Dra. Verônica Maria Ferreira
Área
Serviço Social
Tese
Apropriação do tempo de trabalho das mulheres nas políticas de saúde e reprodução social: uma análise de suas tendências
Orientadora
Ana Elizabete Fiuza Simões da Mota
Programa
Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da UFPE
Entrevista
Assistente Social formada pela Universidade Estadual do Ceará, tem mestrado em Políticas Públicas e Sociedade pela mesma instituição. Fez seu doutorado no programa de pós-graduação em Serviço Social oferecido pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Seu trabalho intitulado ‘Apropriação do Tempo de Trabalho das Mulheres nas Políticas de Saúde e Reprodução Social: uma análise de suas tendências” foi um dos vencedores do Prêmio CAPES de Tese 2018.
De onde surgiu o interesse em trabalhar com o tema da sua pesquisa?
O tema da minha tese, que é a questão do Estado, da divisão sexual do trabalho e da apropriação do tempo de trabalho não remunerado das mulheres, é uma questão que eu venho trabalhando desde a graduação. Já no final dos anos 90 eu participava de pesquisas sobre o trabalho das mulheres. Meu TCC foi sobre o trabalho em domicilio das mulheres nas indústrias de rede de dormir e a questão do trabalho das mulheres de uma perspectiva crítica feminista e marxista, que é minha perspectiva teórica e política. É o tema de trabalho da minha vida. O tema da tese saiu de uma conjunção da minha atuação profissional com a minha militância política feminista.
Qual o impacto social da sua tese?
O impacto social da minha tese é dado em dois níveis, no primeiro, do ponto de vista de produção e do conhecimento crítico sobre políticas sociais, no âmbito do serviço social, ao incorporar a questão das mulheres e da divisão sexual do trabalho como uma mediação justamente por conta das políticas sociais no capitalismo. Capitalismo esse que eu considero um capitalismo patriarcal. Traz para o serviço social, e para formação crítica no serviço social, um elemento ainda não suficientemente incorporado nas análises sobre o Estado e políticas sociais. De modo que seu impacto ocorre na profissão, na formação profissional e na produção do conhecimento, em primeira medida. No segundo ponto, o impacto social que tem a ver com visibilizar: há um elemento importante naturalizado invisibilizado na condução das políticas sociais e das políticas de saúde, em particular. O que eu investigo é a apropriação permanente do tempo de trabalho das mulheres e das mulheres não remuneradas nos cuidados na esfera da reprodução social doméstica, que é um elemento de sobrevivência das próprias políticas sociais no período de crise. Como estamos vivendo com a redução do orçamento público, com retração e apropriação do fundo público para outros tipos de investimento, do rebaixamento do orçamento nas políticas sociais, o que sustenta o orçamento, ainda que precário, e a reprodução da própria força de trabalho é o trabalho não remunerado das mulheres. Há uma injustiça e uma desigualdade que é estrutural, reproduzida pelas políticas sociais e que tem como consequência uma sobrecarga imensa e invisibilizada das mulheres nos setores mais populares da classe trabalhadora.
Como você se sente em receber o Prêmio CAPES?
Me sinto pessoalmente muito feliz pelo reconhecimento. Esse contentamento e essa satisfação vem de três dimensões: primeiro, por ser uma tese que trata de uma questão ainda marginal nas Ciências Sociais. O fato de ser uma tese produzida criticamente no programa de pós-graduação no nordeste do Brasil, visto que há uma desigualdade na valorização do conhecimento produzido na nossa região. Ter uma tese defendida no programa de pós-graduação de Serviço Social da Universidade de Pernambuco também me dá muito contentamento, por ser uma questão teórico-política. Ainda no âmbito do Serviço Social, é preciso ganhar mais relevância. E, por fim, por ser uma esse do Nordeste. Esses são os fatores que mais me deixam feliz com essa premiação.
Vídeo
(Brasília – Lucas Brandão para CCS/CAPES)
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