossos estudantes trabalhar em ambientes de alta qualidade científica e competitividade, acessando a infraestrutura de laboratórios altamente equipados, o que nos permite gerar resultados de melhor qualidade em um tempo menor", destacou. Sua equipe, hoje, conta com três alunos trabalhando naquele país.
O DAAD é uma das maiores agências de fomento do mundo para os programas acadêmicos de cooperação internacional. O Brasil é o segundo colocado em número de parcerias com a Alemanha, depois da França. Desde 1994, foram financiados 510 projetos conjuntos com intercâmbio de mais de 8 mil pesquisadores.
"O Probral é um programa fantástico, multifuncional, pois, além de sua relevância científica, oferece a jovens pesquisadores, geralmente doutorandos, a inserção em projetos internacionais que primam pela excelência das propostas selecionadas. Ele permite que se formem redes acadêmico-científicas que geram publicações conjuntas e posteriormente se desdobram em novos projetos de pesquisa, com frequência em patamares mais elevados e envolvendo maior número de pesquisadores", argumenta Martina Schulze, diretora do escritório regional do DAAD no Rio de Janeiro.
A maioria dos projetos financiados foi feita em conjunto com universidades alemãs que receberam recentemente o título de Universidades de Excelência. Entre elas, destacam-se a Universität München, a Universität Tübingen e a Technische Universität Dresden. O programa abrange todas as áreas de conhecimento.
Com a Fulbright, cinco programas em atividade
Cooperação CAPES-FULBRIGHT – a parceria com a Comissão para o Intercâmbio Educacional entre os Estados Unidos e o Brasil (Comissão Fulbright) existe desde 1984 e oferece mobilidade de brasileiros para os Estados Unidos e de estadunidenses para o Brasil, com o compartilhamento de esforços e benefícios. A Comissão facilita a administração dos programas educacionais a serem financiados por fundos disponibilizados pelos governos do Brasil e dos EUA.
Hoje, a Cooperação tem cinco Programas ativos: Programa CAPES/Fulbright de Doutorado Pleno nos EUA, Programa CAPES-FULBRIGHT - Master of Fine Arts (MFA), Programa Capes/Fulbright de English Teaching Assistant (ETA) para Projetos Institucionais, Programa de Desenvolvimento Profissional para Professores de Língua Inglesa (PDPI) e o Programa Brasil-Estados Unidos de Modernização da Educação Superior na Graduação (PMG).
Todos os programas oferecem bolsas individuais, nas modalidades de Assistente de Ensino Linguístico, Mestrado Profissional e Doutorado Pleno.
Brasil recebe pesquisadores de 59 países em programa de qualificação
O Programa de Estudantes Convênio de Pós-Graduação (PEC-PG) concede bolsas individuais, na modalidade doutorado pleno, a professores universitários, pesquisadores, profissionais e graduados do ensino superior dos países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém Acordo de Cooperação.
A fim de aumentar a qualificação dos estudantes, para que possam contribuir para o desenvolvimento do seu país, o Programa abrange acordos de cooperação educacional, cultural e de ciência e tecnologia.
Além da CAPES, o PEC-PG tem o gerenciamento do Ministério das Relações Exteriores (MRE) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Entre os participantes, estão 59 países da África, Ásia, Oceania, América Latina e Caribe.
Cada cooperação internacional leva tempo para se estruturar. Passo a passo, as redes de pesquisadores se consolidam e geram retornos práticos para a sociedade em cada linha de estudo. No programa de pós-graduação em Ecologia e Conservação da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), já são quase 20 anos de parceria.
As pesquisas sobre o Pantanal e o Cerrado atraem estudiosos de diversas partes do mundo. O programa faz monitoramento de animais, trabalha em políticas públicas e acompanha a evolução e interação do ecossistema no estado. Ao longo dos anos, agências de fomento regional e nacionais financiaram pesquisas sobre Ecologia e Conservação da Universidade. Hoje, o programa participa do CAPES/Cofecub e do PrInt, auxiliando na integração entre academia, sociedade e indústria.
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