Dra. Fernanda Alt Fróes Garcia Spitz
Área
Filosofia
Tese
A Hantologie de Sartre sobre a espectrakidade em o ser e o nada.
Orientadores
Marcos André Gleizer e Renaud Barbaras
Programa
Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UERJ
Entrevista
Formada em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), fez mestrado em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e doutorado em Filosofia na mesma instituição,com cotutela da Universidade Paris 1 Panthéon-Sorbonne. Sua tese “A hantologie de Sartre sobre a espectralidade em o ser e o nada”, foi uma das teses premiadas.
De onde surgiu o interesse pelo tema da tese?
No final da minha graduação em psicologia, comecei a entrar em contato com a filosofia do Sartre, inicialmente as críticas que ele fazia a certo modelo de psicologia e a fenomenologia me interessava cada vez mais. Aos poucos fui caminhando em direção à filosofia, principalmente a de Sartre, e trabalhando como psicóloga, mas também começando a entender as críticas dele na prática. Eu trabalhei como psicóloga clínica e em hospitais, através dessas práticas fui repensando a psicologia. Já no mestrado, que fiz na área da Psicologia Social, foi o momento em que me interessei mais pelo trabalho literário e teatral de Sartre. Nessa época eu estudei as peças Sartrianas, os contos e os romances como forma de uma crítica social, com os personagens que Sartre colocava em cena como personagens bastardos, que eram aqueles que não tinham lugar em certa arrumação social. Então, essa pesquisa do mestrado juntava psicologia, literatura, pensamento crítico e filosofia de Sartre. Aos poucos fui sentindo a necessidade de me aproximar dos conselhos filosóficos com os quais eu já estava trabalhando em Sartre, mas de outra maneira: eu já comecei com a vontade de fazer uma leitura diferente, uma leitura atual do pensamento do Sartre. Nessa época eu ainda estava no inicio desse caminho, que foi o que eu consegui realmente aprofundar e me dedicar na tese.
E quais são os próximos passos?
Tenho planos de publicar a tese em forma de livro na França e no Brasil. Descobri também, pelo meu orientador francês, que há a possiblidade de publicar lá. Eu estou trabalhando na tradução. Como ela é uma tese com tutela, o texto está em português e todas as citações estão em francês. Fiz muitos contatos no período que estive na França, participei ativamente dos grupos de estudos Sartrianos que se reúnem todo ano na Sorbonne. Eu acredito que essa publicação vai ser essencial para divulgar esse trabalho e para publicar mais artigos também.
Qual o impacto social da sua tese?
Pelo pensamento de Sartre é possível pensar nas relações sociais e de que modo alguns personagens são legitimados e outros, excluídos. No caso da filosofia dele, trabalhei pela figura do bastardo, que seria alguém que possui um lugar de ilegitimidade, que não tem um reconhecimento como tendo uma importância social. Na medida em que Sartre privilegia esses personagens sem lugar, de uma arrumação coletiva, ele aponta de que modo essas arrumações são normativas e dominantes. Foi uma outra forma de mostrar como essa literatura engajada podia ser interessante para pensar os papéis que a gente ocupa na sociedade e de que modo algumas pessoas se tornam invisíveis por essa arrumação social.
O que representa receber o prêmio CAPES de tese?
Foi uma satisfação muito grande. Eu fique muito feliz de receber o prêmio, porque eu me dediquei muito e tive a intenção de propor algo novo, de fazer a releitura de uma filosofia que há muito tempo vinha sendo dita como fora de moda. Ninguém mais estudava esse autor. Fui muito desencorajada ao longo da minha trajetória, conforme fui mudando da psicologia para a filosofia do Sartre. Minha intenção era fazer um trabalho novo, que eu sentia que era possível fazer e que precisava ser feito. Senti, arrisquei e vejo que consegui fazer aquilo que desejava. Então, receber o prêmio foi um reconhecimento. Foi com muita satisfação e alegria que eu recebi esse prêmio.
Vídeo
(Brasília – Jessica Xavier para CCS/CAPES)
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