Dr. José de Ribamar da Silva Nunes
Área
Zootecnia/Recursos Pesqueiros
Tese
SNP discovery, high-density genetic map construction, and identification of genes associated with climate adaptation, and lack of intermuscular bone in tambaqui (Colossoma macropomum)
Orientador
Luiz Lehmann Coutinho
Programa
Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal e Pastagens da USP/ESALQ
Entrevista
Graduado em Zootecnia pela Universidade Federal do Amazonas UFAM), e professor na mesma instituição, se especializou em biotecnologia em 2013. Na interseção entre as áreas está a tese premiada na área de Ciência Animal e Pastagens, defendida na Universidade de São Paulo (USP): Descoberta de SNP, construção de mapa genético de alta densidade e identificação de genes associados com adaptação climática e ausência da espinha intermuscular em tambaqui (Colossoma macropomum). Bolsista da CAPES durante o estágio na Auburn University, Ele nos conta como conseguiu mapear mutações do tambaqui, um dos peixes mais populares no Brasil.
De que trata sua tese?
É um mapeamento de mutações genéticas do tambaqui. Usamos uma técnica recente para rastrear dois tipos de mutação: uma delas causa a falta de um tipo de espinha chamado miocepto, em forma de Y, que pode causar engasgamento. Uma população desse tambaqui foi descoberta em São Paulo, não foi um peixe modificado. Outra mutação favorece a adaptação do peixe a mudanças climáticas como o aquecimento global, que causa redução de oxigênio na água.
Como surgiu a ideia do projeto?
Começou no mestrado. Meu orientador apresentou uma técnica recente de mapeamento de mutações genéticas e eu queria pesquisar algo que tivesse a ver com o contexto regional da Amazônia. O tambaqui se mostrou um tema interessante, pois é a principal espécie de peixe consumida na região, e uma das mais difundidas no Brasil. Sobre ele havia poucos estudos nesse sentido. Avançamos tanto que migrei do mestrado para o doutorado diretamente.
Sua pesquisa rendeu publicações?
Sim, publicamos uma parte da descoberta na revista Scientific Reports em 2017, apresentando a aplicação da técnica da genotipagem por sequenciamento (GBS, em inglês) no estudo do tambaqui.
Qual é o Impacto social da pesquisa?
Foram lançadas as bases para o melhoramento da espécie, o que pode melhorar a produtividade. Ao entender essas duas mutações, abrimos caminho para o desenvolvimento de tipos de tambaqui resistentes a mudanças climáticas, o que promete manter a oferta de peixe em situações de baixo oxigênio na água. Também importante é a possibilidade de se produzir um peixe sem aquela espinha que mencionei. O processo de removê-la provoca perda de carne. E um peixe com menos espinha reduz o número de engasgamentos, que é um problema de saúde pública.
O que significa o Prêmio?
Fiquei surpreso. A pesquisa começou simples e foi crescendo. Contamos com a ajuda do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e da Universidade de Mogi das Cruzes. O prêmio trouxe um destaque para nosso campus, localizado em Benjamin Constant, fronteira com Colômbia e Peru. A partir dos resultados, vamos tentar aplicar a técnica GBS para estudar espécies ornamentais que são alvo de contrabando na nossa região.
(Brasília – Lucas Santana para CCS/CAPES)
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