Dr. Luiz Ricardo da Costa Vasconcellos
Área
Ciências Biológicas III
Tese
Agregação de proteínas induzida pelo estresse oxidativo promovido pelo Heme
Orientador
Leonardo Holanda Travassos Correa
Coorientador
Marcelo Torres Bozza
Programa
Programa de Pós-Graduação em Imunologia e Inflamação da UFRJ
Entrevista
Graduado em Imunologia e Microbiologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez mestrado em microbiologia e doutorado em imunologia pela mesma instituição. Sua tese “Agregação de proteínas induzida pelo estresse oxidativo promovido pelo Heme” foi uma das escolhidas para receber o Prêmio CAPES de Tese 2018.
De onde surgiu o interesse em trabalhar com o tema da sua pesquisa?
Quando sai do mestrado para o doutorado, eu tinha uma linha de pesquisa que trabalhava com imunologia de insetos. Mas, na realidade, foi o primeiro trabalho do grupo em questão. Na época eu trabalhava com imunologia. O grupo não tinha expertise na área e eu fui me interessando pelo assunto. Já havia tido aula com o professor Marcelo Bozza, que foi um dos meus orientadores. Já conhecia as linhas de pesquisa dele e com isso me aprofundei na área. Na época o Bozza estava iniciando o segundo ano da pós-graduação em Imunologia e Informação. Ele me falou sobre a pós-graduação. Me interessei muito: era uma área em que eu queria me especializar.
Do que se trata a sua pesquisa?
Em doenças hemolíticas e doenças hemorrágicas o que acontece é o rompimento da célula vermelha. As células vermelhas do sangue são as principais células que fazem o transporte de oxigênio para os tecidos. O que acontece em uma doença hemolítica é que essas células do sangue se rompem liberando o que tem no seu interior de forma patológica. Normalmente elas estão integras, só que em algumas doenças, como a dengue, doenças hemorrágicas e algumas doenças que são infecciosas, ocorre esse rompimento. O nosso grupo estuda qual é a importância dos constituintes dessas células vermelhas, que são importantes para os efeitos dessas doenças. Um desses constituintes é um grupamento prostético de uma proteína que é o heme. Isso é o que a gente utiliza para ver os efeitos. Então nós tentamos entender quais eram os mecanismos desencadeadores, por essas moléculas de dentro das células vermelhas, que eram capazes de induzir dano em diferentes doenças. No nosso caso, utilizamos um sistema celular. Saímos do macro para o micro para demonstrar o mecanismo de indução do dano celular através desses constituintes.
Qual foi o resultado de tudo isso?
Usamos um modelo de cultura de célula e um desses componentes da célula sanguínea para mostrar se existia dano. Mostramos que, sim, existe dano, e que o mecanismo de autofagia, que é um mecanismo de limpeza da própria célula, leva a homeostasia. Vimos que esse mecanismo celular, que é a autofagia, é importante para a resolução da resposta e, possivelmente, seja uma forma de, no futuro, se fazer uma terapia para doenças hemolíticas. Sendo assim, começamos a propor uma possível terapia para esse tipo de doença.
Qual o impacto social da sua pesquisa?
Obviamente ela ainda é uma pesquisa básica, mas em longo prazo, estudando, descrevendo e caracterizando, de uma forma mais pontual, quais são os mecanismos que desenvolvem a neurodegeneração a gente vai poder fazer os ensaios pré-clínicos para saber se algum tratamento pode reverter os efeitos da neurodegeneração induzida pelos constituintes da célula vermelha. A nossa ideia é que o impacto direto seja o reconhecimento de uma nova terapia. Hoje em dia, as doenças hemorrágicas cerebrais, por exemplo, não têm terapia. Espero conseguir caracterizar e descrever uma terapia que tenha eficácia, futuramente.
O que representa receber o Prêmio CAPES?
Receber o Prêmio CAPES representa bastante. Fui formado desde a graduação na UFRJ, até o mestrado e doutorado pela mesma instituição, sempre financiado pelo incentivo público. Vejo o recebimento desse Prêmio com muita honraria, porque eu sinto que fiz por onde. O incentivo público esperava de mim algo no sentido de fazer um bom trabalho e eu me sinto reconhecido por receber o Prêmio e de ter feito um bom trabalho com o incentivo que me foi dado, coisa que eu não poderia ter feito, eu não teria condições de fazer se não fosse através do incentivo público.
Vídeo
(Brasília – Lucas Brandão para CCS/CAPES)
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