Dra. Heloise Lima Fernandes Agreli
Área
Enfermagem
Tese
Prática interprofissional colaborativa e clima do trabalho em equipe na Atenção Primária à Saúde
Orientadora
Marina Peduzzi
Coorientador
Christopher Bailey
Programa
Programa de Pós-Graduação em Gerenciamento em Enfermagem da USP
Entrevista
Formada em Enfermagem pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), fez especialização em Gestão de Serviços do Sistema Único de Saúde (Fiocruz) e em Saúde da Família (Unifesp). É mestre em Ciências da Saúde pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora em Ciências da Saúde com orientação do Departamento de Orientação Profissional (Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo) e co-orientação do Centre for Innovation and Leadership in Health Sciences, University of Southampton (Reino Unido). Sua tese “Prática interprofissional colaborativa e clima do trabalho em equipe na Atenção Primária à Saúde” foi uma das vencedoras do Prêmio CAPES de Tese 2018.
De onde surgiu o interesse em trabalhar com o tema da sua tese?
O doutorado foi a forma que encontrei para responder às inquietações do meu cotidiano como gerente de Unidade Básica de Saúde, da Estratégia Saúde da Família: o que tornava as equipes mais efetivas? Como aprimorar a colaboração interprofissional nas equipes e entre equipes? Essas eram algumas das minhas inquietações. Na Estratégia Saúde da Família, o seguimento no serviço de saúde se dá pela equipe e não por profissional especifico. Os membros de uma equipe precisam trabalhar de forma efetiva para que o cuidado em saúde honre com o principio básico da integralidade. Diariamente eu notava que, na mesma instituição, com a mesma liderança e recursos semelhantes, as equipes apresentavam indicadores muito diferentes em termos de resolutividade e produtividade. Eu fiquei interessada em compreender que aspectos poderiam explicar as diferenças entre as equipes. Me incomodava muito a forte fragmentação que observava entre as ações executadas por profissionais das diferentes áreas. Notava que a inexistência de colaboração interprofissional gerava um impacto muito negativo no cuidado: os usuários dos serviços de saúde frequentemente “se perdiam” entre recomendações do enfermeiro, do medico especialista, do generalista, do psicólogo, da assistente social, etc. Queria estudar uma forma de aprimorar a colaboração entre os profissionais e entre equipes.
Como foi o processo de formulação da tese?
Acredito que o primeiro passo foi compreender como o problema, que eu observava na prática, estava sendo discutido na literatura internacional e nacional. Portanto, a tese começou a ser formulada a partir de uma revisão de literatura. Foi fundamental minha participação no grupo de pesquisa, onde pude identificar áreas de interface entre meu estudo e o dos colegas. No grupo de pesquisa fui apresentada ao Team Climate Inventory e comecei a ler mais sobre o clima do trabalho em equipe, que por fim adotamos como um dos referenciais para a tese.
Durante o doutorado-sanduiche, na Inglaterra, pude aprimorar o protocolo de pesquisa, refinar a metodologia e discutir pessoalmente com autores renomados na temática do trabalho em equipe e colaboração interprofissional. A participação em eventos de pesquisa também influenciou positivamente a formulação da tese. Mas, sem dúvida, a coleta e a análise de dados nas Unidades Básicas de Saúde foi a etapa mais desafiadora e gratificante.
Qual o impacto social da sua pesquisa?
De maneira geral, acredito que a tese contribui para o conhecimento sobre as formas de organizar o trabalho em saúde. Descrevemos na tese condições para que a colaboração interprofissional ocorra, as formas como se apresenta e suas consequências na assistência a saúde. Propomos um modelo teórico que contribui para melhor compreensão do trabalho em equipe e colaboração interprofissional na atenção primária à saúde. Os resultados da tese podem auxiliar no planejamento de ações que promovam o trabalho colaborativo. Acredito que, ao descrevermos as implicações para prática, ajudamos a nortear a tomada de decisões na Atenção Primaria à Saúde, em prol do trabalho em equipe efetivo e colaborativo.
O que representa receber o Prêmio CAPES de tese?
Representa alegria, esperança e visibilidade. Alegria porque materializa minha gratidão a todos que me apoiaram durante o doutorado. A minha tese foi elaborada com apoio de muitos. Claro, a tese é fruto de muita dedicação minha, mas também de muita atenção da minha orientadora e co-orientador, do apoio da família, das bolsas CAPES e CNPq, dos auxílios para participação em eventos, do grupo de pesquisa e do suporte emocional dos amigos. Não conseguiria sem eles. O Prêmio CAPES significa também a esperança no incentivo ao desenvolvimento cientifico no Brasil. Por fim, representa maior disseminação da minha pesquisa e visibilidade para a temática do trabalho interprofissional, um tema essencial para melhoria da qualidade da assistência em saúde.
Vídeo
(Brasília – Lucas Brandão para CCS/CAPES)
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